O Programa de Combate ao Tabagismo realizado pela Secretaria de Saúde de Jaraguá do Sul está com 30 vagas disponíveis para interessados em parar de fumar. As inscrições devem ser feitas até 2 de agosto pelo WhatsApp (47) 2106-8448. De acordo com a diretora de Assistência Primária à Saúde, Milena de Lima Machado, não há nenhum pré-requisito para participar do programa, apenas a intenção do fumante em largar o cigarro. “Fumantes de qualquer idade, inclusive adolescentes, podem participar”. Para obter mais informações, basta a pessoa procurar sua Unidade Básica de Saúde de referência (o posto de saúde do seu bairro) ou fazer contato pelo número de WhatsApp informado acima.
Os encontros vão acontecer sempre às quartas-feiras, no auditório da Gerência de Políticas Públicas em Saúde, localizado na Rua Marina Frutuoso, 740, no Centro de Jaraguá do Sul, e incluem sessões de aconselhamento, terapias comportamentais e, quando necessário, tratamento medicamentoso, com a utilização de Terapia de Reposição de Nicotina (adesivos), Bupropiona e Vareniclina. “São os mesmos tratamentos definidos pelas diretrizes que a Organização Mundial da Saúde lançou em este mês”, informa a diretora.
Atualmente, há 30 pessoas participando do programa, que também é desenvolvido no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e nas UBSs dos bairros Ribeirão Cavalo, Santo Antônio, Barra do Rio Cerro, Jaraguá 84
e Boa Vista.
A gerente de Gestão Estratégica de Políticas Públicas em Saúde, Joyce Ribeiro Bueno, explica que o tratamento dura 12 meses e conta com uma equipe profissional multidisciplinar, que inclui médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, auriculoterapeuta e até dentista. “Como o tabagismo é um fator importante para o câncer de boca é esse profissional que avalia periodicamente e em ações odontológicas a saúde bucal destes usuários”, informa.
O Programa de Combate ao Tabagismo é realizado pela Secretaria de Saúde de Jaraguá do Sul há pelo menos 15 anos e, segundo Joyce, a maioria dos fumantes que procura pelo serviço é formada por mulheres com idades a partir dos 40 anos.
Vape é tão prejudicial à saúde quanto o cigarro convencional
O cigarro eletrônico, criado com o argumento de ajudar fumantes a largarem o cigarro convencional, acabaram atraindo um novo público: os jovens. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70% dos usuários de vape (como o cigarro eletrônico é popularmente conhecido) têm idades entre 15 e 24 anos.
A diferença do cigarro eletrônico para o cigarro convencional é a sua constituição química. Os vapes supostamente contêm concentrações menores de nicotina, que se encontra no estado líquido. Por outro lado, eles possuem mais de 80 substâncias tóxicas que variam de acordo com o produto.
No Brasil, a comercialização, importação e propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidos. Por outro lado, é muito fácil encontrá-los à venda.

Ainda que o pulmão seja o órgão mais prejudicado pelos vapes, outras partes do corpo não estão livres dos seus efeitos | Foto: Imagem ilustrativa/Pixabay
Malefícios do cigarro
Quando se fala em cigarro, seja o convencional ou o eletrônico, as primeiras doenças que vêm à mente são as oncológicas ou pulmonares. De fato, o câncer de pulmão é uma das principais ameaças aos usuários desses dispositivos, assim como o aumento de inflamações no pulmão que podem ocasionar insuficiência respiratória ou pneumonia bacteriana.
“A gente sabe que o cigarro convencional está muito associado às doenças tromboembólicas e neoplasias, relação que já foi estudada extensivamente. A correlação que fazemos é que o risco do cigarro eletrônico é igual ou maior, porque as mesmas substâncias se fazem presente”, explica a dra. Mariana Laloni, oncologista da Oncoclínicas e doutora em cirurgia torácica e cardiovascular pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Mas, ainda que o pulmão seja o órgão mais prejudicado pelos vapes, outras partes do corpo não estão livres dos seus efeitos:
Cérebro
Segundo pesquisadores, o uso de cigarro convencional ou eletrônico aumenta o risco de AVC (acidente vascular cerebral). Além disso, também potencializa a ansiedade, depressão, transtornos de humor e a síndrome do pânico.
Cólon
Estudiosos observaram que os cigarros convencional e eletrônico aumentam o risco de doença gastrointestinal.
Coração
O coração do fumante fica mais sujeito a infecções e ao infarto.
Perigo real
O perigo é tão real que já existe uma doença ligada ao uso dos cigarros eletrônicos. É a lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico ou vape, mais conhecida pela sua sigla em inglês: EVALI. Os sintomas vão desde tosse, dor no peito e falta de ar até náuseas, vômitos, problemas abdominais e perda de peso.
Em um estudo feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) em 2020, dos quase três mil pacientes hospitalizados com EVALI, 68 morreram. Em sua maioria, adolescentes e jovens adultos. No Brasil, os especialistas afirmam que há uma subnotificação dos casos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), o tratamento consiste na suspensão do uso dos cigarros eletrônicos e medidas como oxigenação e ventilação, podendo ou não ser invasiva.
Como os vapes se popularizaram nos últimos anos, a ciência ainda não sabe exatamente quais são os seus efeitos a longo prazo. Os estudos ainda se limitam às consequências imediatas ou a produtos mais antigos, como canetas e box mods. As reações do organismo também mudam de acordo com o sabor do cigarro eletrônico, o que exige uma pesquisa mais aprofundada.
“Hoje, os vapes são a porta de entrada para o cigarro no caso dos jovens. O Brasil foi um país que teve sucesso no combate ao tabagismo, mas estamos vendo um perigo muito grande para as novas gerações”, alerta a dra. Mariana.
*Com informações do Portal Dráuzio Varella