Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Mbappé e Salah. A lista de jogadores é interminável e, não bastassem eles, ainda tem os especiais, os estádios, as seleções completas. Agora, imagine isso tudo, em figurinhas e imagine todos esses adesivos rodando por aí.
O álbum da Copa do Mundo conquista torcedores, mas também quebra barreiras porque até quem não é muito chegado ao futebol tomou para si a paixão na hora de colar as figurinhas.
E, em alguns casos, a paixão está passando de geração em geração. É o caso do pequeno Gabriel Valério Birckholz, de oito anos, que pôde comemorar na última quinta-feira (17). O motivo? Álbum devidamente fechado, figurinhas coladas com capricho. Todas elas, as 682.
Segundo a mãe de Gabriel, Fabiana Borges Valério Birckholz, na última Copa, em terras brasileiras, mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo, Gabriel já tinha seu álbum e contou com o financiamento e a ajuda do pai na missão.
“Na Copa aqui no Brasil ele era muito pequeno, mas o pai dele fez questão de completar. Hoje, está guardado”, conta. Dessa vez, foram cerca de 45 dias desde o momento em que comprou o álbum até completá-lo.
Além da ajuda dos pais, avôs, tios e familiares, Gabriel contou com o auxílio profissional do comerciante Luiz Henrique Serenato, que dos 50 anos vividos, está há 40 colecionando figurinhas. O acervo é digno de profissional. E o comerciante não se limita aos álbuns da Copa. Campeonatos brasileiros, Copas, especiais; sendo futebol, está valendo.
O motivo da paixão de Serenato tem cor, a verde, e nome, o Palmeiras. Foi o time paulista que incendiou a paixão no coração do comerciante.
“Foi a paixão pelo Palmeiras que me levou a amar futebol e o resto é consequência”, garante.
O comerciante tem um trabalho bastante cuidadoso e passou a dedicar todo o seu tempo a ele desde que a o álbum da Copa foi lançado neste ano. Tabelas, anotações, separações. Em um “bolinho” jogadores, em outro, estádio, em um terceiro apenas as especiais. Tudo em ordem crescente.
As figurinhas da Copa do Mundo movem a vida de Serenato e o resultado não poderia ser outro. Além de completar o seu álbum, ele é o responsável por muitos outros fãs completarem os seus, como o pequeno Gabriel, que saiu do Bazar e Papelaria Marechal com os olhos brilhando.
As três figurinhas que insistiam em não sair nos pacotinhos estavam ali, esperando. Para Serenato, essa satisfação é a recompensa final. “O reconhecimento é ver a alegria, é esse reconhecimento que a gente quer”, conta.
Atualmente são cerca de 3,3 mil figurinhas aguardando para serem coladas. O comerciante explica que seu trabalho é complexo apenas na parte da organização, mas é simples na execução: é uma troca contínua de figurinhas.
E a todo momento, colecionadores entram pela porta já mirando o número estampado em um quadro atrás do balcão. É lá que está estampado o 111 que representa o número de álbuns fechados por ali.
O primeiro deles foi o de Serenato, que não poupou esforços para ser o primeiro jaraguaense a completar o álbum da Copa do Mundo 2018.
Trocas fora do ambiente virtual
O objetivo é claro: ser mais um entre as centenas que já completaram o álbum graças a troca de figurinhas. Foi por isso que o estudante João Pedro Dreschel, 23 anos, chegou ao balcão para “negociar” as figurinhas.
Torcedor do Flamengo, o estudante já está em seu quarto álbum de Copa. Os de 2006, 2010 e 2014 estão completos em casa. Neste ano, restam 150 para fechar a coleção. Para ele, a mais emblemática de todas já foi conquistada: a figurinha da taça. “Ah, é a taça né? Porque é a taça, é o objetivo que todas as seleções buscam”, explica.
O estudante lembra que a paixão passou de pai para filho e a memória de João ainda guarda a imagem do pai colando figurinhas em uma época que a cola era companheira inseparável.
“Meu pai gosta muito e nós já fizemos álbuns juntos. Ele tinha aquelas de colar com cola mesmo, sabe?”, conta.
O investimento até o momento foi de cerca de R$ 250 e, além de comprar, as trocas entre amigos também ajudaram a ir completando o álbum. Ele conta que a papelaria tem até mesmo um grupo, no qual os clientes se organizam para marcar trocas.
Para Luiz Henrique Serenato, o anfitrião das trocas, as figurinhas que conquistaram crianças, adolescentes e adultos, têm um papel maior do que a coleção. Mesmo que por um período, o álbum motiva uma mudança de hábitos, especialmente entre as crianças, hoje tão ligadas ao mundo eletrônico.
“A gente aqui acaba vivendo o dia a dia com as crianças e percebe que elas têm deixado de ficar na TV e no celular para se dedicar às figurinhas e aos álbuns”, diz. Além disso, ele afirma que elas podem e são usadas de forma didática.
Figurinhas para ensinar
Cristina Travi, 30 anos, tem aproveitado o álbum de figurinhas para ensinar algumas coisas ao pequeno Davi, de seis.
Ela, que também procurou o ponto de trocas, conta que o filho não é muito chegado a times ou ao futebol na TV, mas que a coleção de figurinhas está a todo vapor em casa, ajudando inclusive no aprendizado.
“É ele que cola as figurinhas e como está na fase de aprender os números, estou tentando usar isso de forma didática”, afirma.
Os países também estão na mira da mãe, que aproveita o álbum para ensinar o filho a reconhecer o nome de cada um dos países que disputam a Copa. “Panamá ele já lê direitinho, porque é mais simples”, finaliza.
Serenato garante que a paixão não tem idade e que os clientes possuem uma faixa etária bastante abrangente, que começa aos três anos e não tem limite. “Quem quer completar o álbum e se dedica, consegue. Não tem figurinha difícil”, garante.