Algum dia, leitora, alguém de algum governo lhe bateu à porta para lhe pagar o aluguel ou o rancho do mês? Algum governo já lhe pagou os remédios necessários? Pagou coisa nenhuma, nem vai pagar. Houve momentos em minha vida em que eu tinha certeza de que se tirasse a aliança do dedo ela sairia correndo para o balcão de penhores da Caixa Econômica, tantas vezes isso me foi necessário. Mas fui, aos poucos, tomando consciência de que se não fizermos a nossa parte no jogo da vida, babaus, nenhum governo vai fazer por nós. Uma obrigação dos governos, por exemplo, é garantir o atendimento à saúde das pessoas mais pobres. Fazem isso? Fazem nas campanhas eleitorais, depois delas, danem-se, trouxas! O que quero dizer? É que os pais têm que educar os filhos, desde o berço, para a atenção à independência, o construir o “castelinho” da segurança na vida, a segurança possível, a do dinheiro de que vão precisar, a casa onde vão ser felizes e por aí… Poucos fazem isso, ficam esperando por promessas ou por milagres, vão morrer esperando… O que nos ajuda é o suor do rosto, um suor justo, apaixonado pelo trabalho que fazemos, um suor fértil no solo da vida, sem esse suor, sem esse investimento é ficar esperando pelo trem que já passou… Estudar? Não para apenas ter o diploma na parede, estudar com ou sem diploma, mas estudar para saber e fazer bem-feito algum trabalho. Não esperar ajuda de ninguém, senão de si mesmo. Ah, claro, também não casar pensando que o casamento emancipa a mulher das dependências, pelo contrário, casamentos de hoje são cordas no pescoço das mulheres. Escassas exceções. Ontem ouvia um boca-aberta falando numa rádio de São Paulo e dizendo que não vai educar os filhos dele como ele foi educado, os tempos mudaram, disse o parvo. Mudaram em tecnologias, mas não mudaram um centímetro nos princípios, por exemplo, dos Dez Mandamentos. Ética, respeito, bons modos, honestidade nunca sairão de moda. Mas os pais omissos inventam histórias para fugir da responsabilidade de puxar as severas rédeas da Educação Moral e Cívica aos filhos. Crianças esperam pelos pais, mas nós, adultos, não devemos esperar por ninguém. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer, não é mesmo Vandré?
VIDA
Baita hipocrisia não falarmos abertamente de suicídios, todavia… Todos os dias ficamos sabendo de alguém que se matou. Pessoas, freqüentemente, com dinheiro, jovens, famosas, mas vivendo “sozinhas”, mesmo que cercadas de admiradores, dessas figurinhas que na verdade nada valem senão números entre curtidores do nada… A vida é mais que bens materiais, a vida é calor da vida, vida familiar, comunitária, vida simples, mas vá dizer isso nas esquinas…
GRATIDÃO
Muita gente, a maioria, pensa que gratidão é apenas agradecer a alguém por um favor que nos fez. Sim, isso “pode” ser gratidão, mas a gratidão budista, metafísica, é a gratidão às pequenas graças de nossas vidas. Pode ser gratidão pela cama fofa em que dormimos, pode ser pelo café quentinho da manhã, pode ser pelo nosso bichinho de estimação, de tudo, enfim, que nos faz felizes sem saldo bancário. Gratidão pelo ar que respiramos, antes de tudo…
FALTA DIZER
A maioria, e podemos estar nesse barco, só se lembra do santo quando troveja. Pessoas que vivem vidas simples, sem graves inquietações, mas que não se dão conta dessa felicidade. Quando, todavia, um “raio” da vida lhes cai no colo, “acordam” e se dão conta de que eram felizes e não sabiam. Será tarde.