Infecções por HIV no estado revelam desafios de conscientizar jovens e idosos sobre riscos

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Por: Pedro Leal

15/03/2024 - 16:03 - Atualizada em: 15/03/2024 - 16:07

Santa Catarina registrou, nos últimos 10 anos, um total de 23.264 novos casos de infecção por HIV, com uma média de pouco menos de 2,5 mil casos por ano e uma diminuição anual nos números. Os dados são da Diretoria de VIgilância Epidemiológica (Dive) da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, e revelam alguns padrões sobre o comportamento da doença no estado nos últimos anos.

O estado segue com um quadro preocupante entre a população masculina – são 2,3 casos para cada infecção na população feminina – e dois eixos etários que demandam estratégias específicas, afirma Eduardo Campos de Oliveira, médico infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica: a população acima dos 60 anos, com 10,3 casos por 100 mil habitantes, e a população jovem, com mais de 40 casos por 100 mil habitantes.

Oliveira frisa, no entanto, que a infecção pelo HIV vem sofrendo uma queda, graças a avanços tecnológicos e no tratamento. Essas tecnologias incluem testes rápidos não só para o HIV mas também para outras IST como Sífilis e HPV.

“A partir deste diagnóstico é possível encaminhar para o tratamento o mais precocemente o possível. Quanto mais cedo for controlada a carga viral, maior a segurança não só para a pessoa mas para seus parceiros”, explica.

Ele adiciona que os medicamentos estão mais eficazes e menos tóxicos, com efeitos coletarais mais leves. Pessoas em tratamento que consigam manter a carga do vírus sob controle e indetectável não transmitem o vírus. Isso faz uma grande diferença no quadro epidemiológico global, explica o médico. “Se mais pessoas estiverem sob tratamento, menos pessoas serão infectadas pelo HIV”, resume.

“No nosso estado nós temos uma realidade onde esse fenômeno tem dado sinais ainda de maneira discreta. Nós temos percebido algum sucesso nas medidas tomadas pelo ministério da sáude e suas diretrizes no combate ao HIV, com uma percepção de que vêm havido uma redução no número de casos no país de maneira global, anda que não seja igual em todas as regiões do nosso país”, explica

A notificação de casos positivos é obrigatória e serve para que possam ser tomadas medidas e estratégias efetivas.

Com relação à AIDS, o avanço da infecção pelo HIV para o quadro clínico, são 42 mil casos no estado neste período.

“Tudo isso reforça a importância de estratégias de prevenção entre alguns grupos como os mais jovens, em que a taxa tem aumentado, e o público masculino, com 2,5 casos masculinos para cada caso feminino. Pessoas com mais idade, acima dos 60, também tem tido alta na diagnóstico, que mostra o desafio de trabalhar a prevenção do HIV na 3ª idade”, explica.

Segundo o relatório epidemiológico da Dive, de 2012 a 2022 foram notificados 5.792 casos de crianças expostas ao HIV em Santa Catarina. Considerando o ano de parto 2022 foram notificadas 413 gestantes, com 392 nascidos vivos. Entretanto houve a notificação de 496 crianças expostas nesse mesmo ano.

No período de 2012 a 2022, foram 5.549 óbitos por Aids registrados em Santa Catarina, dos quais 63,1% ocorreram no sexo masculino.

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).