Na tarde desta segunda-feira (6), no auditório da Católica SC, foi realizada uma cerimônia em homenagem ao centenário da Escola Estadual Julius Karsten. O evento contou com a presença de alunos, ex-professores e dirigentes, além de autoridades municipais e estaduais.
Localizada no Bairro Rau, em Jaraguá do Sul, a unidade de ensino deu início às suas atividades em 5 de março de 1923, com apenas 25 alunos. Hoje, ela é a maior escola de toda a região da Associação dos Municípios do Vale do Itapocu (Amvali), incluindo unidades das redes particular e pública, tanto do Estado quanto do Município, com mais de 1.700 alunos matriculados no Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio.
Valores
“Somos uma instituição pautada em valores éticos e de cidadania”, destacou a diretora da unidade, Margarete Luzzani, ressaltando também que sempre houve por parte da direção da Julius Karsten uma preocupação com a acessibilidade. “Temos hoje, 96 alunos com alguma necessidade especial”, informa.
A diretora comenta que, desde 2019, a escola está com um projeto para restauração de toda a parte física do prédio, com foco na acessibilidade, “pois não basta atender apenas a parte pedagógica.” Margarete Luzzani afirmou que “o Estado de Santa Catarina desenvolve uma excelente proposta pedagógica e humana, com muitos recursos, mas ainda temos uma longa caminhada com relação à acessibilidade dos prédios.”
A dirigente lembra que a primeira planta do projeto para reforma e ampliação da unidade foi feita por uma arquiteta que participou da Educação Especial da escola.
Ensino integral
Atualmente, dos 1.703 alunos que frequentam a Julius Karsten, 648 estão utilizando as dependências da Católica SC. São 18 turmas do Ensino Médio e uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental. O gerente de Educação da Regional de Jaraguá do Sul, professor Fernando Alflen, destacou que o uso desse espaço possibilitou o ensino integral, de modo que os alunos do Ensino Médio não precisassem estudar no período noturno.
“Quando a gente fala dos 100 anos de uma instituição, nós temos que lembrar algo muito importante: estamos aqui de passagem e a instituição, não. Chegará o momento em que nós não estaremos mais aqui, mas a Instituição Julius Karten há de permanecer”, observou Alflen.
O gerente de Educação destacou, ainda, que por mais que esteja sob o comando do governo estadual, a escola é de toda a comunidade e que se não fossem os alunos, professores e demais integrantes da sociedade não haveria motivos para comemoração.
Alflen também ressaltou que, atualmente, a Escola Julius Karsten oferece excelente estrutura para o desenvolvimento educacional dos seus alunos. A unidade conta com internet banda larga, Projeto de Reciclagem de Lixo, refeitório, biblioteca, quadras esportivas e laboratório de informática, entre outros, que fazem com que seja muito bem avaliada pelos pais, alunos e funcionários da instituição.
Quanto aos projetos de reforma e ampliação do prédio entregue ao Estado em 2019, Alflen observou que a pandemia atrasou o andamento do processo, que envolve inúmeras questões burocráticas, mas que o governador Jorginho Mello assegurou a execução das obras.

Diretora da unidade, Margarete Luzzani, recebeu do deputado estadual Vicente Caropreso uma placa com Moção de Aplauso em nome da Alesc
Homenagem da Alesc
A diretora da unidade, Margarete Luzzani, recebeu do deputado estadual Dr. Vicente Caropreso uma placa com Moção de Aplauso em nome da Alesc.
O deputado, que reconduzido à presidência da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) na última semana, destacou a importância da Julius Karsten para o desenvolvimento da comunidade jaraguaense. “Reconhecemos o grande trabalho desenvolvido por esta escola na formação dos alunos que por aqui passaram”, afirmou.
Caropreso observou que a comissão que preside vem tratando de um assunto que é desafio para todas as escolas: o grande número de crianças e jovens com diagnóstico de autismo e a presença de um segundo professor em sala de aula para atendimento de alunos com necessidades especiais.
Representando a Alesc, o parlamentar também entregou à diretora da instituição, Margarete Luzzani, uma placa com Moção de Aplauso pelo centenário da escola. A Moção de Aplauso é uma forma de reconhecimento e estímulo a pessoas ou instituições que contribuem, de forma profissional ou voluntária, para o desenvolvimento econômico, social e cultural da comunidade.
História
A história da escola que viria a se chamar Julius Karsten teve início bem antes: no ano de 1921, quando os agricultores da Estrada Nova de Retorcida uniram-se para construir um prédio escolar. Foram eles próprios que fizeram as paredes e telhas de madeira para a edificação.
Em 5 março de 1923, a Escola Mista da Estrada Nova de Retorcida se tornou realidade e foi nela que o professor Benjamin A. Riedtmann iniciou suas atividades para que os filhos dos imigrantes tivessem instrução escolar em uma Sociedade Particular, onde a própria comunidade contratava o professor, o qual apresentava um programa curricular seguindo os padrões da Língua Estrangeira.
Assim, o grande sonho das crianças daquela época foi realizado, pois não teriam mais que deslocar-se até escolas que ficavam a longa distância, como a Ferdinando Schlünzen, o Colégio São Luís ou a Escola Isolada Garibaldi.
Foi graças aos agricultores que surgiu a escola conhecida como Estrada Nova, na localidade de Três Rios, caminho para a Retorcida. Porém, essa iniciativa durou pouco.
Em 1924, a unidade escolar passou a ser controlada pelo governo do Estado, cujo chefe era Hercílio Luz, que contratou a professora regente de classe, Maria Bittencourt, e oficializou o ensino da Língua Portuguesa pelo decreto nº 2218. Depois, foi criada a lei nº 1619, de 1º de outubro de 1928, autorizando a reorganização do ensino primário.
Em 1947, surgiu a ideia da construção de uma escola próximo ao comércio Rau. Com o apoio dos moradores e a doação de uma área de terra por Julius Karsten, foi feita a nova escola no local onde está situada até os dias atuais. Essa mudança ocorreu para facilitar a locomoção e o acesso à escola da filha de Julius Karsten, Alvina Karsten Schwedler, que era professora e lecionava na Escola Isolada Estadual Desdobrada da Estação de Rio Vermelho, em São Bento do Sul.
A nova escola iniciou suas atividades em 1º de março de 1948, chamando-se Escola Reunida da Estrada Nova de Retorcida e, pouco tempo depois, passou a se chamar Escola Isolada Estrada Nova de Retorcida. Em 1962, o nome foi alterado para Escola Reunida Estadual Julius Karsten, em homenagem ao seu patrono, pelo seu empenho e dedicação à educação.
Em 1983, tiveram início as turmas de 5º a 8º série. Em 1988, começaram os cursos de Educação Geral e Ensino Médio. Através do processo n° 1106/87, aprovado em 29 de dezembro de 1987, a unidade passou a se chamar Colégio Estadual Julius Karsten, através da portaria n° 051/88 e entrou em vigor em 4 de março de 1988.