Texto por: Dr. Hugo Oliveira
A “porta da dor” é um meio comum… Como no meu caso, fui “escolhido”, aos 14 anos, com o meu diagnóstico. Meu desconforto com a realidade é devido ao me aprofundar no conhecimento, identifico uma super oportunidade. Você vem comigo?
No cenário oncológico, me aproximando de diversos grupos, pacientes, familiares, profissionais e instituições para saber como podemos contribuir e entender qual o espaço pode ser ampliado, partindo da leitura do cenário atual, entendendo as dores.
Por exemplo, uma dor incomum e uma demanda não atendida é o MEDO. O medo da doença, enquanto da sociedade, com o estigma da doença que mata, vejo que é o inimigo número 1, com pouca melhora ao longo do tempo.
Quero falar de novidade, mas ainda não superamos essa barreira social, vemos o câncer como uma sentença de morte.
O número de casos vem aumentando e vai chegar o momento que teremos contato com câncer, como paciente ou com familiares, é um universo que vem se tornando comum.
Sabemos que precisamos muito mais de auxílio no enfrentamento da jornada, como kit de informação, vínculos com redes de apoio como ONGs, multi e interdisciplinares, melhorando os cuidados, que serão mais eficazes no cuidado, tornando mais leve, e permitindo uma qualidade de vida mais JUSTA.
Não podemos fechar os olhos para a desigualdade no acesso, de forma clara, quem tem baixa renda têm menor acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento.
Avanço tecnológico, o que mudou? Estamos tratando melhor…mas está chegando para quem precisa?
A inovação é ampliar o acesso, o dilema entre viver ou morrer pode estar sendo condicionado à “fila” que você tem de acesso, ao seu CEP, endereço. Afirmo, a sua localização condiciona muito do que você recebe, e o “mínimo” do SUS, fica cada vez mais defasado, limitado a falta de recursos.
Precisamos de fato ir além do discurso, dar condições na prática, estreitando as pontas. As barreiras precisam ser superadas para não se tornarem um fardo que custa a vida para os pacientes.
Agora, vamos enfrentar esses desafios juntos? Sozinho, sou presa fácil.
A realidade é que não conseguimos realizar diagnóstico precoce em massa, estamos cansados do “faz de conta”.
O que você comemora de informação tem realmente efetividade? O paciente tem acesso? Medicamento lançado só para vitrine não tem efeito, é um fardo.
O câncer está na fila de espera para se tornar prioridade, no cenário infantil é a principal causa de mortalidade, sendo uma doença rara. Não é paradoxal? De fato, estamos anestesiados com a fala de que o câncer mata.
Será que ainda vamos esperar ser a doença que mais mata brasileiros para começar uma ação? O que falta para o câncer ter a atenção que merece?
Pequenas coisas precisam acontecer para mudar o destino de milhares de vidas. Não podemos perder a oportunidade de participar de uma transformação. Aceita o convite?
Dr. Hugo Oliveira
O médico oncologista pediátrico Hugo Martins de Oliveira tem uma história inspiradora: quando menino teve linfoma, foi curado e hoje é médico e cuida de crianças com câncer. Ele fez residência em oncologia pediátrica 15 anos depois no mesmo hospital onde se tratou na infância: o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, no Paraná.
Hugo sempre sonhou em ser jogador de futebol, mas aos 14 anos descobriu a doença juntamente com um diagnóstico errado em que o médico disse que lhe restavam apenas três meses de vida. Parecia o fim, mas era apenas o seu começo. Durante o tratamento, Hugo decidiu que ia ser médico.
Instituto Oliveira
O Instituto Oliveira é uma organização sem fins lucrativos sediada na cidade de Joinville. O objetivo do lugar é proporcionar qualidade de vida às pessoas com câncer infantojuvenil. As ações desenvolvidas pelo instituto proporcionam o acolhimento e atendimento global a todos os membros da família do paciente portador da doença.
O instituto enfatiza o foco de desenvolvimento da saúde familiar de maneira integral, auxiliando em todos os processos relativos ao adoecimento, gerenciando os impactos psicossociais que afetam diretamente o psicológico da pessoa com câncer e de seus familiares. O trabalho do local é baseado em princípios e valores cristãos, seguindo sempre o modelo e exemplo de Jesus Cristo.