O Brasil estabeleceu a meta de que, até o fim de 2025, ao menos 64% dos estudantes concluintes do 2º ano do ensino fundamental estejam plenamente alfabetizados, segundo o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), lançado em 2023 pelo Ministério da Educação. Em 2024, o índice chegou a 59,2% dos avaliados, pouco abaixo da meta de 60%. A previsão é de alcançar 80% de crianças alfabetizadas até 2030.
Em entrevista à Agência Brasil, o CEO da Fundação Lemann, Denis Mizne, afirmou que a alfabetização precisa de prioridade política e que o país deve melhorar a aplicação dos recursos, além de direcionar esforços para as crianças mais vulneráveis. Ele lembrou que, antes da pandemia, apenas metade das crianças era alfabetizada na idade certa, e durante a crise sanitária, o índice caiu para 31%.
Mizne destacou que há cerca de 500 municípios com mais de 90% das crianças alfabetizadas, inclusive cidades de baixo PIB, o que prova que a renda não é determinante. Como exemplo de sucesso, citou Sobral (CE), que conseguiu avançar com políticas consistentes, apoio a professores, monitoramento e priorização da alfabetização, modelo que foi expandido para todo o Ceará e inspirou o CNCA.
Segundo ele, a alfabetização é a base de todo o aprendizado e, sem ela, os alunos têm desempenho escolar comprometido e maiores chances de abandono nos anos seguintes. Mizne defendeu que o Indicador Criança Alfabetizada, de caráter censitário e anual, é mais adequado do que o antigo Saeb para acompanhar os avanços, responsabilizar gestores e incentivar boas práticas entre redes de ensino