Empresas brasileiras estão se preparando cada vez mais para a internacionalização, impulsionadas essencialmente pela transformação digital. Uma pesquisa da Fundação Dom Cabral divulgada no dia 12 de setembro mostra que as companhias têm feito movimentos internacionais de forma mais integrada aos seus objetivos estratégicos. O levantamento, intitulado “Trajetórias FDC de Internacionalização das Empresas Brasileiras”, aponta que a maioria das empresas nacionais que atuam no exterior aumentou os investimentos no mercado externo nos últimos dois anos. Segundo a pesquisa, 45,1% das empresas brasileiras internacionais aumentaram os investimentos no exterior; 38,2% mantiveram no mesmo patamar; enquanto apenas 16,8% reduziram.
Um dos primeiros passos para quem pretende internacionalizar os negócios de forma sustentável é a preparação da equipe interna. A Teclógica, empresa catarinense de TI com atuação em mais de dez países, começou o processo de internacionalização há cerca de um ano. Uma das estratégias visa justamente a capacitação do time, de modo a incluir a língua inglesa na rotina e envolver todos os colaboradores. Além das aulas de inglês in company, as equipes começaram a ter reuniões periódicas para praticar a conversação e as comunicações internas da companhia passaram a ser bilíngues.
“Incentivar o diálogo corporativo e o debate de assuntos mais formais – pouco abordados usualmente nos cursos tradicionais – influencia para que as pessoas se adaptem mais rápido à comunicação bilíngue em vários âmbitos da vida, inclusive no ambiente de trabalho”, aponta o CEO da empresa, Clovis Vasselai. Segundo ele, a ação oportuniza aos colaboradores a chance de aplicar seus conhecimentos. “Ao contrário do ensino tradicional, quando inserimos algo em nossa rotina, isso resulta em um aprendizado contínuo, que não será esquecido. É por meio da periodicidade que ganha-se autoconfiança. Abraçar a língua inglesa na Teclógica foi a forma que encontramos para incentivar e destravar a comunicação do nosso time”.
No mês de junho deste ano, algumas das equipes mais avançadas no idioma completaram um ano de reuniões diárias em inglês. Entre eles, os times que atuam com demandas de Indústria 4.0. “Testemunhamos a evolução das nossas habilidades linguísticas e, a cada dia, nos desafiamos a sair das nossas zonas de conforto”, afirma o diretor comercial da Teclógica, Aloisio Arbegaus. Com cerca de 100 colaboradores, a empresa atualmente atende clientes de outros países em língua inglesa e tem perspectiva de incluir também o espanhol na rotina dos funcionários. “Nossa atuação internacional ocorre de forma orgânica junto aos nossos parceiros e clientes que, em conjunto conosco, encontram as demandas de acordo com nosso portfólio de serviços”, observa Arbegaus.
O diretor comercial entende que o mercado aprendeu a olhar o Brasil como um país que consegue solucionar problemas e ser, principalmente, flexível na aplicação de soluções. “Sobretudo após a pandemia, recebemos demandas de nossos clientes que anteriormente preferiam executar projetos com profissionais de outros países, seja por uma questão de presença geográfica ou facilidade de comunicação do idioma global. Em alguns serviços, somos até mais capacitados que nossos concorrentes lá fora, mas comunicação é um ponto fundamental para minimamente entrar no jogo. Por isso, preparar nossas equipes é um passo estratégico”, ressalta.
Plano de desenvolvimento
A evolução dos colaboradores é medida por meio de uma plataforma de comunicação interna para traçar planos de desenvolvimento trimestrais. Ao fim de cada ciclo de avaliação, são feitas trocas entre os gestores e cada pessoa da sua equipe, para entender como o colaborador se sentiu no último trimestre, que dificuldades vem encontrando, se deseja desenvolver outra soft skill ou se vê necessidade de outra estratégia de aprendizado, por exemplo.
A analista de Marketing Bruna de Miranda, que participa das capacitações oferecidas pela empresa, conta que a Teclógica organizou aulas com turmas corporativas considerando o nível de conhecimento de cada um. “Há um ano temos aulas com professores uma vez por semana. São turmas pequenas onde podemos treinar a conversação junto com nossos colegas. Todos os comunicados internos também são feitos nas duas línguas (inglês/português), então todos os dias tenho a oportunidade de exercitar o vocabulário. O mais interessante é que, diferentemente das aulas de inglês tradicionais, que são realizadas em escolas de idiomas, o ensino e comunicação são mais focados em assuntos corporativos e de negócios, então é algo que realmente nos desenvolve para o trabalho”, explica. Bruna conclui explicando que o maior desafio para ela era a conversação, mas que hoje se sente mais segura para se comunicar com clientes e parceiros.
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