Missão submarina: Robô entra no fundo do mar em busca de destroços do submarino Titan

OceanGate Expeditions/Divulgação via REUTERS

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

27/06/2023 - 12:06 - Atualizada em: 27/06/2023 - 12:50

Um robô está procurando destroços no fundo do mar depois que o submersível Titan implosão. Enquanto isso, as autoridades dos EUA e do Canadá estão investigando o que causou o acidente e se houve alguma violação da lei. A Guarda Costeira dos EUA convocou um Conselho de Investigação da Marinha para examinar a implosão. O capitão Jason Neubauer, investigador-chefe da Guarda Costeira dos EUA, informou no domingo (25) que este é o nível mais alto de investigação conduzido pela Guarda Costeira.

O conselho trabalhará para determinar a causa da implosão catastrófica e das mortes, além de fazer recomendações “para buscar sanções civis ou criminais conforme necessário”, disse Neubauer.

Atualmente, os investigadores estão concentrando seus esforços na recuperação dos destroços no fundo do mar. Na quinta-feira, especialistas militares descobriram destroços do submersível acidentado a cerca de quinhentos metros da proa do Titanic, conforme informado pela Guarda Costeira dos EUA.

De OceanGate/Arquivo

“Meu principal objetivo é evitar uma ocorrência semelhante, fazendo as recomendações necessárias para aumentar a segurança do domínio marítimo em todo o mundo”, disse Neubauer.

Enquanto ainda houver dúvidas, a operação vai continuar sobre o projeto do submersível, os materiais usados em sua construção, o que causou a implosão e quando exatamente a implosão aconteceu.

No último domingo (25), o submersível Titan estava descendo para os destroços do Titanic no fundo do oceano há uma hora e 45 minutos quando perdeu contato com seu navio principal. Essa situação deu início a uma operação de busca e resgate de um dia no Atlântico Norte, que terminou na quinta-feira com a descoberta dos destroços do submersível.

Além da investigação da Guarda Costeira dos EUA, existem várias outras investigações em andamento. As autoridades do Canadá, que também estão encarregadas de investigar o incidente, estão revisando as gravações de áudio do navio principal do submersível, o Polar Prince, de acordo com as autoridades canadenses.

Investigadores canadenses embarcaram no Polar Prince no sábado “para coletar informações do gravador de dados de viagem da embarcação e de outros sistemas da embarcação que contêm informações úteis”, disse Kathy Fox, presidente do Conselho de Segurança de Transporte do Canadá, no sábado. Um gravador de dados de viagem armazena o áudio da ponte do navio.

Enquanto isso, a Real Polícia Montada do Canadá está investigando se “as leis criminais, federais ou provinciais podem ter sido violadas”.

“Não há suspeita de atividade criminosa per se, mas a RCMP está tomando as medidas iniciais para avaliar se seguiremos ou não por esse caminho”, disse o superintendente da RCMP, Kent Osmond, em uma coletiva de imprensa no sábado (24).

Tanto as autoridades norte-americanas quanto as canadenses estão conduzindo entrevistas no porto de St. John’s, no Canadá. É lá que o Polar Prince retornou no sábado, com suas bandeiras a meio mastro.

“Este caso foi extremamente complexo, envolvendo uma resposta coordenada internacional, interinstitucional e do setor privado em uma região do oceano implacável e de difícil acesso”, disse no domingo o contra-almirante da Guarda Costeira dos EUA John Mauger, comandante do Primeiro Distrito da Guarda Costeira.

A Guarda Costeira confirmou que o navio experimentou uma “implosão catastrófica”, resultando na morte de todos a bordo. Entre os falecidos estavam Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions; o empresário britânico Hamish Harding; o mergulhador francês Paul-Henri Nargeolet; bem como Shahzada Dawood, empresário nascido no Paquistão, e seu filho Suleman, ambos cidadãos britânicos.

Reprodução/CNN

O que está acontecendo no fundo do oceano?

De acordo com um comunicado da Pelagic Research Services no domingo (25), o mesmo veículo operado remotamente que descobriu o campo de destroços do submersível na semana passada agora está sendo utilizado na operação de recuperação de detritos no Oceano Atlântico.

O veículo operado remotamente Odysseus 6K estava realizando seu quarto mergulho no fundo do mar desde sua chegada ao local de resgate do Titan no domingo, conforme divulgado em um comunicado da Pelagic Research Services, que foi observado pela CNN.

A empresa ainda informou que as capacidades de levantamento pesado da Odysseus “foram utilizadas e continuam a ser utilizadas” na missão para recuperação de Titan, mas não afirmou se os destroços foram recuperados e encaminhou à CNN para a Guarda Costeira dos EUA, que está liderando a investigação sobre a implosão e esforço de recuperação.

O capitão Neubauer não quisa dar detalhes sobre a operação, mas informou que “os recursos estão no local e são capazes de recuperar os destroços”.

Na manhã da quinta-feira (22) cinco pedaços diferentes de destroços do submersível foram encontrados informaram as autoridades. De acordo com Paul Hankins, diretor de Operações de Salvamento e Engenharia Oceânica da Marinha dos EUA, a extremidade de cada casco de pressão foi encontrada em um lugar diferente.

Foto: Pelagic Research Services

De acordo com Jeff Mahoney, porta-voz da Pelagic Research Services, é esperado que as missões de veículos operados remotamente continuem por mais uma semana. Mahoney afirmou à CNN que qualquer tentativa de recuperar algo do campo de destroços justificará uma operação conjunta com a Deep Energy, outra empresa que auxilia na missão, pois os destroços provavelmente serão muito pesados para serem levantados apenas pelo ROV da Pelagic.

Um oficial sênior da Marinha dos EUA informou à CNN que a Marinha detectou uma assinatura acústica consistente com uma implosão no domingo, na área onde o submersível estava mergulhando quando perdeu a comunicação. No entanto, o oficial ressaltou que o som foi considerado “não definitivo”. Os esforços multinacionais para localizar o submersível continuaram como uma operação de busca e resgate antes da descoberta do campo de destroços.

Especialista afirma que embarcação utilizava materiais que “simplesmente não funcionavam”.

Enquanto o campo de detritos está sendo mapeado e as peças do submersível sendo coletadas, especialistas estão levantando questões sobre o design do Titan. Uma revisão feita pela CNN do material de marketing da OceanGate, declarações públicas feitas por Rush e registros judiciais revelaram que, mesmo quando a empresa afirmava estar comprometida com medidas de segurança, ela rejeitava os padrões da indústria que imporiam um maior escrutínio sobre suas operações e embarcações.

Um ex-funcionário que trabalhou por pouco tempo na empresa como técnic de operações estava preocupado com a espessura e a adesão do casco, disse ele à CNN sob condição de anonimato.

“Esta era uma empresa que já estava desafiando muito do que já sabíamos sobre o design submersível”, disse Rachel Lance, engenheira biomédica da Duke University que estudou os requisitos fisiológicos de sobrevivência subaquática.

Ela observou que alguns dos materiais de design da embarcação “já eram grandes bandeiras vermelhas para pessoas que trabalharam neste campo”.

Ela ressaltou que as combinações não convencionais de materiais usadas no Titan, incluindo fibra de carbono, apresentam riscos de segurança, pois “ao serem submetidos a pressurizações repetidas, eles tendem a enfraquecer”.

“Isso não é exatamente o que, na minha opinião, seria inovação porque isso já foi tentado e simplesmente não funcionou”, disse ela.

Durante uma excursão submarina na costa das Bahamas em abril de 2019, o especialista em submersíveis Karl Stanley estava a bordo do Titan quando começou a ouvir ruídos altos, o que o fez suspeitar de possíveis defeitos na embarcação. Ele prontamente enviou um e-mail para Rush, o CEO da OceanGate Expeditions, como uma medida de precaução para alertar sobre a situação.

“O que ouvimos, na minha opinião… soou como uma falha/defeito em uma área sendo afetada pelas tremendas pressões e sendo esmagada/danificada”, escreveu Stanley no e-mail, cuja cópia foi obtida pela CNN.

O co-fundador da OceanGate, Guillermo Sohnlein, pediu às pessoas que não apressem o julgamento sobre a implosão.

Ao ser questionado obre o e-mail de Stanley, um porta-voz da OceanGate disse à CNN que eles não podiam fornecer nenhum tipo de informação adicional no momento.

“Existem equipes no local que ainda coletarão dados nos próximos dias, semanas, talvez meses, e levará muito tempo até sabermos exatamente o que aconteceu lá embaixo”, disse Sohnlein. “Portanto, eu nos encorajaria a adiar as especulações até que tenhamos mais dados para prosseguir”.

 

*Com informações de Isabelle Chapman, Curt Devine, Zenebou Sylla, Gloria Pazmino, Cole Higgins, Zoe Sottile, Rob Frehse, Paul P. Murphy, Gabe Cohen e Christina Maxouris, da CNN.

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).