Por Kamila Schneider
A Prefeitura de Jaraguá do Sul irá investir R$ 100 mil na recuperação do cemitério do bairro Rio da Luz. A obra, que deve ser licitada ainda no início do segundo semestre, faz parte um pacote de ações que serão realizadas nos próximos anos para melhorar a infraestrutura da localidade, tombada pelo Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 2007.
De acordo com a secretária de Cultura, Esporte e Lazer Natália Lúcia Petry, que está à frente da Fundação Cultural, o município deverá destinar R$ 1 milhão em investimentos para o Rio da Luz nos próximos anos. O montante foi determinado por um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado entre a Prefeitura, o Iphan e o Ministério Público em 2013, conforme explica a secretária.
“O poder público realizou a pavimentação da rua Eurico Duwe em 2011 sem a autorização do Iphan e também pela existência de loteamentos irregulares. Desta forma, em 2013 foi firmado o TAC que tem como objetivo compensar a realização destas obras, uma vez que toda a ação pública ou privada realizada no bairro precisa passar por aprovação”, diz Natália. “Esse TAC prevê então o pagamento de multa de R$ 1 milhão por parte da Prefeitura, sendo que os primeiros R$ 100 mil já foram repassados e serão utilizados no início das obras”, complementa a secretária.
Esta semana, uma comissão montada pelo poder público para coordenar o cumprimento do TAC irá se reunir para traçar o cronograma de ações. A previsão é de que a recuperação do cemitério seja feita ainda este ano, por possuir cunho emergencial. O projeto de revitalização está em fase de elaboração e conta com o envolvimento do Instituto Jourdan e da Secretaria de Planejamento e Urbanismo. Além disso, o município negocia o pagamento dos outros R$ 900 mil previstos pelo acordo, que deve ser quitado nos próximos anos.
“Dentro deste montante já está prevista a destinação de R$ 200 mil para a elaboração de um projeto executivo para melhoria e requalificação das ruas Ervin Rux e Eurico Duwe”, destaca Natália. Dentre as ações estão inclusas melhorias no asfalto, no acostamento, na iluminação, além da instalação de ciclofaixas.
A Prefeitura também estuda a construção de uma praça de tiro na localidade, a fim de ampliar a área de lazer dos moradores. “O projeto já existe e está previsto inclusive no plano de governo da atual gestão. A iniciativa engloba um espaço de lazer que irá reunir cultura, esporte e gastronomia”, detalha Natália. “A proposta é terminar a recuperação do cemitério para na sequência investir nestes outros dois projetos”, salienta. Segundo a secretária, o cronograma de realização das obras deve ser divulgado nas próximas semanas.
“Nosso papel é ajudar a comunidade do Rio da Luz a se desenvolver dentro das propostas do tombamento. Se conseguirmos realizar estas obras acredito que já teremos avançado muito, são ações necessárias que ajudarão a dar mais qualidade de vida aos moradores”, afirma ela.
Estradas estão entre as principais preocupações dos moradores
Para os moradores do Rio da Luz, a melhoria das estradas é uma das necessidades mais urgentes da localidade, que sofre com a falta de segurança nas vias. Segundo a moradora Maria Terezinha Pinheiro, a falta de acostamentos representa um risco constante para os pedestres e ciclistas, que se veem obrigados a disputar espaço com os carros para trafegar pela região.
“Muitos moradores são agricultores e precisam sair para fazer suas compras, é muito perigoso. Em alguns lugares o capim está muito alto, às vezes vem carro dos dois lados e quase pegam as pessoas”, conta a moradora, que vive na localidade há 20 anos. “Em alguns trechos tem muito buraco na estrada, e muitas vezes é feito o remendo e uma semana depois já está cheio de buraco de novo”, relata dona Maria.
Outro morador de longo prazo da região, o senhor Wilfred Krätze se preocupa com os estudantes que precisam transitar pelas ruas no final do dia. “Muitos saem do ônibus e vão parar quase dentro do capim”, descreve ele. Além disso, a precariedade dos pontos de ônibus dificultam a vida de quem depende do transporte público para trabalhar ou estudar, relembra o morador. “Em dias de chuva então, é muito complicado”, comenda.
Proprietário de uma casa histórica tombada pelo patrimônio cultural, Krätze também lamenta a falta de auxílio do poder público na resolução de questões de interesse da população local, a exemplo da pequena ponte que passa quase em frente da propriedade da família. “Os tubos são pequenos, entra capim e fecha tudo, quando chove muito o rio passa por cima. Tem seis famílias que moram aqui para dentro, quantos dias de trabalho ou escola que já perderam por que não conseguem passar. E não pode mexer. Tudo é muito devagar, talvez nós nem cheguemos a ver isso”, diz o morador.