Em entrevista na última segunda-feira (22) ao psicólogo Jordan Peterson para o portal Daily Wire, o bilionário sul-africano Elon Musk lamentou o que classificou de “morte” de um de seus filhos mais velhos, Xavier Alexander Musk, 20 anos. Xavier entrou com um pedido na Justiça norte-americana, onde vive a família, para mudar seu nome e seu gênero. Ele passou a se chamar Vivian Jenna Wilson.
Musk afirma ter sido enganado para autorizar o processo e diz que “perdeu” seu filho para o vírus da mente ‘woke’, que em inglês significa “acordar”. A expressão é usada para indicar o “despertar” para alguma questão social.
“Fui essencialmente enganado para assinar os documentos para um dos meus filhos mais velhos, Xavier. Isso foi antes de eu realmente ter qualquer compreensão do que estava acontecendo. Tínhamos a covid em andamento e então havia muita confusão. Disseram que Xavier poderia se suicidar se ele tivesse um problema”, declarou Musk.
O dono da Tesla e da rede social X (antigo Twitter) disse ainda bloqueadores de puberdade de “medicamentos para a esterilização” mataram seu filho. “Perdi meu filho, basicamente. Eles chamam isso de ‘deadnaming’ por um motivo. O motivo pelo qual eles chamam isso de ‘deadnaming’ é porque seu filho está morto. Meu filho Xavier está morto. Morto pelo vírus da mente ‘woke’”, declarou.
Xavier, agora Vivian, também retirou o sobrenome do pai, com quem rompeu a relação. Passou a usar só Wilson, sobrenome de solteiro de sua mãe, Justine Wilson. Ela garante não quer ter “qualquer tipo de relação” com seu pai biológico.
Musk foi casado com a mãe da filha, a escritora canadense Justine Wilson, de 2000 a 2008. O primeiro filho do casal, Nevada, nasceu em 2002 e morreu com 10 semanas de vida por causa da Síndrome da Morte Súbita Infantil.
O que é cultura woke
Na última década, o termo woke também ganhou o sentido de “consciência sobre temas sociais e políticos, especialmente racismo”, como define o dicionário Oxford. Pessoas passaram a se autodefinir como woke para se identificar como parte de uma cultura liberal.
Por outro lado, a palavra também passou a ser usada por quem desaprova integrantes dessa cultura e considera seus integrantes “pessoas que falam demais sobre esse temas sociais, de uma forma que não muda nada”, também segundo o dicionário Oxford.
A desaprovação mira em métodos de coerção usados para desestimular o uso de expressões consideradas homofóbicas, misóginas ou racistas. Um dos pontos criticados é o “cancelamento”, um tipo de boicote a quem faz uso desse tipo de termos.
De um lado, defensores da abordagem woke dizem que esse tipo de protesto não violento dá visibilidade a grupos historicamente oprimidos e corrige comportamentos de setores privilegiados que nunca haviam refletido sobre o assunto. De outro, há a acusação de que sejam “policiais da linguagem”.
Os críticos do woke não estão só entre os conservadores. Políticos mais identificados com a esquerda nos Estados Unidos, como o ex-presidente Barack Obama (Partido Democrata), já se pronunciaram sobre o assunto. Em 29 de outubro de 2019, durante encontro anual da Fundação Obama, teceu duras críticas ao movimento.
“Eu tenho a impressão que alguns jovens, especialmente nas redes sociais, pensam que a forma de mudar as coisas é julgar outras pessoas o máximo possível. E que isso basta. Se eu posto no Twitter ou coloco uma hashtag sobre como você errou numa palavra ou usou o verbo incorreto, eu posso me sentar e me sentir bem porque ‘cara, viu como eu fui woke’? Eu te chamei a atenção! Isso não é ativismo, não trará mudança”, disse Obama.
* Com informações dos portais Poder 360 e BBC.