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Pavimentação de 23 km de rodovia na Grande Florianópolis pode levar até 16 anos, aponta TCE-SC

Foto: Ricardo Trida/Secom

Por: OCP News Florianópolis

19/12/2025 - 12:12 - Atualizada em: 19/12/2025 - 12:18

A pavimentação dos 23 quilômetros da SC-281, que liga os municípios catarinenses de Angelina e São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, vai terminar mais um ano sem avanços. A obra foi iniciada em 2021, mas pouco mais de 11% foi executado até o momento. O contrato já recebeu sete aditivos, o que elevou o custo em mais de R$ 11 milhões: de R$ 128,5 milhões para R$ 139,8 milhões. De acordo com análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SC), se os trabalhos seguirem o ritmo atual, serão necessários 16 anos e 8 meses até a entrega à população.

Embora seja um trecho curto, que liga duas cidades mais afastadas da região metropolitana, a SC-281 poderia servir de rota alternativa para quem trafega da Serra Catarinense em direção a Florianópolis e deseja fugir dos constantes engarrafamentos da BR-282. Além disso, a lentidão na pavimentação e a precariedade dos desvios prejudicam o escoamento da produção agropecuária, principalmente no transporte de grãos para ração de suínos e aves.

Uma parte das obras em andamento foi herdada do governo passado, de Carlos Moisés (Republicanos), como é o caso do trecho da SC-281. A ordem de serviço foi dada em 14 de maio de 2022, mas os trabalhos foram suspensos em 20 de dezembro de 2022 devido à falta de licenças ambientais

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Recém-empossado, o governador Jorginho Mello anunciou, em janeiro de 2023, a retomada das obras no trecho de 23 quilômetros da SC-281. No entanto, o levantamento do TCE-SC aponta que a ordem de reinício só foi dada em 3 de outubro daquele ano. Desde então, foram assinados sete aditivos no contrato com a empresa Sulcatarinense.

“No que se refere aos aditivos, os estudos necessários foram conduzidos para fundamentar eventuais compensações de valores e prazos, sempre em conformidade com as normativas vigentes”, justificou-se, por meio de nota, a Secretaria da Infraestrutura e Mobilidade (SIE). Um dos aditivos refere-se ao prazo para conclusão da obra, que foi alterado de agosto de 2024 para junho de 2027.

“Quando decidimos chamar o TCE para levantar o andamento, foi porque já havia passado dos limites aceitáveis quanto à qualidade e à demora no andamento da obra”, reclamou o deputado Padre Pedro Baldissera, autor da representação junto ao órgão de controle. O relatório do TCE foi concluído em 6 de outubro de 2025, com parecer do conselheiro Wilson Rogério Wan-Dall.

“É imperativo apurar se a fiscalização contratual atuou de forma diligente, aplicando as sanções cabíveis ou buscando soluções para os entraves que porventura tenham surgido. A inércia da Administração diante de um quadro tão adverso pode caracterizar omissão e ensejar a responsabilização dos agentes públicos envolvidos”, observou.

A partir daí, foi dado o prazo de 30 dias para que o secretário da Infraestrutura e Mobilidade, Jerry Edson Comper, se manifestasse sobre a demora no andamento das obras. Em nota, a SIE informou que “todas as pendências — que eram inúmeras e foram herdadas pela atual gestão — encontram-se devidamente tratadas. Estudos foram realizados conforme o avanço da obra e medidas de execução e fiscalização foram adotadas com o objetivo de minimizar os impactos aos usuários da via”.

A pavimentação da SC-281 — aguardada há anos por moradores e produtores rurais que vivem ou trabalham ao longo da rodovia — foi tema de uma audiência pública em 12 de agosto, no Salão da Igreja do Barro Branco, em São Pedro de Alcântara. Na ocasião, representantes da Secretaria da Infraestrutura e Mobilidade (SIE) comprometeram-se com dois pontos: a execução de manutenções emergenciais e a conclusão de sete quilômetros de pavimentação até o fim deste ano. No entanto, passados quase seis meses desde o encontro, o avanço não chegou perto das metas estabelecidas.

“Não podemos aceitar tanta morosidade, até porque já há um contrato licitado, mas as máquinas não estão operando”, afirmou o deputado governista Mário Motta (PSD). Em abril deste ano, o cenário de precariedade tornou-se trágico: um deslizamento de terra vitimou um trabalhador, que morreu soterrado durante as obras. “É um cenário perigosíssimo. Estamos falando de uma rodovia vital para a vida de milhares de pessoas”, observou Motta.

A justificativa da SIE para a lentidão dos trabalhos é que “ocorreram inúmeros períodos de elevado volume de chuvas, o que se soma às dificuldades inerentes à execução da obra, localizada em uma região de relevo complexo e elevada umidade”. Além da SC-281, a empresa Sulcatarinense é responsável por três trechos da BR-470 — historicamente marcada por atrasos — e da BR-280, entre Araquari e Guaramirim. Procurada pela Gazeta do Povo, a concessionária não respondeu aos questionamentos até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

 

* Com informações da Gazeta do Povo.

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