Tainha de 7 kg é mentira de pescador? Especialista explica!

Foto compartilhada mostra uma tainha com 7 kg | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Por: OCP News Florianópolis

07/06/2024 - 07:06

Tainha de 7 quilos é verdade ou conversa de pescador? Uma foto compartilhada nesta semana mostra uma tainha com este peso, capturada na Praia do Camacho, em Jaguaruna, Litoral Sul de SC. O fato é que o tamanho do peixe pescado este ano tem chamado a atenção. Não raro são as cenas de pescadores mostrando as capturas bem gradas.

Especialistas têm estudado o fato. Confirme o doutor em Aquicultura Caio Magnotti, supervisor do laboratório de Piscicultura Marinha da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em entrevista ao Portal G1, algumas tainhas pescadas nesta temporada estão realmente maiores.

Na avaliação dele, há duas possíveis explicações para o caso: o impacto das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, e que também foram registradas na Argentina e no Uruguai; e o impacto das cotas de pesca instituídas em 2018 (leia mais sobre os tópicos abaixo).

A costa gaúcha e os países vizinhos são os locais de onde costumam vir as tainhas que, entre maio e julho, chegam às águas mais quentes do litoral catarinense para reprodução. As fortes chuvas nessas regiões, de acordo com Caio Magnotti, provocaram uma mudança abrupta no ambiente em que os peixes viviam.

“Do dia para a noite, a água ficou totalmente doce. Era transparente, límpida, inverteu completamente porque veio muito sedimento, terra, barro, areia, esgoto doméstico, fora o volume de água. A saída de maré era extremamente forte, tudo que estava na região era levado à força para o mar”, explica o doutor em Aquicultura. Caio Magnotti.

A outra possível explicação para o fenômeno, diz o especialista, é um impacto das cotas de pesca instituídas em 2018. A medida limita a quantidades de captura de tainha para a pesca industrial e artesanal com embarcações que usam rede de emalhe anilhado. Esta semana, o Ministério de Pesca e Aquicultura anunciou o encerramento da pesca artesanal por conta de já ter atingido 90% da cota.

“A cota é feita para isso, para que ela possa desovar várias vezes, e teoricamente você possa ter um número maior e também peixes maiores”, explica.

Ele acrescenta que cardumes nascidos nos anos da pandemia, sobretudo entre 2020 e 2021,

O professor explica que a espécie de tainha que é encontrada no Sul vem da Argentina, do Uruguai, da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, e de vários rios e riachos que existem na região costeira, inclusive no litoral de Santa Catarina.

“Normalmente os peixes maiores passam no meio de junho, final de junho, começo de julho, porque são peixes que teoricamente vêm de mais longe, da Argentina. Então, a gente tem essa diferença dos “lotes” de peixe. E agora não, agora parece que veio tudo junto, peixe muito grande, muito peixe junto”, contextualiza.

 

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