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Nova terceira idade: 60 anos já está sendo considerado como muito jovem para ser idoso

Foto Eduardo Montecino/PMJS

Por: Elissandro Sutil

13/03/2020 - 05:03

Aumento da renda, maior acesso à saúde, novos tratamentos médicos e hábitos de vida saudáveis têm feito os brasileiros viverem mais e melhor.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida no Brasil é de 74,9 anos – um aumento de 12,4 anos em comparação à média em 1980.

Hoje, o país tem 20,6 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que representa 10,8% do total da população.

Em 2060, serão 58,4 milhões de idosos – cerca de um quarto da população brasileira.

Essas mudanças na qualidade de vida, embora não aconteçam de forma uniforme em todo o país, têm contribuído para o aumento da longevidade, com pessoas acima de 60 anos em ótimas condições.

Segunda a médica geriatra Karin Grunsch Schutzler da Silva, não raro as pessoas com mais de 60 parecem não ter a idade que tem, aparentando ser mais jovens.

Além disso, pacientes na faixa dos 90 anos também têm sido mais comuns nos consultórios.

Dra. Karin | Foto Verônica Lemus/OCP News

“Então 60 anos, 65, ficou muito novo ainda, e você vê hoje pessoas de 65 anos que você não diz a idade que tem, e aí se dirigem para uma fila de idosos, uma fila preferencial, eles têm preferência em estacionamento e saem do carro pessoas muito saudáveis”, diz a médica.

Por essas mudanças, os países desenvolvidos tem discutido aumentar a marca da terceira idade para 70 anos.

A Organização Mundial da Saúde define o idoso como a pessoa com 60 anos de idade ou mais, mas nos países em desenvolvimento admite-se um ponto de corte de 65 anos.

No Brasil, o Estatuto do Idoso segue a OMS e aplica a idade de 60 anos.

“A imagem que representa o idoso mudou. Antes era uma pessoa de bengala, meio inclinada, agora o símbolo representa uma pessoa e do lado está escrito 60+. Então essa é outra tendência, para não depreciar a imagem do idoso, porque você pode ser idoso, mas não necessariamente ser uma pessoa frágil”, diz a médica.

Mudança cultural

A médica Karin Grunsch Schutzler da Silva avalia que essa mudança no perfil do idoso tem como fatores uma melhora na qualidade de vida por conta dos recursos da saúde, medicamentos, a especialização na saúde da terceira idade trabalhada na geriatria, entre outros.

“A gente faz diagnóstico precoce e trabalha a prevenção. Antes, a cultura era de ir ao médico se você tinha algum problema. Hoje, os pacientes vêm para uma prevenção, o tal do check-up, e aí você detecta alterações que serão tratadas”, explica a dra. Karin.

Foto Eduardo Montecino/PMJS

As pessoas estão mais cuidadosas, fazem exames, cuidam do colesterol, diabete, da saúde dos ossos e também da saúde mental, que é parte fundamental do processo, observa a médica.

Uma das formas de prevenir a depressão entre as pessoas mais velhas é a socialização, mas para a Karin, as políticas públicas para a terceira idade nesse sentido ainda precisam melhorar muito.

“O isolamento é uma coisa bem complicada ainda, uma vez por semana um clube de idosos às vezes não é suficiente. A gente tem que fazer com que os idosos ainda tenham planos, ainda tenham sonho”, afirma.

Aceitar a idade?

Ser visto como idoso e entrar na faixa etária da terceira idade, por volta dos 60 anos, ainda carrega um estigma de que essa pessoa seria frágil, incapaz ou muito limitada.

Mas a realidade no consultório da médica geriatra Karin Grunsch Schutzler da Silva mostra que, mais do que a idade, o que pesa na autoavaliação da pessoa com mais de 60 é a forma como ela se sente e se enxerga.

Por um lado, diz a médica, quando a pessoa faz 60 anos uma das coisas que ela quer é o direito ao estacionamento, por exemplo. Mas, por outro lado, ela não quer o ônus do envelhecimento, como as limitações físicas.

Foto Eduardo Montecino/PMJS

“Tem muito paciente com 60 que não vai de jeito nenhum na fila, porque fala que não está precisando, que pode muito bem ir a um caixa normal. Então tem muito uma questão até cultural, de como você encara o envelhecimento”, comenta.

Por isso, a especialista acredita que a mudança na idade que define a faixa etária idosa deveria ser discutida com urgência. Mas ela também pondera que há idosos de 60 anos que tem a saúde mais comprometida do que uma pessoa de 80.

Para a realização de algumas cirurgias, é levada em conta a idade do paciente, na avaliação dos riscos, porém, a médica entende que o parâmetro deve ser a condição clínica do paciente.

“Tenho pacientes de 80 anos que dá de dez a zero em um de 60, que às vezes está todo limitado. Então é a condição clínica, não é a idade. É uma coisa que a gente tem que bater bastante para colocar essa ideia na cabeça das pessoas”, afirma.

 

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP