Estudos apresentam técnicas menos invasivas para tratamento do câncer

Foto: Imagem ilustrativa/Pixabay

Por: Elisângela Pezzutti

12/06/2023 - 10:06 - Atualizada em: 12/06/2023 - 10:55

Estudos sobre o câncer já resultaram no desenvolvimento de muitas terapias com foco na cura e na redução dos impactos da doença nos pacientes.

Tratamentos comuns, como quimioterapia e radioterapia, continuam sendo usados para variados tipos de tumor, mas cientistas continuam pesquisando para descobrir terapias menos invasivas e com menos efeitos colaterais.

No encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, em inglês), realizado entre os dias 2 e 6 de junho, em Chicago (EUA), foram apresentadas inovações na área. Confira:

CAR-T

CAR-T é uma tecnologia que usa células do sistema de defesa humano, chamadas linfócitos T, que combatem microrganismos nocivos, como alternativa ao tratamento contra o câncer.

A técnica retira e isola as células do sistema imunológico. Depois, elas são “reprogramadas” para identificar as células do câncer. Em seguida, são colocadas de volta no organismo do paciente. Então, as células de defesa modificadas conseguem combater as células tumorais.

Em nosso país, a tecnologia tem sido estudada pelo Instituto Butantan, de São Paulo. O método será produzido pelo instituto juntamente com a Universidade de São Paulo (USP) e pelo Hemocentro de Ribeirão Preto, no intuito de ampliar o acesso à CAR-T, disponibilizando-a no Sistema Único de Saúde (SUS).

Câncer de mama metastático

A Beneficência Portuguesa (BP), de São Paulo, apresentou resultados de um estudo sobre o câncer de mama em uma conferência internacional.

Foram avalidados pacientes com câncer de mama do tipo HER2 positivo no cenário metastático, quando o câncer se espalha para outras partes do corpo, que fizeram tratamento na BP com o medicamento T-DM1, um anticorpo conjugado à droga, comumente usado em segunda linha.

Um estudo feito com 73 pacientes indiciou que 13% deles, que apresentaram resposta completa ou parcial com T-DM1 mas precisaram interromper o tratamento por toxicidade limitante, ficaram pelo menos 12 meses sem evidência de progressão de doença ou morte.

Em relação ao total de pacientes analisados no estudo, cerca de 7% que receberam tratamento com T-DM1 e tiveram sua suspensão por toxicidade mantiveram resposta clínica por mais de 3 anos.

Terapia celular contra o mieloma múltiplo

O mieloma múltiplo é um câncer raro que afeta células da medula óssea, pode causar anemia e aumentar o risco de infecções. Esse tipo de câncer corresponde a cerca de 1% dos tumores malignos e 10% a 15% dos cânceres ligados ao sangue.

Os tratamentos disponíveis hoje não curam a doença, mas possibilitam que o paciente tenha saúde e qualidade de vida por longos períodos.

Câncer de bexiga

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), anualmente são descobertos em média 10 mil novos casos de câncer de bexiga no Brasil. A doença atinge mais homens do que mulheres e o diagnóstico precoce possibilita maior chance de tratamento.

O estudo Thor, apresentado na conferência, apontou uma redução em 36% do risco de morte em casos de câncer de bexiga. A pesquisa avaliou o tratamento de tumores uroteliais com o erdafitinibe, medicação que tem como alvo a molécula FGFR, relacionada ao crescimento do câncer.

Novos tratamentos para tipo mais comum de câncer de pulmão

Estudos apresentados no encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica também apresentaram novas possibilidades no tratamento do câncer de pulmão em estágios iniciais. Entre eles estão o Keynote 671 e Adaura.

Em pacientes com doença em estágio II–IIIA, a taxa de sobrevivência em 5 anos foi de 85% com osimertinibe contra 73% com placebo. Porém, a partir do estágio II, o câncer se torna mais grave e agressivo.

Dados recém-divulgados do estudo Adaura confirmam o potencial de osimertinibe, aumentando a sobrevida dos pacientes, e pela primeira vez, mostrando um tratamento adjuvante oral capaz de reduzir o risco de morte.

Já no estudo Keynote 671, pacientes com câncer de pulmão localizado e operável receberam tratamento com quimioterapia mais imunoterapia (pembrolizumabe) antes de passarem por cirurgia. Após o procedimento, eles também receberam imunoterapia adjuvante por cerca de um ano.

Esse grupo foi comparado com outro que recebeu quimioterapia pré-operatória (sem imunoterapia) seguida de cirurgia. Os pacientes que receberam a imunoterapia tiveram maior chance de eliminação completa do tumor durante a cirurgia e com chance reduzida de recorrência da doença no decorrer do tempo.

Porém, especialistas observam que, mesmo com esses avanços, permanecem dúvidas sobre se uma dessas drogas é melhor do que a outra, qual é a verdadeira necessidade do uso de imunoterapia por um ano após a cirurgia e como proceder com os pacientes que não tiveram eliminação completa do tumor pelo tratamento pré-operatório.

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Elisângela Pezzutti

Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.