Jornalista com câncer metastático cria marca de roupas acessíveis para pacientes oncológicos em SC

Foto: Divulgação

Por: Maria Luiza Venturelli

03/10/2024 - 14:10 - Atualizada em: 03/10/2024 - 14:52

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Aos 46 anos e enfrentando um câncer de mama metastático, a jornalista Samantha Leal, de Florianópolis, transformou sua experiência no tratamento oncológico em uma oportunidade de inovação.

Motivada pelos desafios que enfrentou durante seu tratamento, ela criou a marca Santa Ágatha OncoClothes, especializada em roupas acessíveis e funcionais para pacientes oncológicos.

As peças, que incluem zíper nas mangas e golas, foram pensadas para facilitar o acesso venoso em exames e aplicações de medicamentos, proporcionando maior conforto. “Você pode ir bonitinha, não precisa trocar por um avental horroroso.

É menos um problema para você ter na cabeça, porque o tratamento já é tão difícil”, relata Samantha, destacando que as roupas foram desenvolvidas para pacientes que utilizam cateteres, fazem coletas de sangue, hemodiálise ou injeções de medicamentos com frequência.

Além da funcionalidade, as peças também são produzidas com tecidos sustentáveis e confortáveis, adequados para o uso diário. “Ele é feito com material sustentável, tem uns que são 100% algodão, tem outro que é UV50+ dry fit”, explica Samantha, que teve a ideia ao refletir sobre suas próprias dificuldades no tratamento.

“Pensei que se eu tinha essa necessidade, outras pessoas poderiam ter também. Queria fazer algo acessível, prático e confortável para esse momento. E por que não bonito?”, completa.

A marca, que já vendeu cerca de 50 peças desde a sua criação, busca agora expandir sua linha de produtos para atender também a cadeirantes e pessoas que utilizam próteses. Samantha e sua sócia, Daniela von Hertwig Meyer, estão desenvolvendo peças com velcro e outros tipos de fechamentos, pensando em acessibilidade e conforto.

Como tudo começou

Diagnosticada com câncer de mama em 2015, Samantha passou a conviver com a doença que, há dois anos, tornou-se metastática, atingindo os pulmões. No início de 2024, ela começou a enfrentar efeitos colaterais severos das medicações.

“Tenho 46 anos e um dia acordei em plena menopausa, não foi um processo, ela chegou como um soco no estômago. Ao mesmo tempo, a medicação me dava dores articulares terríveis, fadiga, enjoo e diarreia, fora que suprimiu de vez todos os hormônios do meu corpo”, relata.

Durante uma viagem à Itália, Samantha teve uma experiência que transformou sua vida. Em abril deste ano, ela foi ao Vaticano buscar uma bênção do Papa, e, na Catedral de Milão, aos pés de uma imagem que ela desconhecia, começou a chorar. Era a imagem de Santa Ágatha, protetora das mulheres com câncer de mama.

“Intrigada com esse súbito sentimento, fui ler de quem era a imagem. Aí mesmo é que desabei. Ao sair dali minha cabeça começou a ferver e no meu caderninho de sonhos comecei a desenhar o que viria ser a Santa Ágatha OncoClothes”, relembra.

De volta ao Brasil, em maio, Samantha começou a trabalhar na criação da marca. Com um investimento inicial de R$ 30 mil, a produção foi terceirizada para um ateliê da região, enquanto os tecidos são adquiridos de uma fábrica em Brusque, no Vale do Itajaí.

Além de proporcionar mais conforto aos pacientes oncológicos, Samantha faz questão de retribuir a ajuda que recebeu.

“Fizemos doações de blusas para arrecadação dessas associações e pretendemos fazer outras campanhas para ajudar. É uma forma de devolver tudo o que elas fizeram por mim e pelos pacientes do Estado”, conclui.

Com informações do G1 Santa Catarina

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Maria Luiza Venturelli

Jornalista formada pela Faculdade IELUSC, especializada em conteúdo publicitário, cultura e entretenimento. Apaixonada por contar histórias que conectam pessoas e marcas de forma autêntica.