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Nova onda perigosa da internet: brincadeira de estudantes cheirando pó de corretivo preocupa pais e escolas

Foto: Reprodução/Redes sociais

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

07/04/2022 - 13:04 - Atualizada em: 07/04/2022 - 13:47

Mais uma tendência de redes sociais vem tirando o sono dos pais de estudantes de escolas de diversos estados do Brasil. Vídeos que estão circulando na internet mostram alunos cheirando o pó do corretivo líquido. O caso acontece até dentro de salas de aula.

De acordo com médicos, a inalação deste produto pode causar problemas às mucosas do nariz e piorar quadros de rinite e sinusite, além de correr o risco de intoxicação

O G1 publicou reportagem em que mostra ter encontrado diversas postagens com relatos de estudantes menores de idade contando os problemas nas escolas por conta do uso do corretivo.

“Fizeram a trend do corretivo e agora deu polícia na escola”, disse um adolescente.

“Tony foi suspenso porque gravou um TiktTok cheirando branquinho”, disse outro estudante.

Foto: Reprodução

Em diversas escolas, comunicados foram publicados alertando sobre as práticas e pedindo que os familiares de alunos fiquem atentos às redes sociais.

Riscos à saúde

Em entrevista ao g1, o médico otorrinolaringologista Eduardo Macoto explicou que a inalação do corretor líquido pode causar danos à saúde.

“Essas partículas mantidas no nariz podem provocar irritação na mucosa, levando ardor, dor e sangramento nasal, que podem ser tratadas com limpeza nasal com soluções salinas”, explicou.

“Elas também podem provocar doenças, como a exacerbação de quadros de rinite alérgica, episódios de rinossinusite aguda, ou até intoxicação”, completou o médico.

Diretor da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia Cérvico-Facial (Arbol-CCF), Macoto destacou que “toda substância estranha ao nosso corpo que entra no nariz pode produzir algum mal”.

“Em condições normais, a inalação de partículas de poluição ocorre em pequena quantidade, portanto o nariz consegue remover adequadamente estas partículas. Entretanto, nesta prática de inalar pó de corretivo, a quantidade de partículas é muito maior, então nariz pode não conseguir depurar completamente essa quantidade aspirada”, disse.

Entre as substâncias mais comuns que podemos encontrar no corretivo está o óxido de titânio, responsável pela cor branca na maioria das tintas, e etanol, que funciona como um solvente, garantindo a secagem rápida do produto. Segundo ele, eventuais efeitos psicoativos do produto no organismo dependem da fórmula de cada produto.

Casos nos Estados Unidos

Em 1984 já existiam relatos de problemas de saúde causados pela inalação do corretivo, segundo uma reportagem daquele ano publicada no jornal New York Times.

De acordo com o texto, um agente secante presente na formula de um dos produtos naquela época poderia ser o responsável por problemas no coração. Ainda é destacado no texto que os fabricantes incluíram, na fórmula do produto, um forte aroma para desencorajar abusos deste tipo.

Outra reportagem, publicada pela Associated Press em 1985, também abordou o tema. No texto, médicos do estado americano do Novo México relataram o mesmo problema entre adolescentes.

Foto: Reprodução

De acordo com médico otorrinolaringologista Eduardo Macoto, “todas as substâncias na composição do corretivo, excetuando-se a água, podem irritar a mucosa nasal, a depender da quantidade inalada”.

Ele ressaltou que o produto é seguro para o uso correto, mas que, ao inalar o pó voluntariamente, “a quantidade e concentração das partículas que entram em contato com a mucosa nasal aumentam muito”.

Posição das escolas

Em São Paulo, na Escola Estadual Comendador Guilherme Giorgio, na Zona Leste, os pais foram avisados sobre esses conteúdos que estão sendo publicados no Tik Tok sobre o uso do corretivo.

“Fiquem atentos aos celulares e conteúdos que os filhos têm acesso na internet. Estamos de olho em nossos alunos, caso ocorra dentro de nossa unidade os pais ou responsáveis serão chamados na escola”, declarou a unidade escolar.

Em nota a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo (Seduc-SP) afirmou, que na escola mencionada não foram identificados alunos realizando tais práticas.

Conforme informado pela pasta, foram os próprios alunos que avisaram a direção sobre o conteúdo dos vídeos que estão circulando na internet.

Disse ainda que o PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas) foi acionado para ajudar na conscientização dessa e de outras “brincadeiras”, e que os responsáveis pelos alunos foram convocados para uma conversa.

Foto: Reprodução

Caso no Paraná

Em Medianeira (PR) o Colégio Estadual João Manoel Mondrone, onde um dos vídeos que viralizou entre os alunos foi gravado, a direção da escola emitiu um comunicado informando que todas as providências contra os alunos que apareceram no vídeo foram tomadas.

“Um grupo de alunos realiza uma brincadeira de mau gosto simulando, com corretivo seco, um pó. Salientamos que foi um caso isolado e a direção da escola tomou providências imediatas junto aos familiares e autoridades competentes”, disse o documento.

O governo do Paraná confirmou em nota que um episódio foi registrado em um colégio estadual do município de Medianeira.

Segundo a administração estadual, “o estudante foi orientado pela direção tanto sobre a atitude inadequada, quanta pela inalação da substância, nociva à saúde”.

Foto: Reprodução/Facebook

Caso em Santa Catarina

Outra escola que também registrou esse movimento foi o Colégio Sigma Lages, da cidade de Lages, em Santa Catarina. Nas redes sociais, o colégio afirmou em 18 de março que alguns alunos reproduziram do TikTok o vídeo.

“Prontamente identificamos a ação, conversamos e orientamos os alunos e chamamos todos os pais dos envolvidos para alertar sobre a vulnerabilidade perante as redes. Tratam-se de excelentes crianças, que não escaparam do perigo de serem influenciadas”, disse o comunicado.

“Cabe a nós adultos limitarmos o acesso a conteúdos não adequados – redes sociais, séries, filmes – e sobretudo orientarmos nossas crianças sobre estes modismos de mau gosto. Já vivenciamos a onda da Baleia Azul, da boneca Momo, do desodorante, do derrubar o amigo propositalmente e certamente outras virão”, declarou a escola.

Foto: Reprodução/Facebook

Nota da Seduc-SP

“A Secretaria da Educação do Estado de SP lamenta a disseminação do comportamento citado pela reportagem e repudia qualquer uso de entorpecentes e substâncias tóxicas dentro ou fora da escola.

“Quando há qualquer tipo de ocorrência relacionada ao uso de drogas, lícitas ou ilícitas, ou substâncias tóxicas no ambiente escolar, a direção procede inicialmente entrando em contato com os responsáveis pelos estudantes envolvidos para fins de esclarecimento, adotando providências restaurativas que preservem o direito à Educação.

“Os casos também podem ser encaminhados ao Conselho Tutelar, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) ou Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).

“A Pasta desenvolve ações do projeto Escola mais Segura, do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP), como a Trilha Formativa para professores, que tratou sobre drogas e violência. Também produziu conteúdo destinado aos estudantes e transmitido pelo Centro de Mídias da Educação (CMSP). O material está disponível no repositório e YouTube do CMSP.

“Além disso, a Seduc-SP é parceira do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD, que promove conscientização dos estudantes da rede, ministrado por policiais militares voluntários, capacitados pedagogicamente, tendo como objetivo principal a prevenção ao uso de drogas – lícitas e ilícitas.

“Na escola citada não foi identificado nenhum aluno realizando esse tipo de ação descrita pela reportagem. A unidade escolar ficou sabendo sobre o comportamento disseminado nas redes sociais através dos próprios estudantes que acharam prudente comunicar a direção. A escola chamou o PROERD para auxiliar na conscientização dessa e de outras “brincadeiras” que surgem por meio da internet.

“Os responsáveis foram chamados para uma conversa, e a escola colocou o comunicado nas redes como forma de aviso para que os responsáveis possam estar atentos os conteúdos que são assistidos pelas crianças e adolescentes em casa.”

*Com informações do g1.

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).