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Jaraguaenses celebram Corpus Christi mesmo sem os tradicionais tapetes e procissões

Tradição dos tapetes foi deixada de lado para evitar transtornos com a coleta de lixo, até então suspensa por conta da paralisação dos caminhoneiros | Foto Eduardo Montecino / OCP News

Por: Elissandro Sutil

31/05/2018 - 14:05 - Atualizada em: 31/05/2018 - 14:35

Os tradicionais tapetes coloridos estendidos pelas ruas da cidade foram deixados de lado neste ano. Em função da paralisação dos caminhoneiros, a recomendação era de evitar produzir mais lixo do que o necessário e, portanto, a serragem e todos os outros insumos já característicos não estiveram nas ruas nesta quinta-feira (31).

Importante e tradicional, a celebração de Corpus Christi foi marcada, em Jaraguá do Sul, por igrejas lotadas e que se adaptaram ao momento vivido no país. Enquanto na Paróquia São Sebastião, no Centro, a missa reuniu milhares de fiéis sem a procissão ao ar livre, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Ilha da Figueira, a comunidade se reorganizou e adaptou a procissão.

Com um tapete mais simples, confeccionado com TNT e cartazes, a procissão ocorreu apenas no pátio e no entorno da igreja. A contadora Sheila Pires, de 42 anos, conta que os materiais serão reaproveitados em atividades já programadas da comunidade, como grupos de catequese.

Buscando alternativas

Ela explica que, assim que a diocese emitiu a nota solicitando o cancelamento dos tapetes confeccionados, geralmente, com serragem, os grupos se reorganizaram de modo a encontrar uma alternativa para readaptar a procissão.

“Geralmente nos reunimos de madrugada, agora remarcamos para 7h30 e ficou acordado que cada um faria os cartazes já prontos para confeccionar o tapete”, explica.

Mesmo sem os tapetes, celebração na paróquia reuniu muitos fiéis | Foto Eduardo Montecino / OCP News

Mesmo sem os tapetes, celebração na paróquia reuniu muitos fiéis | Foto Eduardo Montecino / OCP News

Sheila diz ainda que os cartazes foram pensados para lembrar o tema da celebração, que é Jesus Eucarístico. Apesar de ter que readaptar a celebração, a contadora afirma que a readequação em nada abalou a fé e a tradição cristã de celebrar o “Corpo de Cristo”.

“Pra gente, apesar das alterações, não mudou nada e o principal não foi afetado que é o momento da adoração”, ressalta.

Tradição cristã que remonta ao século 8

Segundo a tradição cristã, a origem da celebração data do século 8, quando um monge de São Basílio, em Lanciano, na Itália, teria duvidado da presença de Cristo na Eucaristia. Neste momento, a hóstia teria se transformado em carne e o vinho em sangue.

Apesar disso, apenas em junho de 1246 a festa de Corpus Christi – Corpo de Cristo, na tradução do latim – foi instituída pelo Papa Urbano IV. Para a igreja, essa celebração mostra a redenção através da Eucaristia que simboliza os sofrimentos de Jesus Cristo.

Segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Corpus Christi celebra a “presença real de Jesus Cristo no pão e no vinho”. A data é móvel e é comemorada sempre 60 dias depois do domingo de Páscoa.

Comunhão entre a fé e a entrega total

Para Alessandra de Souza, que foi até a Paróquia São Sebastião acompanhada do companheiro e do filho, de seis anos, a celebração representa a comunhão com Cristo. “É a maior representação que existe de fé e entrega, o Corpo de Cristo nos permite essa comunhão”, afirmou.

Celebração na Paróquia Nossa Senhora Aparecida contou com tapetes alternativos | Foto Eduardo Montecino / OCP News

Celebração na Paróquia Nossa Senhora Aparecida contou com tapetes alternativos | Foto Eduardo Montecino / OCP News

Assim como Alessandra, o aposentado Alexandre Slupski, 54, costuma frequentar com assiduidade a igreja, seja em celebrações mais tradicionais ou semanalmente, na missa de domingo. Embora chateado com o cancelamento dos tapetes, o aposentado considera a data tão especial quanto o Natal, pois também representa um encontro com Deus.

“É o momento de celebrar esse encontro e, fico feliz ao ver tanta gente aqui hoje. Eu mesmo fiquei aqui do lado de fora e fico feliz porque consigo ver que as pessoas estão procurando mais a fé e dando mais valor a ela e à Cristo”, ressalta.

A valorização da fé e do ser humano foi o que motivou a cabeleireira Ilza Richter, de 64 anos, a ir até a paróquia na manhã de sol forte. Luterana, ela não vê na diversidade de religiões um problema e sim, uma união no momento de expressar a fé e, acima de tudo, de valorizar os ensinamentos deixados e perpetuados através dos anos.

“Eu gosto tanto da luterana como da católica e a celebração de Corpus Christi é muito bonita, assim como a do Natal, gosto de vir assistir. Afinal, Deus é um só”, finaliza.

As celebrações ocorreram por todas as paróquias de Jaraguá do Sul e, tanto na Paróquia São Sebastião quanto na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, as missas terminaram por volta das 11h.

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP