De olho nas alternativas que ajudam a aumentar a eficiência do trabalho no campo, o corupaense Ricardo Wulff resolveu adotar, no início deste ano, a Nota Fiscal Eletrônica para Produtor Rural (NFP-e). Responsável por administrar junto com o sogro, José Carlos Packer, quase 300 mil pés de banana, Wulff viu na ferramenta a possibilidade de ter mais controle sobre os números da produção e das vendas e, ao mesmo tempo, facilitar processos. Até agora, foram 62 notas fiscais emitidas.
Fato é que cada vez mais a tecnologia é parte da realidade de quem trabalha com a agricultura e é preciso estar preparado para se adaptar às novas possibilidades. “Nós estamos em uma época que o agricultor se tornou um empreendedor rural, e a propriedade dele uma verdadeira empresa. A informática no campo é um processo natural e vem para simplificar as coisas”, resume o gerente regional da Epagri, Onévio Antônio Zabot.
Um exemplo é o aplicativo para emissão de nota fiscal eletrônica, lançado recentemente pelo governo do Estado e que deve beneficiar 300 mil produtores em Santa Catarina. “O sistema reúne todas as informações e ainda ajuda a aumentar a movimentação econômica do município, além de servir para fins de aposentadoria”, explica Zabot.
O Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é obrigatório, é outro exemplo: “Ele regulariza a propriedade do ponto de vista ambiental e facilita uma série de processos, sendo que quem possui até 45 hectares pode usufruir das vantagens das áreas consolidadas”, diz o gerente da Epagri.
Ainda assim, 38% dos agricultores da região ainda não cadastraram suas terras, segundo dados da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável. Massaranduba é o município com o maior número de propriedades cadastradas no Vale do Itapocu, com 74%. Em Jaraguá do Sul, o número cai para 52%. Segundo Zabot, a falta de informação é um dos principais responsáveis pelos índices abaixo do esperado na adesão dessas ferramentas. Ele explica que, em geral, a falta de acesso à internet e de domínio no uso de computadores tende a ser um limitador e gerar desconforto nos produtores. “Nenhuma dessas ferramentas gera problemas e, sim, favorecem o produtor, simplificando a rotina de controles”, defende ele.
Trabalho em equipe ajuda a sanar dificuldades
Em um levantamento realizado recentemente, a Associação dos Bananicultores de Corupá (Asbanco) constatou que cerca de 75% dos produtores locais não possuem acesso à internet em casa e que a falta de estrutura tem dificultado a adesão a projetos de informatização. Além de construir um laboratório de informática, que será inaugurado na segunda quinzena de março, a entidade tem oferecido cursos de capacitação e suporte aos agricultores que desejam emitir a nota fiscal eletrônica.
Somente nos primeiro dez dias do projeto, iniciado em fevereiro, 287 produtores foram cadastrados para emissão do modelo. Diariamente, são emitidas em média 22 notas. “Já tiramos notas de venda de arroz, banana e plantas ornamentais”, detalha a secretária executiva da entidade, Eliane Cristina Müller. Cerca de 600 famílias trabalham com agricultura atualmente em Corupá, segundo a associação.
Na Epagri, os agricultores também podem encontrar auxílio na hora de modernizar os processos. O órgão oferece, por exemplo, um projeto que facilita a aquisição de computadores para empreendedores rurais.
Curso capacita produtores para nota fiscal eletrônica
Em Jaraguá do Sul, a implantação do sistema de nota fiscal eletrônica para o produtor rural terá início em março, com a realização de um curso de capacitação ministrado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Segundo a agente administrativa da Secretaria de Agricultura, Ana Paula de Almeida, a capacitação trará informações sobre como funciona o sistema e por que aderir. “Além disso, o objetivo é treinar pessoas para que elas possam repassar essas informações a outros agricultores”, explica. Todas as 20 vagas foram preenchidas.