Um pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) foi encontrado vivo em Florianópolis nesta terça (24), encalhado no final de tarde próximo a um riacho na Av. da Saudade, no bairro João Paulo. O animal foi recolhido por uma médica veterinária, que o manteve aquecido durante a noite e o levou ao pet shop onde trabalha, no bairro do Córrego Grande. Na manhã do dia seguinte, a ave foi encaminhada para o Centro de Reabilitação da R3 Animal para receber tratamento veterinário especializado.
A Associação R3 Animal, executora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) em Florianópolis, é responsável pela reabilitação e soltura desses animais. Segundo a associação, até o momento não há informações sobre as circunstâncias que levaram o pinguim a ser encontrado em um local distante da faixa de areia e próximo a um riacho, tratando-se de um caso inusitado.
A equipe do PMP-BS/R3 Animal foi acionada apenas após o animal já ter sido recolhido pela veterinária que se voluntariou a ajudar, e não há registros anteriores que indiquem como ou quando ele chegou ao local.
Pinguim foi encontrado debilitado próximo a um riacho no bairro João Paulo; a localização é inusitada e as circunstâncias são desconhecidas
Esse é o primeiro pinguim encontrado vivo na Ilha de Santa Catarina em 2025, indicando o início da temporada desses animais em praias catarinenses. A equipe veterinária do PMP-BS/R3 Animal confirmou que é um indivíduo juvenil, passando por sua primeira migração. Agora, a ave encontra-se em tratamento veterinário no Centro de Reabilitação da R3 Animal, que inclui administração de medicamentos, hidratação, ganho de peso e fisioterapia na piscina, com o objetivo de ser solto na natureza.
Esses animais alimentam-se no mar e não é normal que saiam da água durante a migração, portanto, quando chegam às praias, geralmente estão debilitados e precisam de ajuda, como explica Cristiane Kolesnikovas, médica veterinária e coordenadora do PMP-BS/R3 Animal. Nessas situações, não se deve devolver o animal para o mar.
Primeiro pinguim resgatado em Florianópolis em 2025; a equipe da R3 Animal foi até uma pet shop para buscar a ave (Foto: equipe PMP-BS/R3 Animal)
Pinguins à vista
No inverno, os pinguins-de-magalhães se deslocam de suas colônias reprodutivas, na Patagônia Argentina, em direção a águas mais quentes, onde há maior abundância de alimento. É nessa época que o litoral brasileiro recebe a visita da espécie, especialmente nas regiões Sul e Sudeste.
A maioria dos encalhes são de indivíduos inexperientes, que se perdem do bando e atingem as praias quando já estão exaustos, com sinais de afogamento e hiportermia. Atividades humanas como a pesca podem agravar a situação, já que esses animais podem interagir não intencionalmente com petrechos como redes e anzóis.
Quando encalham nas praias, infelizmente muitos pinguins não resistem. Em 2024, o PMP-BS/R3 Animal registrou mais de 2700 pinguins nas praias de Florianópolis, mas apenas 5,6% estavam vivos na hora do resgate.
A equipe do PMP-BS/R3 Animal monitora diariamente 56 km de praias em Florianópolis, em busca de animais marinhos debilitados ou mortos. Os animais debilitados são encaminhados para a reabilitação, enquanto os mortos passam por necropsia para investigar a causa da morte. O resgate também pode ser acionado pelo telefone 0800 642 3341 (diariamente, das 7h às 17h).
O que fazer ao avistar um pinguim na praia?
- Não tente devolver o animal para o mar
- Jamais coloque o pinguim em contato com o gelo;
- Evite contato direto com o animal, devido ao protocolo de proteção contra a Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP)
- Afaste animais domésticos
- Acione o resgate do PMP-BS: 0800 642 3341
A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.