Quando o frio intenso chega com tudo a Santa Catarina, mercados, mercearias e sacolões são inundados por frutas cítricas de todos os tipos, sabores e cores. Tangerinas, laranjas, limas e limões estão em plena safra, época em que estão mais doces e com preços acessíveis, que cabem em todos os bolsos. Esta também é uma boa época para preparar a planta para a próxima safra, inclusive, aquele limoeiro, tão comum nos quintais do litoral catarinense, usado para temperar peixe.
A pesquisadora Luana Maro Castilho, especialista em citros da Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI), atendeu a dezenas de visitantes no Pavilhão da Epagri, durante a 39ª Festa do Colono, realizada em julho, em Itajaí. Segundo Luana, a principal dúvida de sitiantes e do público em geral era em relação à improdutividade do limoeiro ou o pé de laranja do quintal. Então, ela elencou dicas de cuidados de inverno para que essas plantas cresçam viçosas e produtivas.
“No litoral catarinense, onde a primavera é úmida e chuvosa, o limoeiro se torna um imã de doenças. A alta umidade favorece o aparecimento de fungos nas folhas, musgo no tronco e quando chega a floração, o excesso de chuva derruba as flores, que não chegam a se transformar em frutos”. Outro problema são pragas como cochonilha, larva mineradora, que deixam a folha “engruvinhada”, e o pulgão, que suga a seiva e libera toxinas.
Para evitar esses transtornos, Luana recomenda que se faça a poda logo após a colheita, que nem sempre é em julho, depende da variedade. “É possível colher citros praticamente o ano todo, no caso do limão cravo, cuja safra é de março a maio, a poda pode ser realizada de junho até início de agosto, quando ainda está frio e a atividade da planta diminui”, exemplifica. No caso do limão Tahiti (safra de fevereiro a abril), a poda é feita a partir de maio, e a tangerina Morgote (de agosto e outubro), a poda acontece em novembro.
Plantas improdutivas podem renascer com poda correta
A especialista recomenda que, dependendo do estado de saúde da planta, a poda pode ser radical. “Se há abundância de galhos, ou estão secos e quebradiços, o ideal é fazer a poda drástica, que promove o rejuvenescimento da planta. Neste caso, a planta vai levar dois anos para voltar a frutificar, mas voltará com mais força e frutos”, garante.
No caso de uma poda anual, Luana aconselha cortar os galhos mais verticais, que dificultam a colheita, além de roubar nutrientes. Recomenda ainda fazer o raleio do excesso de brotos. “Nem sempre uma planta cheia de flores é sinônimo de boa produtividade. Um galho com muitos frutos fica pesado e pode quebrar”, alerta. Para fazer a poda em plantas com muitos espinhos, como a do limão cravo, a especialista recomenda o uso de luvas de couro.
O tronco também pode ficar mais protegido de pragas se for aplicado uma mistura de sulfato de cobre, cal virgem e água, na proporção de 50g (sulfato de cobre) e 50g (cal) para cinco litros de água. A mistura deve ser aplicada com pincel. “Para pomares maiores, o ideal é passar uma calda bordolesa, mas para fazer a mistura é preciso ter uma roupa adequada (EPI) e um pulverizador”, ensina.
Em casos de plantas que estão muito doentes, a melhor solução é a sua substituição por uma muda de viveiros fiscalizados, revendida em agropecuárias, cujo material genético garante que a planta cresça saudável porque é mais resistente a doenças. Essas mudas são enxertadas e levam menos tempo para frutificar, apenas três anos, enquanto que a planta que nasceu a partir da semente leva sete anos ou mais para dar frutos.
“E evite comprar mudas que usaram o limão cravo como porta-enxerto porque não é resistente a doenças. As melhores são mudas com porta enxerto de trifoliata e citrumelo Swingle; as informações estão disponíveis na etiqueta da muda”, recomenda. Para fazer o plantio, o ideal é escolher uma parte do quintal que não seja alagadiço e tenha uma incidência solar de, no mínimo, sete horas por dia.