O Outubro Verde é o mês dedicado à conscientização e prevenção da sífilis, uma doença silenciosa e com sintomas que podem se confundir com outras doenças. O dia 18 de outubro marca o Dia Nacional de Enfrentamento à Sífilis e à Sífilis Congênita e, em Joinville, a Secretaria da Saúde reforça os cuidados necessários com a doença.
“A sífilis é, na maior parte do tempo, silenciosa, o que chamamos de latente. A fase sintomática dura pouco e os sintomas podem se confundir com inúmeras outras doenças. Ela é enganadora, pois os sintomas desaparecem mesmo sem tratamento, só que ela não cura sozinha. O sintoma desaparece, mas você continua com a doença”, alerta a médica especialista em Medicina de Família e Comunidade da Secretaria da Saúde de Joinville, Maria Simone Pan.
Segundo a médica, a sífilis vem aumentando no mundo todo e estes índices se refletem também em Joinville. Em 2024, a cidade registrou 2.095 novos casos de sífilis adquirida (transmitida principalmente por contato sexual), número que corresponde a uma taxa de detecção de 319,9 casos a cada 100 mil habitantes.
Além do aumento dos diagnósticos, outro alerta está no tratamento, que não é concluído por muitos pacientes. Se não for tratada de forma adequada, a sífilis pode retornar de forma grave, a chamada sífilis terciária, mesmo após anos do contágio.
“O tratamento é simples e o medicamento mais eficaz é a penicilina, em um número de aplicações que depende do diagnóstico. Mas o que a gente observa é que muitos pacientes não voltam para a segunda ou a terceira aplicação e, por isso, temos que reiniciar tudo desde o início do tratamento”, explica Maria Simone.
Testes e tratamento estão disponíveis gratuitamente
Todos os testes para detecção, assim como o tratamento da sífilis, estão disponíveis gratuitamente pelo SUS. Em Joinville o teste pode ser realizado em todas as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs), na Unidade de Assistência Especializada (Rua Abdon Batista, 172) e nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs).
A recomendação é de que todas as pessoas com vida sexual ativa realizem periodicamente testes de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), entre eles, o da sífilis, mesmo que não apresentem sintomas. Os testes também devem ser realizados durante o acompanhamento do pré-natal.
Aliás, o aumento da circulação da doença impacta diretamente no crescimento do diagnóstico de sífilis em gestantes e de sífilis congênita (transmitida da mãe para o filho durante a gravidez). Esta é uma das formas mais preocupantes da doença, pois pode evoluir para casos mais graves, causando até a morte do bebê. Em Joinville, em 2024, foram 360 casos de sífilis detectados em gestantes e 57 casos de sífilis congênita.
“Essa é uma situação que nos preocupa muito porque a sífilis tem tratamento e, ao tratar a gestante, você evita a transmissão da mãe para o bebê. E não é só a gestante que precisa tratar, é também o seu parceiro”, reforça a médica.
Sintomas da doença e transmissão
A sífilis é uma infecção causada por bactéria que pode ser transmitida por relações sexuais desprotegidas, beijo ou toque em lesões ativas, pelo sangue, da mãe para o filho em qualquer fase da gestação ou no momento do parto (sífilis congênita).
No seu estágio primário, a sífilis pode causar lesões indolores na pele e nos órgãos genitais que desaparecem espontaneamente. No segundo estágio, pode ocorrer dor nos ossos, febre, cefaleia, perda auditiva, problemas de equilíbrio e distúrbios visuais. Contudo, o sintoma principal são manchas no corpo, nos pés e nas mãos, sinais que também podem desaparecer mesmo sem tratamento.
O estágio mais grave, o terciário, pode levar até 40 anos para se manifestar e causa destruição dos tecidos dos órgãos do corpo, atacando principalmente os sistemas neurológico, cardiovascular, ósseo e a pele.
O período que não apresenta nenhum sintoma, chamado de latente, é a fase que o diagnóstico só é confirmado através da realização de exames. Por isso, a importância da realização de testes de forma periódica e preventiva.
Em qualquer sinal ou dúvida, a orientação é procurar atendimento nas unidades de saúde para fazer o teste. Um material orientativo sobre a doença, com informações sobre principais sintomas, como prevenir, tratamento e onde buscar atendimento, está disponível no link.