Na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença. A promessa de estar com a pessoa amada em qualquer momento da vida – bons ou ruins – é bastante conhecida no universo matrimonial. Estes votos, porém, não são comuns apenas entre casais.
Ainda que não pareça, dizemos e refazemos tais votos toda vez que contamos com um amigo para nos ajudar.
Ou quando corremos para abraçar a amiga que venceu um mega desafio. Ou ainda quando simplesmente reunimos todos eles para uma cerveja no bar ou uma partida de Scrabble.
Na semana do Dia do Amigo, comemorado na última segunda-feira (20), o OCP conversou com alguns jaraguaenses que comprovam que a amizade é um laço imprescindível para a felicidade humana, ainda mais em tempos de pandemia, que nos pede o que parecia ser impossível: nos isolarmos de quem mais amamos.
Amizade a toda prova
Bruna Borgheti, 29 anos, gestora de projetos. Bárbara Bublitz, 28, professora de Artes da rede municipal de ensino de Jaraguá do Sul.
Segundo Bruna, as duas são amigas desde a adolescência, lá por volta dos 15 anos. Já a Bárbara não lembra muito bem quanto tempo faz, mas confia que a amiga sabe melhor.
Desde o início da pandemia do coronavírus as duas tiveram – assim como muitos outros jaraguenses – que se adaptar de inúmeras maneiras ao momento atual: trabalho, tarefa doméstica, relações com a família e, claro, com os amigos também.
“Como somos privilegiadas e, pelo menos por enquanto, não tivemos que enfrentar as batalhas mais duras que esse episódio trouxe, nossas mudanças foram puramente sociais, emocionais, psicológicas. E isso só deixou mais evidente a importância dessa rede de apoio que são as amizades, sabe?”, conta Bruna.
Como toda relação que envolve afeto, a amizade também precisa ser cuidada e cultivada com carinho, atenção e presença, mesmo quando estar perto fisicamente não seja possível.
Para manter esse cuidado, as duas mantêm trocas diárias de mensagens pelo WhatsApp, principalmente por áudios.
Compartilhar memes do Instagram também ajuda a aliviar quando o clima pesa, assim como as videochamadas.
“Mas essas videochamadas eram mais para rir, mais para saber um panorama de como a gente tava, porque para dar suporte uma à outra é no dia a dia mesmo, pelo Whats”, conta Bárbara.
Um suporte que, para Bruna, é ainda mais importante. A recomendação da pandemia é que todos que possam ficar em casa durante a pandemia saiam de casa apenas quando necessário.
Bruna decidiu seguir à risca e, desde o início, não se encontrou com outras pessoas e até ao mercado deixou de ir.

Acima, Bárbara Bublitz, e a amiga, Bruna Borgheti | Foto Reprodução/Instagram
“Num dia ouvimos falar em pandemia, no outro já estávamos nos organizando para o lockdown. Eu, que moro sozinha e já tenho alguns desafios com a minha saúde mental, fiquei com medo. Ninguém sabia muito bem o que aquilo significava, o que ia acontecer e quanto tempo ia durar, né?”, ela relata.
Já Bárbara adotou outra forma de fazer seu isolamento, se permitindo encontrar alguns amigos, depois de cerca de um mês sem qualquer contato com outras pessoas.
“Já convidei elas para tomar um café, elas falaram que ainda não era a hora e eu respeitei, não fiquei chateada e também não insisti. Uma amiga que quis me ver, e que a gente se encontrou, eu expliquei como estou fazendo o isolamento, para ela saber como está minha interação social, porque às vezes parece que a pessoa está em isolamento, mas vive passeando por aí”, conta.
Mesmo com as amigas que decidiram evitar saídas sociais, Bárbara deu seu jeito para estar próxima. Quando uma delas passava por um problema, ela resgatou até um costume que há muito não fazia: uma chamada telefônica.
Outras amigas, uma delas a própria Bruna, fizeram aniversário nesse período.
“Eu entreguei um presentinho para elas, um bolo, porque tinha duas de aniversário, a Bru era uma delas e uma que estava meio malzinha, aí eu só levei, deixei na porta, nem encostei nelas, nem fiquei conversando, foi muito rápido”, diz.
“Ter os amigos junto da gente (mesmo virtualmente) num momento em que a ordem é justamente o isolamento social faz TODA a diferença. Meu isolamento seria muito menos suportável sem eles”, atesta Bruna.
Amigos a distância
Carlos Eduardo Riegel da Silva, 32 anos, analista de Recursos Humanos. Rodrigo Basílio, 24 anos, Analista de Sistemas. O primeiro mora em Jaraguá do Sul. O segundo, em Minas Gerais.
Antes mesmo da pandemia, a amizade de cerca de nove anos entre Carlos e Rodrigo já acontecia à distância. Os dois se conheceram no Facebook, em um grupo de fãs da atriz Bette Davis.
Desde então, começaram a trocar figurinhas sobre os interesses que compartilhavam, o que acabou levando a uma forte amizade.
E, embora a pandemia pudesse ter tornado tudo mais difícil, no caso dos dois, os aproximou mais ainda.
“Aquela amizade que já existia a distância, ficou mais necessária e vital, para sentidos de compreensão, de distração, para um apoiar o outro nas ideias, nos planos que vêm surgindo durante a pandemia, ele tem me ajudado muito nas lives que estou fazendo”, conta Carlos.
Rodrigo conta que o contato entre eles é diário, principalmente ao fim do dia.
“Conversamos sobre nossas rotinas, novidades, mudanças e fatos da realidade e nossas dificuldades pessoais. São conversas via WhatsApp, texto e algumas por videochamada ou áudio”, ele relata.

À esquerda, Carlos Riegel, e seu amigo, Rodrigo Basília, de Minas Gerais | Foto Reprodução/WhatsApp
Carlos sente que, neste período de pandemia, é “obrigatório se falar todo dia”, porque, além da preocupação de saber como o amigo está, a conversa também é uma forma de aliviar a cabeça e pensar em outras coisas, mais leves.
“Manter a mente em outras coisas, sabe, falando de livros, de sentimentos, de se abrir mesmo, de se identificar, de se reconhecer… porque o que a pandemia causa agora é muito essa sensação de isolamento”, avalia.
Rodrigo acredita que sem o elo da amizade, passar por esse momento seria muito mais difícil.
“A pandemia tirou nossas vidas do eixo e ter com quem conversar nesse momento é algo ímpar. A amizade nos traz uma segurança e apoio, e saber que temos carinho de nossos amigos, que podemos contar com eles, preenche nosso coração e nos motiva”, declara.
Acompanhe a evolução da pandemia de Covid-19 em Jaraguá do Sul aqui.
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