Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Sons do Femusc começam a ressoar em uma semana

Fotos: Piero Regazzi

Por: Elissandro Sutil

18/01/2017 - 16:01

Há 12 anos, Jaraguá do Sul ganha um encanto a mais em sua rotina diária entre janeiro e fevereiro. Em busca de aperfeiçoamento musical, instrumentistas de diferentes países chegam para participar do Femusc (Festival de Música de Santa Catarina). A uma semana do começo de mais uma edição, o jornal O Correio do Povo traz com exclusividade uma entrevista com o diretor-artístico do festival, Alex Klein.

O maestro e oboísta revelou detalhes da programação, que precisou ser reduzida devido à queda de recursos destinados ao evento. O período de duração do festival diminuiu em quatro dias, assim como a equipe de professores envolvidos. Entretanto, Alex garante a qualidade e densidade nos concertos e nos programas oferecidos aos mais de 300 inscritos.

Através das apresentações diárias, o Femusc continua oferecendo ao público, gratuitamente, formações únicas que unem professores e alunos nos palcos do Centro Cultural Scar. Também são realizados concertos sociais em diversas cidades do Norte de Santa Catarina.

Serão 163 participantes brasileiros, sendo 30 alunos de Santa Catarina. No topo da lista estão os paulistas, com 55 participantes aceitos. O segundo maior contingente virá da Colômbia, país seguido de perto pelo Chile e pela Argentina. Jaraguá do Sul ainda recebe estudantes da Austrália, Reino Unido, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Holanda, Honduras, México, Paraguai, Peru e Venezuela. O Femusc 2017 inicia na próxima quinta-feira (26) e se estende até o dia 4 de fevereiro.

2015-09-18 - Alex Klein - piero ragazzi (51)

Para essa edição do Femusc, o número de vagas foi reduzido e alguns programas foram suspensos em virtude das dificuldades econômicas. O período de duração do festival também diminuiu. Como vieram essas adequações nos eventos?

O Femusc, constantemente, ajusta-se a condições econômicas e oportunidades pedagógicas. Nos últimos 12 anos, nós cancelamos ou substituímos diversos projetos pedagógicos em virtude da importância e utilidade nos festivais seguintes, como a Conferência de Educação Musical, Conferência e Concurso de Harpa, entre outros. A economia do Brasil passa por um momento delicado e, naturalmente, faremos ajustes aos custos do Femusc de modo a não inviabilizar o evento. Reduzimos o número de alunos assim como o número de dias do festival, porém a densidade de concertos segue constante, com as principais séries de concertos na Scar programadas normalmente. O número de professores também foi reduzido.

O que o público e os jovens inscritos podem esperar de novidade?

As grandes novidades artísticas são as duas óperas que serão encenadas, assim como a Sinfonia número 2 de Gustav Mahler para grande orquestra e coral, mais duas solistas – a soprano Annelise Cavalcanti e a mezzo-soprano professora Ana Hasler. As óperas são “A Flauta Mágica” de Mozart, programada para o dia 3 de fevereiro, às 20h30 no Grande Teatro, e “The Turn of the Screw” de Benjamin Britten, programada para o dia 2 de fevereiro, às 19h, na série Momento Springmann, no Pequeno Teatro. O já lendário Leon Spierer retorna ao Femusc para liderar a Orquestra Sem Maestro nas Aberturas “Festival Acadêmico”, de Brahms, e “Barbeiro de Sevilha”, de Rossini.

Quais serão os principais atrativos? Há alguma atração que já possa ser confirmada?

Na abertura, teremos um espetáculo de virtuosismo que reflete o meu susto anual com as audições. Quero dividir com o público, para que conheçam as obras que esses alunos enviaram nas inscrições. Além da abertura inovadora, que terá outras grandes surpresas, em 2017, o Femusc assistirá às apresentações de grandes obras. Em homenagem ao aniversário do compositor austríaco (Mozart), ainda haverá um concerto especial no dia 27 de janeiro.

Qual será o investimento aplicado no evento esse ano e como a organização pretende equilibrar os custos? Há uma estimativa do valor destinado para cada área?

Cerca de R$ 2 milhões foram captados para viabilizar o Femusc 2017. Todo o planejamento do evento é minuciosamente calculado e aprovado com antecipação pelo Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet, e passa por cuidadosa verificação pela nossa excelente diretoria do Instituto Femusc, um verdadeiro “quem é quem” das mais importantes personalidades do setor empresarial de Jaraguá do Sul. Os gastos são distribuídos de acordo com as prioridades do evento e não está prevista a eliminação de nenhum serviço provido a professores, alunos ou público. Ao contrário, neste ano, pela primeira vez teremos um evento com intervalo (a ópera “A Flauta Mágica”) oferecendo, assim, um espetáculo mais emocionante e complexo ao nosso público. Também pela primeira vez, teremos a promoção de eventos online contendo fotos e currículos dos solistas participantes, bem como resumos e informações sobre as duas óperas. Com esse passo, abrimos a possibilidade para ainda maior interação futura entre público e participantes através de informações contidas no site do Femusc.

O Canto Lírico e o programa Quarteto de Cordas foram destaques nessas inscrições, a qual fator o senhor credita essa grande procura?

O Programa de Quartetos de Cordas foi uma aposta difícil e cara para o Femusc, pois é um programa inexistente em outros festivais, mas que tem imensa importância para o desenvolvimento das artes musicais e fortalecimento do mercado de trabalho. Hoje, ele conta com três vezes mais inscrições do que vagas disponíveis. Algo semelhante ocorre no Programa de Canto Lírico, no entanto, este não é novidade entre outros festivais do ramo. A novidade do Femusc é a intensa participação dos alunos no desenvolvimento do programa, incluindo importantes funções na produção das óperas que oferecem experiência incomparável aos nossos participantes. Sendo assim, tivemos mais de 120 inscrições para as 30 vagas disponíveis para Canto Lírico.

2015-09-18 - Alex Klein - piero ragazzi (79)

 

Quais são os pontos positivos da metodologia de ensino do Femusc para quem busca aperfeiçoar suas habilidades musicais?

Uma das principais dificuldades do jovem músico é o acesso à informação, contatos e ambiente musical comparável ao que seus colegas de “primeiro mundo” obtêm. O Femusc permite essa interação de várias formas, com professores representando grandes orquestras e conservatórios de música internacionais, intensa programação de classes e ensaios e repertórios orquestrais dignos de orquestras profissionais. Muitos desses professores vêm ao Femusc já sabendo que ali encontrarão grandes talentos e, nos 12 anos de existência do festival, tivemos dezenas de alunos agraciados com bolsas de estudo para o exterior.

Cada vez mais alunos de diferentes países pelo mundo se inscrevem no Femusc, esse é um dos reflexos da qualidade e sucesso do festival?

Há uma sede de conexão nessa geração de jovens e o Femusc promove uma possibilidade de conhecimento e imersão multicultural única para eles. É importante lembrar que o Femusc nunca investiu na promoção das inscrições via propagandas, impressão de cartazes ou contato direto com escolas. Todo o interesse de alunos de mais de 40 países e que chegam a 1,3 mil inscrições anuais é alcançado diretamente pelos próprios jovens, ouvindo a opinião positiva de colegas que já estiveram no evento ou que vêm a Jaraguá do Sul em busca de um professor específico que somente é encontrado no Femusc. O fato de essa divulgação informal atingir jovens de tantos países ao redor do planeta indica a importância e investimento pessoal que esta geração coloca nas melhores oportunidades de unir seus esforços em um projeto em comum.

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP