Campanhas sociais que promovem a divisão entre “nós” e “eles” são perigosas porque aprofundam a polarização e impedem o diálogo necessário para a construção de uma sociedade mais justa. No Brasil, onde as tensões sociais já são exacerbadas por desigualdades históricas e crises políticas, esse tipo de narrativa só alimenta o ódio e a desconfiança mútua. Em vez de unir pessoas em torno de causas comuns, essas campanhas criam inimigos imaginários, transformando diferenças de opinião em conflitos irreconciliáveis.
Uma população dividida é mais fácil de manipular. O establishment político e midiático é quem se beneficia dessa fragmentação, pois cidadãos ocupados em brigar entre si não questionam as estruturas de poder que perpetuam injustiças dos dois lados antagônicos. A polarização extrema paralisa o debate público, substituindo argumentos por ataques pessoais e reduzindo questões complexas a simplificações perigosas. Quando as pessoas veem o “outro lado” como uma ameaça, qualquer possibilidade de cooperação desaparece, e a democracia se enfraquece.
Além disso, discursos maniqueístas ignoram que a realidade social é feita de nuances. Nenhum grupo é totalmente homogêneo, e generalizações só servem para estereotipar e marginalizar. Campanhas que estimulam o antagonismo, como a “Nós contra Eles” que veicula nas redes, também podem legitimar violência, como já visto em diversos conflitos ao longo da história. No Brasil, onde a intolerância cresce nas redes sociais e no discurso público, esse risco é ainda maior.
Para avançar, é preciso substituir a retórica do confronto pela busca de pontos em comum. A verdadeira mudança social só acontece quando as pessoas conseguem dialogar com inteligência, reconhecer suas diferenças e trabalhar juntas por soluções. Campanhas que promovem união, empatia e pensamento crítico são muito mais eficazes do que aquelas que alimentam divisões. Enquanto a sociedade brasileira continuar refém do “nós contra eles”, estaremos fadados ao imobilismo e à perpetuação das mesmas crises. A saída não está no ódio, mas na capacidade de enxergar além das barreiras ideológicas. É preciso entender que o real poder está no povo, desde que unido. Do contrário, o establishment agradece.