Em 1947, o irmão marista Albino José Rubini, mais conhecido como Ático Rubini, nascido em Jaraguá do Sul, transformou os 484 versos da poesia I-Juca Pirama de Gonçalves Dias em uma ópera.
Agora, quase 80 anos depois, a abertura dessa obra será apresentada pela primeira vez na cidade natal do adaptador, no palco da Scar, durante o Festival Internacional de Música de Santa Catarina (Femusc).
A apresentação faz parte da Noite de Ópera, que ocorre em 17 de janeiro, às 20h30, neste evento, 100 artistas, incluindo 30 cantores, subirão ao palco para interpretar árias e trechos de óperas. A direção musical será do maestro Alex Klein, com a participação especial da soprano Celine Imbert como anfitriã.
“Trazer essa obra para o palco do Femusc, na sua 20ª edição, é uma celebração não só da música, mas também da história e do talento jaraguaense”, diz o maestro Alex Klein, idealizador e diretor artístico do festival. “
A expectativa é grande, tanto pela beleza da obra quanto pela conexão emocional com a história de Jaraguá do Sul. “Esse é o tipo de apresentação que transcende a música, é um resgate cultural e uma homenagem à riqueza artística que Jaraguá do Sul tem a oferecer”, afirma o maestro.
Ático, nascido em 1914, foi um dos grandes nomes da música clássica brasileira, com uma carreira multifacetada, o irmão marista se formou em Filosofia, Ciências e Letras além de Geografia e História. Mas foi mesmo como compositor que o religioso escreveu seu nome na história. Sem nunca ter tido formação como músico, Ático escreveu inúmeras peças sacras (missas e motetes), arranjos folclóricos e foi um dos finalistas do concurso que elegeu o Hino de Jaraguá do Sul.
O enredo
Baseada no poema de Gonçalves Dias, escrito em 1851 e um clássico da literatura indianista brasileira, a obra conta o drama do grande guerreiro tupi Juca Pirama, que, após ser capturado pela tribo Timbira, é humilhado e chamado de covarde por seu pai diante da perspectiva de sua morte. Ao longo da narrativa, Juca Pirama busca recuperar sua honra e provar sua coragem, enfrentando desafios e mostrando sua força.
“A música clássica tem uma forte presença em Jaraguá do Sul, e apresentar uma ópera escrita por alguém daqui, em um momento tão especial do festival, é emocionante. É um presente para o público e para a cidade”, concluiu Alex.
Rubini, com sua habilidade única de compor, levou os 484 versos do poema para o palco, transformando-o em uma ópera que emocionou e encantou públicos desde sua estreia em 1947. A obra foi cuidadosamente adaptada para o formato operístico, mantendo a essência poética da história. Agora, em janeiro de 2025, I-Juca Pirama entra pela primeira vez na programação do Femusc.
Família Rubini
A história da família Rubini, originária da Itália e estabelecida em Jaraguá do Sul no início do século 20, é uma saga de imigração, perseverança e sucesso. Em 2018, a trajetória da família foi escrita em um livro que narra os feitos dos Rubinis ao longo de várias gerações – o sobrinho-neto de Ático, Márcio Luís Schiochet, de 58 anos, foi o responsável pelo registro.
Pelos próximos dias de Femusc, a família e seus 70 integrantes irão reunir-se em Jaraguá do Sul para prestigiar o livro na versão italiana e o feito de Ático Rubini, uma das figuras centrais dessa história, que deixou um legado cultural e musical que permanece vivo até hoje.
O contato da família Rubini com o Femusc começou com a ideia de apresentar a obra de Ático ao público jaraguense, e a história ganhou um novo capítulo quando familiares do compositor se aproximaram do festival. A 20ª edição do evento será, sem dúvida, um marco importante para a cidade, que agora poderá orgulhosamente reverenciar um de seus filhos mais ilustres.