Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Setembro Amarelo alerta para a importância dos cuidados com a saúde mental

Foto: Pixabay

Por: Elisângela Pezzutti

14/09/2024 - 06:09

Uma das principais campanhas de combate ao estigma quando se fala em saúde mental é o Setembro Amarelo, criado no Brasil em 2015 e que, este ano, tem como lema “Se precisar, peça ajuda”.

Um ponto de destaque da campanha é enfatizar a necessidade de se priorizar a prevenção do suicídio e a promoção da saúde mental em meio às definições de políticas públicas. A proposta é que ações de governo, de maneira geral, coloquem em primeiro plano o contexto da saúde mental, ampliando o acesso ao tratamento e também fornecendo apoio aos que precisarem.

“Políticas públicas que possam, de alguma maneira, falar sobre esse assunto, sem tabu, são importantes. Instrumentos nas áreas de educação e saúde também podem ser amplamente divulgados – justamente para que a gente possa mostrar que existem possibilidades e recursos amplos para lidar com determinadas situações que são realmente muito estressantes e de muita vulnerabilidade”, diz Héder Bello, psicólogo e especialista em Psicanálise e Contemporaneidade, com ênfase em trauma e urgências subjetivas, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, a cada ano, mais de setecentas mil pessoas no mundo tiram a própria vida. Ainda de acordo com a OMS, no Brasil, a cada hora morre uma pessoa por suicídio, enquanto outras três tentam se matar sem sucesso. Outro dado assustador é que o suicídio é a 4ª causa de morte entre jovens brasileiros de 15 a 29 anos.

“Os desafios que levam uma pessoa a tirar a própria vida são complexos e associam-se a fatores sociais, econômicos, culturais e psicológicos, incluindo a negação de direitos humanos básicos e acesso a recursos”, destaca a OMS.

O suicídio pode ser impulsionado também por eventos registrados ao longo da vida e capazes de gerar tensão, como a perda de meios de subsistência, pressões no trabalho, rompimentos de relacionamentos e discriminação. “A meta é dedicar maior atenção ao problema, reduzir o estigma e aumentar a consciência de organizações, governos e o público ressaltando que os suicídios são evitáveis”, afirma a organização.

Abordagem

O psicólogo Héder Bello orienta sobre como abordar uma pessoa que pensa em tirar a própria vida. “Não é questioná-la sobre o motivo daquilo ou dizer que ela tem que valorizar a vida, mas ouvir essa pessoa atentamente, tentar entender o ponto de vista dela e quais são os motivos que fizeram com que ela não conseguisse lidar de outras maneiras com a situação que está passando”.

É preciso falar sobre o assunto

O médico neurologista Vicente Caropreso concorda que o suicídio ainda é um tema tabu, sobre o qual é necessário falar. “Um dos falsos mitos sociais é de que a pessoa que tem a intenção de tirar a própria vida não avisa, não dá pistas. Isso não é verdade e devemos considerar seriamente todos os sinais de alerta que podem indicar que a pessoa está pensando em suicidar-se”, afirma.

Para Caropreso, as formas de prevenção incluem a observação. “Se alguém está, pelo menos, há duas semanas com conduta ou manifestações verbais referentes à suicídio, fique de olho! Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real”.

Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança também são sinais importantes. “As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre isso mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos”, completa o neurologista.

O médico também destaca a importância do Centro de Valorização da Vida (CVV). “É um serviço voluntário de apoio emocional e prevenção ao suicídio para quem precisa conversar. O atendimento gratuito está disponível 24 horas por dia pelo telefone 188“, ressalta.

A gerente de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Jaraguá do Sul, Cátia Wolski, informou que, neste mês, estão acontecendo rodas de conversa com alunos na faixa etária dos 13 aos 17 anos, de cinco escolas estaduais da cidade, focando na importância dos cuidados com a saúde mental. Durante este mês serão realizados também dois workshops voltados para os usuários em algumas Unidades Básicas de Saúde do município.

Depressão e ansiedade

A psiquiatra Ana Cristina Carrion Benkendorf explica que a ansiedade e a depressão são duas patologias diferentes, mas que coexistem. “Hoje, a maioria dos pacientes tem transtorno misto. As pessoas estão sobrecarregadas”.

Com relação à depressão, ela alerta que as mudanças no comportamento são um sinal importante. Já para prevenir o problema, a médica cita os cuidados com a alimentação, que deve ser equilibrada, evitando os produtos industrializados e ultraprocessados, o sono reparador, pois a insônia é uma grande causa da depressão, e a atividade física, que é fundamental para aumentar o bem-estar.

Ela também destaca a importância de quem está em tratamento seguir as orientações médicas e jamais parar com a medicação indicada por iniciativa própria.

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Elisângela Pezzutti

Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.