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Morador de Guaramirim preserva herança italiana em museu particular

Foto: Fábio Junkes

Por: Elisângela Pezzutti

19/07/2025 - 07:07

Mais de 30 milhões de brasileiros se declaram descendentes de italianos, uma herança que atravessa gerações e que vai muito além do sobrenome ou da culinária. Em muitas famílias, a influência italiana segue presente à mesa, nas celebrações religiosas, na maneira calorosa de se relacionar e até em expressões do cotidiano. Com o tempo, esses costumes foram se adaptando à realidade brasileira, mas sem perder o elo com as raízes.

Em 2025, Santa Catarina, um dos estados brasileiros com maior número de descendentes de italianos – cerca de 3 milhões, o que corresponde a 50% da população catarinense -, celebra os 150 anos da imigração italiana, um marco histórico que destaca o impacto cultural e econômico deixado por esses imigrantes em todas as regiões do estado.

Um museu feito de memórias e afeto

Em Guaramirim, Marcos Robert Fiamoncini, que trabalha como motorista na WEG, criou o Dei Nostri Nonni (“Dos nossos avós”), um pequeno museu particular dedicado à história de sua família e, simbolicamente, à de tantos outros italianos que, no final do século 19 e início do século 20, cruzaram o Oceano Atlântico, vencendo o medo do desconhecido em busca de uma vida melhor.

“A ideia do museu surgiu quando eu comecei a guardar objetos antigos da família”, conta. Tinham fotos, o chapéu do nono, o cachimbo, a máquina de moer milho… Com o tempo, a coleção cresceu tanto que ele precisou construir um espaço nos fundos de casa para abrigar os objetos. Já são mais de 150 itens catalogados, entre ferramentas, utensílios, móveis e lembranças que atravessam décadas, além de muitas fotos.

Entre os objetos de valor simbólico está uma máquina de fazer cabos de vassoura que havia pertencido ao avô de Marcos e depois foi vendida para um vizinho que, durante uma faxina no rancho, a encontrou. A máquina foi restaurada e passou a ser mais uma peça do museu particular da família.

A ideia do museu surgiu quando Marcos começou a guardar objetos antigos pertencentes à família | Foto: Fábio Junkes

 

Acervo reúne muitas fotografias | Foto: Fábio Junkes

Viagem ao passado

Mais do que guardar objetos, Marcos mergulhou fundo na história de seus antepassados e montou uma árvore genealógica que chega até a 15ª geração, remontando ao século 15, mais especificamente ao ano de 1445.

“Acho muito importante a gente conhecer as nossas origens. Desde criança eu sempre quis saber quem foram meus antepassados. Quando eu tinha 14 ou 15 anos, minha professora de história, no primeiro dia de aula, disse ‘vamos descobrir, antes de tudo, a nossa história’. Ela pediu para a gente fazer nossa árvore genealógica. Ali eu comecei tomar gosto pela coisa. Fui conversar com a nona para saber mais sobre nossa família…”, recorda.

“Na época não tinha internet, só o lápis e o caderno para anotar. Eu não tinha nem carteira para dirigir o carro, dependia do pai para ir aos lugares em busca de informação, então levou tempo, mais ou menos uns dois anos, para a gente ter todo esses nomes da árvore genealógica”, completa Marcos, que inclusive visitou cemitérios para levantar informações nas lápides, e chegou até a restaurar túmulos. Entusiasmado, decidiu fazer também a árvore genealógica de sua esposa, Rosimarli Oechsler Fiamoncini, e descobriu parentes que nem ela conhecia.

Marcos pesquisou bastante para montar a árvore genealógica dele e da esposa | Foto: Fábio Junkes

Passado, presente e futuro

Também pensando nas filhas, Giovanna Carla e Giordanna Carolina, ele tenta manter vivo esse vínculo com o passado, para que elas conheçam suas origens.

A trajetória da família Fiamoncini, preservada com tanto zelo por Marcos, é uma entre tantas histórias que compõem esse grande mosaico cultural que formou o Brasil. E mostra que a herança italiana segue viva — não apenas como passado, mas como presença constante no cotidiano e no coração de milhões de brasileiros.

Já são mais de 150 itens catalogados, entre ferramentas, utensílios, móveis e lembranças que atravessam o tempo | Foto: Fábio Junkes

 

Objetos contam histórias dos antepassados | Foto: Fábio Junkes

Todos os itens do acervo são guardados com muito capricho | Foto: Fábio Junkes

 

 

 

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Elisângela Pezzutti

Graduada em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.