Uma professora de Harvard que estuda assuntos de comportamento e psicologia – e que fez carreira em estudos sobre honestidade – foi denunciada por fraude.
O periódico acadêmico “Chronicle of Higher Education” informou, este mês, que havia indícios de que estudos de Francesca Gino publicados em 2012 foram falsificados, segundo divulgado pelo jornal The Guardian.
O estudo em questão envolve um experimento que solicitou aos participantes que preenchessem formulários de impostos e seguros.
O estudo afirmava ter descoberto que as pessoas solicitadas a assinar as declarações de veracidade no topo da página eram mais honestas que aqueles que assinaram na parte inferior – mas o coautor do estudo, o professor Max Bazerman, afirmou que Harvard forneceu um documento de 14 páginas que incluía “evidências convincentes” de falsificação na pesquisa. Entre eles, a descoberta de que alguém adulterou o banco de dados da pesquisa para adicionar e alterar informações.
Com a revelação, “dezenas” de artigos estão sendo tratados como suspeitos de fraude. O caso levanta suspeita sobre estudos em um período de mais de uma década, incluindo trabalhos publicados em 2020.
As preocupações foram compartilhadas com a Escola de Negócios de Harvard em 2021.”Escrevemos um relatório sobre quatro estudos para os quais acumulamos evidências mais fortes de fraude. Acreditamos que muitos outros artigos escritos por Gino contenham dados falsos. Talvez dezenas”, disseram os autores da denúncia, que citaram um registro digital contido em um arquivo do Excel e que indicam que houve adulteração.
Maurice Schweitzer, cientista comportamental da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, disse que as acusações estão causando “grandes repercussões na comunidade acadêmica”, uma vez que Francesca é alguém que tem “tantos colaboradores, artigos e é realmente uma estudiosa líder em sua área de atuação”.
Schweitzer está revisando oito artigos nos quais colaborou com a pesquisadora, em busca de indícios de fraude.
Bazerman negou qualquer envolvimento na suposta adulteração de dados, e disse que “não teve nada a ver com a fabricação dos dados da pesquisa”.
