Casa de uma das maiores empresas de Jaraguá do Sul, a Barra do Rio Cerro é hoje autossustentável, garantem os moradores que vêem nessa a melhor característica do bairro. A grande diversidade de comércio e serviços transforma o bairro em uma espécie de centro urbano.
Além de ser ponto da Malwee e coladinho no Parque Malwee, o bairro também carrega toda a história do Botafogo Futebol Clube, fundado em 1949 e que resiste até hoje cravado na Barra.
Mas nem só de indústria e futebol vive o bairro, que também abriga a força da fé jaraguaense. A tranquilidade e o silêncio são marcas do Noviciado Nossa Senhora de Fátima.
História e futuro andam lado a lado no bairro que mistura a tradição de suas instituições religiosas, indústrias e clubes ao desenvolvimento de toda a comunidade. Hoje, quem vivi no bairro comemora o fato de não ter a necessidade de ir muito longe para buscar serviços que, há cerca de uma década, não estavam disponíveis.
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Para a presidente da associação de moradores, Wanderléia Lemke Marquardt, que nasceu e viveu seus 42 anos na Barra, a mudança é visível para os moradores que, assim como ela, são “cria da casa”.
“Eu vejo que o bairro cresceu bastante, evoluiu, parece que foi de repente, mas no sentido de que foi rápido mesmo. E é muito bom, não precisamos mais sair muito longe. Mudou bastante e hoje não precisamos mais ir até o Centro, aqui tem tudo. Além disso, o bairro cresceu de uma forma legal, todos estão cuidando com o visual, com a acessibilidade, com tudo”, diz.
Além de Wanderléia, o promotor de vendas Gelson Cleiton da Silva, também “cria da Barra”, tem 21 anos de experiência de bairro. Nascido e criado por ali, ele afirma que esse boom de crescimento aconteceu nos últimos 10 anos, quando o comércio expandiu e o bairro começou a se tornar sustentável como é hoje.
“O bairro mudou muito de 10 anos pra cá. Antes não tinha banco, posto de saúde e muito comércio. Hoje é tudo muito perto e a população também, cresceu muito”, conta.
Apesar do desenvolvimento do bairro, o que não mudou, garante o vendedor, é a tranquilidade e a segurança que, para ele, seguem intactas.
“Continua sendo um bairro muito tranquilo e seguro”, avalia. E, mais uma vez, tanto ele quanto a presidente da associação de moradores concordam. “Escutamos muito, como associação, o pessoal falar sobre a segurança, mas de uma maneira positiva. Por ser um bairro grande, com banco e muito comércio eu vejo que é bem tranquilo, não se escuta falar de coisas grandes nesse sentido”, afirma.
E realmente não há como negar que a Barra é grande e populosa. Segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o bairro tinha, em 2010, 8.393 habitantes. O bairro mais populoso, a Ilha da Figueira, tinha nesse mesmo período pouco mais de 10 mil habitantes.
Escola municipal é principal demanda do bairro
“Aqui, no centrinho, temos apenas uma escola e é do estado, a Duarte Magalhães”. Quando o assunto é educação, essa é a primeira afirmação de Wanderléia Lemke Marquardt, presidente da associação de moradores da Barra do Rio Cerro.
Segundo ela, essa é uma das, se não a maior necessidade do bairro. Para Wanderléia, falta atenção aos alunos da Barra que, ou estudam na unidade estadual, ou precisam se deslocar para chegar até a escola mais próxima.
“Essa é uma necessidade grande, até porque, a escola estadual não atende aos alunos do ensino primário”, diz.
Para quem estudou no bairro, a reclamação é a mesma. Embora já tenha passado da fase escolar, promotor de vendas Gelson Cleiton da Silva, aponta a mesma demanda.
Para ele, muito devido ao crescimento do bairro, a demanda cresceu, mas a estrutura física e a equipe de educação não acompanhou esse desenvolvimento.
“Temos muitos alunos em idade escolar aqui no bairro e não temos espaço, professores e equipe de modo geral que consigam atender a essa demanda”, avalia.
Mesmo sem morar no bairro, a comerciante Janete Pradi Panstein convive há 26 anos com a comunidade local graças à loja que mantém no bairro. A situação é a mesma da gerente Doraci Schulz Sell, que trabalha há 21 anos no local.
As duas décadas de convivência diária com a Barra deram uma visão de como o bairro cresceu e de como alguns serviços não acompanharam o desenvolvimento local. E, para elas, educação é um deles.
“Com todo esse tempo de loja, a gente escuta muita coisa, as pessoas se sentem à vontade para falar e quem mora aqui reclama sempre sobre a dificuldade com escolas. Hoje não tem mais escola de ensino primário aqui perto”, conta Doraci.
Para Janete, o poder público municipal deveria dar mais atenção à questão da educação e projetar uma escola que pudesse atender a comunidade sem a necessidade desse deslocamento para outros bairros. “Teria ter uma prioridade nisso”, completa.
Segundo a Prefeitura, que se manifestou por meio de nota, o secretário de educação, Rogério Jung, informou que “foram identificados os problemas apresentados quanto a estrutura física da unidade escolar que temos na região e para tanto já realizamos a licitação de reforma e ampliação da escola Ricieri Marcatto, no valor estimado de R$ 2 milhões”. A escola está localizada no bairro Rio Cerro I.
No que diz respeito à distância, o governo municipal informa que todos os alunos que residem a mais de três quilômetros da unidade escolar recebem transporte público gratuito.
“E ressaltamos que também é de responsabilidade da rede estadual de ensino ter turmas de ensino fundamental”, afirma o secretário.
Moradores reclamam de atendimento
Falta de cordialidade no acolhimento e demora para atendimento são as principais reclamações dos moradores da Barra do Rio Cerro em relação à Unidade Básica de Saúde Wolfgang Weege.
Para Wanderléia Lemke Marquardt, presidente da associação de moradores, o serviço de saúde é uma das principais dificuldades do bairro. Ela afirma que, em muitas ocasiões, os moradores precisam procurar unidades de outros bairros porque o atendimento pode levar meses na unidade da Barra.
“O meu filho está esperando há seis meses na fila e olha que ele é diabético, deveria ter uma prioridade. Eu preciso fazer o acompanhamento com ele, mas a gente sabe que é uma dificuldade de todo mundo”, conta.
Ela alega que a consulta do filho é para clínico geral e, mesmo assim, a fila é longa. “Eu estou esperando um ultrassom desde o ano passado, mas sei que nem vai sair”, completa. Além disso, ela afirma que não há especialidades como ginecologia na unidade, o que acaba aumentando as filas em outros postos.
Outro ponto que incomoda os moradores é o acolhimento na unidade. Trabalhando há mais de duas décadas no bairro, Doraci Schulz Sell e Janete Pradi Panstein escutam muitas reclamações em suas lojas.
“Sempre aparece alguém aqui, que acabou de sair do postinho e reclama que foi muito mal atendido”, afirma Doraci. “Pelo que a gente ouve, não tem meio termo. Eles poderiam ter um pouco mais de cordialidade com o público”, completa Janete.
Segundo a Prefeitura, que se manifestou por meio de nota, a Diretoria de Saúde está acompanhando e avaliando a equipe de profissionais de saúde da UBS Wolfgang Weege.
“A cordialidade, presteza nas informações e atendimento adequado (de acordo com os protocolos e serviços de saúde) deve ser observado por todos os profissionais das Unidades Básicas ou em qualquer outro ponto de serviço de assistência à saúde como: Pamas, CAPS, Farmácias, CAE, CAM, SAD, Policlínica (Centro Vida), entre outros”, informa.
Pavimentação e manutenção de ruas deixam a desejar
Presidente da associação de moradores pelo segundo ano, Wanderléia Lemke Marquardt afirma que uma queixa bastante recorrente dos moradores diz respeito às ruas do bairro. Segundo ela, pavimentação e manutenção deixam a desejar.
“O povo se queixa muito, é muito buraco e quando fazem algum serviço de manutenção, apenas tampam, o que não ajuda muita coisa”, diz.
E os buracos, na avaliação do promotor de vendas Gelson Cleiton da Silva, são frutos de uma pavimentação inadequada. Para ele, o asfalto não comporta o peso e o fluxo de veículos pesados que trafegam pelo bairro. “Esse asfalto foi feito para carros pequenos e não para caminhões grandes e pesados que passam por aqui”, diz.
A Prefeitura afirmou que não tem o projeto com a capacidade de carga da via em mãos, mas que as constantes intervenções na rede de água e esgoto podem ter desestabilizado o asfalto, assim o o aumento “considerável” do tráfego.
Em nota, o poder público afirmou que existe um projeto de “reperfilagem”, o chamado recapeamento, da rua Bertha Weege.
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