Jaraguá do Sul é uma cidade que prospera economicamente, mas regride moralmente no trânsito. Com um dos maiores índices de veículos per capita do país, pleno emprego e uma rotina acelerada, o que deveria ser sinônimo de progresso transformou-se em um cenário de selvageria motorizada. Motoristas impacientes e desrespeitosos fazem das ruas um território de violência, onde a pressa justifica a barbárie e a imprudência vira rotina. Os números, além de não mentirem, passam a registrar atropelamentos em faixas de pedestres, rachas de bermudões embriagados nas madrugadas, batidas destruindo o patrimônio público, xingamentos, brigas, faróis e sinalizações ignoradas, sem falar do famigerado “jeitinho brasileiro” como ocorre diariamente na Rua Seme Matar, defronte a lateral do Cejas, onde os ‘bacanas’ da “farinha pouca, meu pirão primeiro”, trafegam contra mão para ganharem 3 minutos no trânsito. Aquela via já virou direito adquirido dos infratores. O jaraguaense, guardadas exceções, parece ter esquecido que o volante não é um instrumento de poder, mas de responsabilidade e colaboração. A cultura do “eu primeiro” impera, alimentada por uma falsa sensação de urgência e uma soberba perigosa. Quem nunca viu um carro avançar o sinal vermelho como se fosse um direito? Ou um motorista fechar outro por pura impaciência, como se a rua fosse sua? A combinação de fatores é explosiva: renda alta significa mais carros, e mais carros, sem educação, significam caos. O pleno emprego, que deveria ser motivo de orgulho, alimenta a pressa desmedida. Como resultado, temos um trânsito onde a gentileza é vista como fraqueza e onde o risco de acidentes graves é uma constante. Não há fiscalização que resolva sozinha – é preciso mudar a mentalidade. O trânsito é o espelho de uma sociedade. E o reflexo que vemos hoje é de uma cidade que, na correria, perdeu o básico: a humanidade. Chega de naturalizar a violência nas vias. É hora de frear a ignorância antes que mais vidas sejam cobradas no preço alto da irresponsabilidade.