A oxitocina, mais conhecida como o hormônio do amor, é a grande aposta da medicina no combate à obesidade. Estudos recentes têm associado a ela o poder de ajudar efetivamente na perda de peso. No mais recente, um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Harvard conseguiu provar, em pesquisas clínicas, que a administração do hormônio sob a forma de spray nasal reduz o consumo de calorias e melhora o metabolismo em pessoas saudáveis. Os resultados da investigação já foram aceitos pela Endocrine Society, principal entidade americana de endocrinologia, e vêm confirmar as conclusões de trabalhos anteriores, que, baseados em estudos com animais, mostraram que a oxitocina diminui a vontade de comer.
Na pesquisa, vinte e cinco voluntários (12 deles com excesso de peso e o restante com peso normal) receberam uma única dose do hormônio em spray ou um placebo. Uma hora depois, eles foram convidados a seguir para um bufê, onde podiam se alimentar livre e fartamente. Após a refeição, os especialistas mediram a quantidade de calorias consumida por cada um deles e concluíram que, em média, os que receberam oxitocina ingeriram 122 calorias e 9 gramas de gordura a menos.
Segundo os pesquisadores, além de reduzir a ingestão calórica, o hormônio do amor melhorou o metabolismo dos voluntários, acelerando o processo que transforma a gordura corporal em energia, e aumentou a sensibilidade à insulina, ou seja, a capacidade de o organismo eliminar o excesso de açúcar da corrente sanguínea.“Os resultados são de fato animadores”, diz a principal autora do estudo, a professora Franziska Plessow, de Harvard. “Acredito que a oxitocina possa ser um tratamento promissor contra a obesidade e as complicações metabólicas a ela associadas”, acrescentou.
A hipótese mais provável para o poder emagrecedor da substância é sua ação no cérebro: ela age em uma área responsável por controlar o apetite e as atitudes compulsivas relacionadas à comida – basicamente, aquele ataque à geladeira fora de hora. A oxitocina mostrou, principalmente, potencial em modificar comportamentos, trazendo alívio nos casos de ansiedade, que, em boa parte, estão associados ao aumento de apetite e ganho de peso.
Ainda não há previsão de quando o spray nasal chegará ao mercado com esse fim, mas a aposta é de que, muito provavelmente, isso aconteça nos próximos cinco anos.
O hormônio
Produzido pelo hipotálamo, o hormônio é a droga do amor natural do organismo. A oxitocina, além de ser associada às contrações uterinas na gravidez e à produção de leite materno, tem relação direta com qualidade e quantidade de orgasmos, química entre casais e perda de inibição social. Seu poder de alterar comportamentos é tão forte que os cientistas até já a compararam aos efeitos do álcool e da maconha. Os níveis dobram quando nos apaixonamos e caem quando um relacionamento chega ao fim.
O hormônio tem papel importante na reprodução sexual humana, estimulando a aproximação entre os dois sexos, além de ter papel relevante no humor de homens e mulheres, tornando a relação mais fácil. No caso masculino, a oxitocina ainda controla a agressividade, deixa-os mais amáveis e com comportamentos sociais mais adequados, embora sua atuação seja muitas vezes bloqueada pela ação da testosterona.