A recente preocupação nacional com casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas levantou um alerta também em Jaraguá do Sul. Embora até o momento não haja registros no município ou em Santa Catarina, o Procon jaraguaense divulgou uma nota orientativa na sexta-feira (3) com orientações importantes de como identificar e evitar o consumo de bebidas adulteradas.
O problema, no entanto, não é isolado. Uma pesquisa da Fhoresp (Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares de São Paulo) aponta que 36% das bebidas alcoólicas vendidas no País são fraudadas, falsificadas ou contrabandeadas. Dentro desse cenário, estima-se que uma em cada cinco garrafas de vodca comercializadas no Brasil esteja adulterada, segundo levantamento divulgado por veículos como A Gazeta e Finance Times.
Diante desse cenário, especialistas reforçam que a atenção deve começar no copo. O empresário e mestre destilador Rafael Dalmann, 37 anos, fundador da Mondlicht, marca jaraguaense de bebidas artesanais criada em 2018 e formalizada como empresa em 2021, em entrevista ao OCP, explica quais cuidados o consumidor precisa adotar para não cair em armadilhas que podem ser prejudiciais à saúde ou até fatais.
“Consumir uma bebida adulterada é como jogar roleta russa. Pode ser que não aconteça nada, mas também pode levar à morte. O metanol é extremamente tóxico e muitas vezes invisível, já que pode perder cheiro e cor durante o processo químico”, alerta.

Foto: Karina Gnewuch/OCP News | Selo IPI deve estar colado junto ao lacre.
Como identificar uma bebida adulterada
O mestre destilador Rafael Dalmann, destaca que não existe um único método infalível, mas a combinação de observação e boas práticas de compra já reduz consideravelmente os riscos. Confira as principais dicas:
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Verifique o rótulo e o lote: embalagens originais sempre apresentam número de lote e informações claras sobre a procedência.
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Confira o selo de fiscalização: emitido pela Casa da Moeda, o selo garante que o produto passou por controle oficial.
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Desconfie do preço: valores muito abaixo da média de mercado são sinal de adulteração ou falsificação.
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Analise a queima da bebida: quando o destilado “queima” demais ao ser ingerido, pode indicar falha na destilação ou falsificação.
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Note a ausência de cheiro: embora o metanol possa ser quimicamente neutralizado em aroma e cor, o gosto ainda denuncia irregularidades.
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Exija nota fiscal: além de garantir seus direitos, é a única forma de rastrear a origem da bebida.
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Prefira estabelecimentos sérios: locais confiáveis exigem laudos de análise química dos produtos.
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Conheça o produtor: no caso de bebidas artesanais, a confiança no fornecedor é fundamental.
- Dica extra: o tempo é o principal aliado, se após consumir bebida alcoólica você apresentar sintomas de uma “ressaca” intensa e fora do habitual, procure atendimento médico imediatamente.

Foto: Karina Gnewuch/OCP News | Procon intensifica ações de fiscalização em Jaraguá do Sul.
Por que o metanol é tão perigoso?
O metanol é um álcool altamente tóxico, amplamente utilizado em processos industriais, como na fabricação de plásticos, solventes, combustíveis, tintas e até em alguns produtos de limpeza e anticongelantes. Apesar de seu uso em diversas áreas da indústria, ele jamais deve estar presente em bebidas destinadas ao consumo humano.
Segundo especialistas, a gravidade da intoxicação depende de fatores como a quantidade ingerida, a saúde do fígado e o metabolismo individual. Mesmo pequenas doses podem causar cegueira irreversível, insuficiência renal, danos neurológicos ou levar a casos mais graves, como a morte.
“Não existe margem segura. O corpo humano não foi feito para metabolizar metanol. Por isso, a única medida realmente eficaz é a prevenção, evitando produtos de origem duvidosa”, ressaltou Dalmann.

Foto: Milena Natali/OCP News | O rótulo deve ter número do responsável técnico, registro no MAPA e selo de fiscalização.
O papel do Procon
O Procon de Jaraguá do Sul, alinhado com a Nota Técnica nº 3/2025 da Senacon, reforça que a falsificação de bebidas é crime e que as fiscalizações estão sendo intensificadas. Em caso de suspeita, o consumidor deve denunciar pelo telefone (47) 3409-0230, pelo aplicativo Jaraguá na Mão ou pelo e-mail [email protected].
Além disso, hospitais do município já estão preparados com o antídoto específico para casos de intoxicação por metanol. O tratamento, no entanto, só pode ser feito em ambiente hospitalar, mediante avaliação médica.