No dia 27 de março de 2004, os moradores do Sul de Santa Catarina e de parte do Litoral Norte do Rio Grande do Sul vivenciaram a passagem de um furacão. O fenômeno, que foi batizado oficialmente como “Furacão Catarina”, deixou um rastro de destruição e 11 mortos.
Sem precedentes, foi o primeiro furacão registrado no Atlântico Sul e o único a tocar o solo brasileiro.
Catorze municípios decretaram Estado de Calamidade Pública, e sete, Situação de Emergência na época. Foram 33.165 desabrigados e desalojados e pelo menos 78 feridos.
Os prejuízos econômicos foram superiores a R$ 850 milhões, sendo que mais de um milhão de catarinenses foram afetados. Entre as vítimas, dez pescadores perderam a vida, além de um motorista que teve o veículo atingido pela queda de uma árvore.
O engenheiro agrônomo, Ronaldo Coutinho, da Climaterra, em São Joaquim, lembrou que a formação do furacão foi detectada no dia 22 de março de 2004, através de uma tríplice parceria entre a Climaterra, Ciram e Metsul. Foram os únicos que desde o início tratavam como furacão, apoiados pelo centro de furacões dos USA.
“Todos nós [Metsul, Ciram e Climaterra], através de imagens de satélite, sabíamos que algo grave estava para acontecer já na segunda-feira e mantivemos as informações internas até o momento em que tivemos a exata certeza de que aquilo era realmente um furacão. Fomos trocando informações e relatando o caso à Defesa Civil, já na esperança de salvar vidas”.
Segundo ele, emissoras de rádios do Sul de SC foram cruciais para salvar vidas, em especial na hora em que o olho do furacão tocou o solo catarinense.
“Neste momento, os avisos foram constantes para ninguém ir para rua, pois o pior estaria por vir. Não cito nomes, pois todas as emissoras foram importantíssimas e a sociedade tem uma enorme gratidão com o rádio, diferente das redes nacionais e uma grande rede de rádio de Porto Alegre, que brincou com uma previsão do furacão feita na CBN/Florianópolis, reprisando e fazendo chacota. Na manhã de sábado, depois todos sabemos o que aconteceu. Levaram a sério nossos avisos e foram a luta por quase 30 horas seguidas, salvando vidas”.
De acordo com Márcio Luiz Alves, diretor do departamento estadual da Defesa Civil, à época, ninguém estava preparado para um evento dessa magnitude, porém o Governo de Santa Catarina tinha uma Defesa Civil estruturada, o que permitiu que todas as providências necessárias fossem tomadas.
“Tínhamos que ter a segurança de evitar que o pânico se instalasse entre os catarinenses e as providências foram tomadas no momento oportuno”, relembra Alves.
Relembre
No dia 27 de março de 2004, às 17h45min, foi a chegada do Furacão Catarina em Balneário Arroio do Silva. Às 19h50min iniciou a chuva e o vento sul.
A partir das 22h48min, a chuva muito forte e o vento intenso provocaram destelhamentos de algumas edificações. Às 22h30min, o mar atingiu casas e calçadas situadas na orla. À 1h15min, entrada do olho do Furacão, chuvas e vento cessaram.
Segundo relatos, sentiu-se muito calor, moleza no corpo e sensação de bem estar. Muitas pessoas saíram de suas casas. Às 2h48min foi o início da parte crítica. Ventos de norte muito fortes, com rajadas de 180 a 200 km/h. A partir das 3h15min, os ventos diminuíram para 150 km/h; às 4h30min para 100 km/h e às 5h30min, vento fraco a moderado.
Com informações da Defesa Civil de Santa Catarina