Falta de participação da família é principal gargalo, diz ADR

Na escola Valdete Inês Piazera Zindars, gestores afirmam investir em projetos que deem voz aos alunos e estimulem participação dos pais - Foto: Eduardo Montecino/OCP Online

Por: OCP News Jaraguá do Sul

23/02/2016 - 04:02 - Atualizada em: 24/02/2016 - 08:48

A dificuldade de engajar e envolver as famílias com o trabalho desenvolvido nas escolas ainda é o principal ponto fraco do ensino estadual na região, segundo avaliação da gerente de Educação da Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) de Jaraguá do Sul, Cristiana Poltronieri Ziehlsdorff. Com o retorno de quase 20 mil alunos às salas de aula ontem, o tema volta a entrar em pauta em um ano que marca o início das gestões democráticas nas escolas estaduais. Ao todo, 31 escolas retomaram as atividades depois de eleger os diretores no ano passado.

“Nossa principal luta é para que os pais deixem de ver a gestão da escola como um adversário e que passem a se unir em prol da educação”, comenta Cristiana. “As famílias são parte importante do processo e precisam se fazer presentes na vida escolar para que se possa alcançar um desempenho mais elevado”, defende a gerente regional, que assumiu o cargo no começo deste ano.

Duas ações centrais desenvolvidas nas escolas estaduais este ano estão diretamente relacionadas ao núcleo familiar. Segundo Cristiana, um dos focos é reforçar e complementar o trabalho de prevenção ao bullying, que visa atender a legislação estadual. “A proposta é trabalhar isso de forma interdisciplinar, desenvolvendo projetos”, explica ela. O combate ao Aedes aegypti também está em voga no calendário estudantil: “Teremos mutirões, orientações, trabalhos de prevenção, tudo para atingir ao maior número de pessoas”, enfatiza a gerente regional.

E, para engajar os pais, é preciso também envolver os alunos. É nisso que tem apostado a Escola Valdete Inês Piazera Zindars, em Jaraguá do Sul. Após o processo de votação dos gestores, a equipe resolveu criar uma série de ações que estimulam a participação ativa dos alunos. A primeira delas, batizada de “Uniforme que eu quero”, vai dar aos estudantes a oportunidade de criar e votar no uniforme que melhor expresse a identidade da instituição.

“A escola tem que ser a cara do aluno. Nós sabemos que o formato da escola já é considerado ultrapassado para deles, então precisamos buscar ações para atrair a atenção destes jovens e como consequência despertar o interesse dos pais”, defende a diretora da instituição, Angelita Wanderwegen. O processo de eleição democrática foi um importante passo neste sentido, destaca: “A partir da construção de um plano de gestão coletivo, é possível estimular mais fortemente esta participação. Inclusive, nossos alunos já vieram cobrar a criação de um grêmio estudantil, inspirados pela vontade de ter mais voz na escola”, orgulha-se ela.

Para a estudante Franceli Soares, de 16 anos, um ambiente aberto ao debate ajuda a gerar ideias mais criativas e estimula os professores a serem inovadores. “A gente até aprende mais quando o professor sabe ser criativo”, acredita a aluna. A colega de classe Heloisa Soares, também de 16 anos, concorda e complementa: “É legal poder sair da rotina, ouvir o que os outros pensam e construir ideias juntos”, diz ela.

Profissionais eficientes são ponto forte
Enquanto o engajamento ainda é um desafio, a criatividade é vista pela Gerência Regional como o principal ponto forte das escolas estaduais. Conforme Cristiana, apesar das dificuldades estruturais, os professores e gestores das instituições têm se demonstrado inovadores e capazes de suprir as demandas em prol do ensino de qualidade. “Esse profissionalismo faz a diferença”, parabeniza ela.

Tal postura é possível, segundo Cristiana, graças à autonomia conquistada pelas unidades educacionais da região. “As próprias capacitações passaram a ser descentralizadas e oferecidas pela regional. Isso facilitou o desenvolvimento dos profissionais e deu mais autonomia ao trabalho”, diz.

Como complemento, este ano todos os diretores do Estado irão receber formação em Gestão Escolar: serão 104 horas, divididas em 64 presenciais e 40 à distância. O curso será realizado entre os meses de março e dezembro.

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Publicação da Rede OCP de Comunicação