Esta semana representa um marco histórico para Joinville no trabalho de combate à dengue, porque começaram a ser produzidos os primeiros mosquitos Aedes Aegypti com a bactéria Wolbachia no município.
Nesta quinta-feira (8), os primeiros ovos de Wolbitos, como são chamados com mosquitos que possuem a bactéria, eclodiram e agora já são larvas. Nos próximos dias, estas larvas passarão pelo processo até se tornarem mosquitos e estarem prontos para serem soltos.
A operação é realizada na Biofábrica do Método Wolbachia, localizada no bairro Nova Brasília. O processo exige dedicação de uma equipe técnica coordenada por colaboradores do World Mosquito Program (WMP) e operacionalizada por agentes de combate a endemias da Vigilância Ambiental da Prefeitura de Joinville.
O trabalho segue o cronograma previsto em Joinville e a previsão é que a soltura dos primeiros mosquitos ocorra na segunda quinzena deste mês.
Estrutura da Biofábrica
Ainda na fase de preparação para a implantação do método, foram coletados mosquitos Aedes aegypti em Joinville e enviados para o Rio de Janeiro. É de lá que, periodicamente, são enviados os ovos dos Wolbitos para Joinville.
Quando eles chegam no município, ficam armazenados na Biofábrica. O processo inicia na sala de “Preparação”. É neste espaço que os ovos de Wolbitos, são eclodidos em um equipamento automatizado. Depois que os ovos são colocados nesse equipamento, eles eclodem em aproximadamente 45 minutos.
As larvas são transferidas para um segundo equipamento para serem contadas e divididas em grupos. Elas então vão para a “Sala de Larvas”, onde recebem alimento para desenvolvimento.
Quando se tornam pupas, estágio entre larva e mosquito adulto, elas voltam para um equipamento automatizado para sexagem e então são separadas em grupos menores de mosquitos fêmea e macho. As pupas vão para a “Sala de Tubos” e eclodem em até 48 horas, quando se tornam mosquitos alados e estão prontos para a soltura.
Os Aedes com Wolbachia em contato com os Aedes aegypti selvagens, que já circulam em Joinville, vão se reproduzir e assim, consequentemente, ocorre a troca de uma população de mosquitos por outra, que não transmitem doenças como dengue, chikungunya e zika vírus.
A Biofábrica conta também com a sala DML, onde são armazenados materiais; um almoxarifado; uma sala de limpeza, onde os equipamentos são higienizados; e uma copa.
O Método Wolbachia
A estratégia do método contempla a introdução da bactéria Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti. Esta bactéria está presente em 60% dos insetos da natureza e não causa danos aos humanos. A Wolbachia impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dos insetos, contribuindo para redução dessas doenças.
O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia.
Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método auto sustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.
Não há qualquer modificação genética no Método Wolbachia do WMP, nem no mosquito nem na Wolbachia.
A implementação do Método Wolbachia em Joinville ocorre por meio de uma ação conjunta entre a Prefeitura de Joinville, Fiocruz, World Mosquito Program (WMP), Governo de Santa Catarina e Ministério da Saúde.
Importante!
Os mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia não são modificados geneticamente. Também não se deve utilizar a expressão Aedes do Bem (ou mosquitos do bem), pois se trata da marca registrada de outra técnica, diferente do Método Wolbachia.