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EJA de Florianópolis alfabetiza recicladores

sala de aula foi reformada e organizada pelos próprios recicladores | Foto Divulgação/PMF

Por: Ewaldo Willerding Neto

09/09/2018 - 06:09

A Prefeitura de Florianópolis, por intermédio da Secretaria de Educação, lançou o polo da EJA Recicladores. Um total de 35 desses profissionais irão se alfabetizar ou concluir o ensino fundamental. As aulas serão ministradas no espaço da Associação de Coletores de Materiais Recicláveis (ACMR), no bairro Itacorubi, que funciona em galpão anexo ao Centro de Valorização de Resíduos (CVR) da Autarquia de Melhoramentos da Capital, a Comcap.

A sala de aula foi reformada e organizada pelos próprios recicladores. As atividades ocorrerão sempre das 17h às 20h, na segunda, quarta e quinta-feira.

Para o secretário Maurício Fernandes Pereira, é dever da prefeitura dar atenção à educação em todos os níveis. “E é o que estamos fazendo”, frisa. “Estamos investindo na educação infantil, ensino fundamental e ampliando a EJA’, diz Maurício Fernandes Pereira.

No primeiro segmento, que visa a alfabetização, e tem como princípio educativo a leitura, há oito matriculados. Vinte e sete estudantes estão no segundo segmento, que tem por objetivo a pesquisa conforme os moldes de outros polos da modalidade de Educação de Jovens, Adultos e Idosos- a EJA. Esse segmento permitirá aos trabalhadores finalizarem o nono ano do ensino fundamental.

A Associação de Coletores de Materiais Recicláveis (ACMR) de Florianópolis foi fundada em 1999 por imigrantes vindos da região oeste de Santa Catarina, que deixaram a vida no campo e o trabalho na colheita de erva-mate em decorrência das difíceis condições de vida na área rural.
Esses imigrantes trocaram a escola pelo trabalho ainda quando crianças, resultado de uma vida marcada por desigualdades e injustiças sociais.

“Para muitos deles, retomar os estudos era um sonho distante, guardado com carinho no coração e nas memórias da criança que se viu forçada a trabalhar desde muito cedo” , conta a pedagoga Gabriela Albanás Couto.

Ela é doutoranda na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com pesquisa sobre o lugar da educação nas trajetórias sociais destes catadores.

Seis irmãos e um destino

Os irmãos Moacir (de gorro) Tânia, Ivanir, Sarajane, Fabiana e Volmir | Foto Divulgação/PMF

Moacir, 42 anos; Volmir, 40, Ivanir, 37; Sarajane, 35; Tânia, 29; e Fabiana, 22 anos. Todos são irmãos. Além disso, todos estão matriculados no Polo EJA Recicladores. A família é natural de Chapecó e está em Florianópolis desde os anos 1990. Volmir Rodrigues dos Santos, conhecido como Preto, é o presidente da Associação de Coletores. “A nossa vida é bem corrida. A gente levanta bem cedo para a lida”.

Ele diz que eles, os irmãos, e os demais trabalhadores, tinham dificuldade para ir a escola em outro lugar. “Então, a escola veio até a gente com a EJA. É uma coisa muito bacana da Prefeitura de Florianópolis”. Preto tem vários sonhos, um deles é chegar à universidade, quer cursar Engenharia Mecânica. “E eu vou conseguir”.

ACMR

Composta atualmente por 75 associados, a ACMR viabiliza a reciclagem de 400 toneladas por mês de materiais recicláveis provenientes da coleta seletiva municipal, realizada pela Comcap, além de outras fontes, como parceiros conveniados que doam os resíduos para a associação.

Com o trabalho da ACMR, a Prefeitura de Florianópolis economiza em torno de 60 mil reais mensais, considerando apenas os gastos com transporte e disposição final destes resíduos em aterro sanitário.

Estas pessoas- que realizam um trabalho de extrema importância para a cidade de Florianópolis e para o meio ambiente de modo geral, ao possibilitarem grande economia de recursos naturais por meio da reciclagem- administram de forma independente a Associação.

Apesar dos limites impostos, por vezes, pela baixa escolaridade, fruto de trajetórias marcadas por desigualdades e injustiças sociais.

 

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.