Um estudo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, mostra a existência de duas aldeias indígenas entre os anos 1200 e 1600 d.C. na região ocupada atualmente pelo município de Santarém (PA). Uma indicação de que as comunidades já existiam antes e durante a ocupação europeia.
A região é o maior sítio arqueológico da Amazônia, com uma extensão de quatro quilômetros. Os povoamentos, hoje encobertos pela ocupação urbana, são chamados de Aldeia e Porto, com 121 e 89 hectares.
A professora e pesquisadora Denise Maria Gomes, responsável pelo estudo, explica que os depósitos de terra escavados sugerem a presença de muita gente no lugar, indicando a existência de uma grande cidade amazônica no período pré-colonial.
“Através dessa pesquisa foi possível saber o tamanho das aldeias, que essas aldeias eram realmente muito grandes. A cronologia delas, que se inicia no século 11 d.C. e que vai até um século depois da chegada dos europeus. Também pudemos saber quais as atividades domésticas elas desenvolveram e também a importância dos rituais xamânicos que ali eram feitos”.
A pesquisadora ressalta ainda a presença de sociedades complexas, com instituições definidas, e que impressionam pelos aspectos estéticos. Denise Maria Gomes destaca algumas das principais conclusões do estudo.
“Em primeiro lugar, que essas populações que ocuparam esta área por vários séculos de maneira sustentável, sem destruir o meio ambiente, sem destruir os recursos que ali existiam. Em segundo lugar, que elas possuíam instituições que garantiram a sua permanência e mesmo uma expansão em uma ampla região, até a chegada dos europeus. E isso é um forte argumento em defesa dos grupos indígenas atuais ameaçados pela perda dos seus territórios e da ocupação predatória de Amazônia”.
Ainda de acordo com a especialista, estudos sobre o tema podem avançar mais a partir de novas descobertas.
A pesquisa será apresentada em duas mesas no Congresso Mundial de Arqueologia, que será realizado em junho, na Austrália.
* Com informações da Agência Brasil