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Macacos de Minas Gerais entram na idade da pedra lascada; entenda

Macaco-prego usa par de pedras para quebrar semente — Foto: Tiago Falótico/CC

Por: Pedro Leal

12/02/2025 - 17:02 - Atualizada em: 12/02/2025 - 17:07

A população de macacos-prego de Minas Gerais está avançando, segundo pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva.

Os símios da espécie Sapajus xanthosternos (macaco-prego-do-peito-amarelo) estariam em um estágio evolutivo semelhante àquele em que ancestrais do Homo sapiens chegaram há 3,3 milhões de anos: a idade da pedra lascada.

As informações são do jornal O Globo.

Segundo os pesquisadores, eles são capazes de produzir lascas de pedra, a forma mais rudimentar de ferramenta que hominídeos criavam na África, muito antes do surgimento do homem moderno.

No entanto, eles não lascam a pedra intencionalmente; elas resultam do uso de pedras para quebrar sementes e frutos secos.

A descoberta foi anunciada nesta terça-feira num estudo na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA. O trabalho foi liderado pelos cientista Tomos Proffitt e Lydia Luncz, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, e teve participação dos brasileiros Paula Medeiros e Waldney Martins, da Universidade Estadual de Montes Claros.

A produção de pedra lascada é vista por alguns antropólogos como um marco crucial da sofisticação da mente dos primeiros hominídeos, mas a demonstração de que as lascas podem ser feitas de maneira não intencional coloca essa premissa em questionamento.

Um ponto importante do novo estudo é que os pesquisadores compararam o material lítico produzido pelos macacos-prego mineiros e constataram que ele extremamente semelhante com lascas recolhidas na África que são aceitas como as ferramentas de pedra mais antigas produzidas por australopitecos e outros primatas hominídeos.

Usando uma rocha grande como base (a “bigorna”) e outra pequena para golpear o fruto (o “martelo”), os macacos-prego romperam a exclusividade que biólogos viam anteriormente em símios africanos no uso de ferramentas. Comportamento sofisticado como esse já havia sido observado apenas em chimpanzés e outros macacos evolutivamente mais próximos dos humanos.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).