Olhando de longe, os adolescentes concentrados em volta de uma pilha de peças de Lego pode parecer uma simples brincadeira. Mas é essa atividade que vem mudando o dia a dia e o desenvolvimento dos alunos da rede municipal de Jaraguá do Sul.
Usando uma metodologia lúdica para abordar ensinamentos da física, química, matemática e até mesmo da língua portuguesa, o projeto de robótica da Secretaria de Educação atinge 240 crianças, de 11 escolas diferentes.
Neste mês, a equipe jaraguaense, dividida em cinco grupos, voltou premiada da etapa estadual da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), que aconteceu em Araranguá, no Sul do estado.
Na competição, eles conquistaram as seguintes colocações: melhor escola pública, com a equipe da escola Jonas Alves; melhor robustez, com o Robolotam, da escola Loteamento Amizade; melhor design, com o robô United, da escola Ribeirão Cavalo; e segundo lugar geral com o robô Thanos, da escola Ricieri Marcatto.
No nível dois da olimpíada, que compreende as turmas do oitavo ano até o ensino médio e técnico, a escola Ricieri Marcatto, com o Walle Matrix, também levou o prêmio de dedicação.
Os robôs foram construídos e programados para desempenhar funções de resgate em um ambiente de desastre simulado. Nesta semana, as equipes começaram a se preparar para o próximo desafio: a First Lego League, programada para acontecer em Rio do Sul no mês de outubro.
Secretaria pretende expandir projeto
O projeto de robótica começou em 2008, mas foi paralisado por alguns anos. Ao assumir a secretaria, Rogério Jung retomou a iniciativa com os kits que foram adquiridos no início do projeto.
“Gosto muito do projeto e acredito na transformação das crianças, por isso vamos investir nos extraclasses. Vamos fazer com que os alunos comecem a aprender de uma forma diferente para despertar o interesse deles por essas ações”, aponta o secretário.
Como os primeiros equipamentos tinham sido produzidos em 1998, a Educação investiu em novas peças de Lego, mais modernas. “Em pouco tempo de trabalho, conseguimos levar cinco equipes para as olimpíadas e voltar com um ótimo resultado”, enfatiza Jung.
Para o secretário, investir no projeto de robótica vai de acordo com a cultura de inovação e tecnologia que está sendo criada na cidade.
“Esse incentivo tem que começar nas escolas e ir de encontro com o que Jaraguá quer”, garante.
Novos kits foram comprados para o ano que vem, quando a iniciativa deve ser incluída em mais cinco escolas municipais e atender entre 350 e 400 crianças. O objetivo, até o fim da gestão, é atender toda a rede municipal – as 31 escolas e em torno de 15 mil alunos. Neste ano, a secretaria destinou cerca de R$ 250 mil para a robótica.
Segundo Jung, além de resultados positivos em competições, os alunos estão desenvolvendo a participação em grupo e melhorando o desempenho em outras disciplinas, já que estão mais empenhados na busca pelo conhecimento.
“Os pais também percebem essa transformação nos filhos. Eles estão melhores no convívio em grupo, na resolução de problemas e na comunicação. Esse é o maior ganho do projeto”, analisa o responsável pela Educação.
As aulas acontecem no contraturno, com o apoio dos professores e equipe pedagógica de cada escola. Conforme Jung, os estudantes que participam do projeto também vão receber acompanhamento psicológico para trabalhar questões como expectativas e resultados negativos.
Interesse pela robótica é cada vez maior
Com idades entre 12 e 15 anos, as inspirações dos estudantes para participar do projeto de robótica são variadas. João Henrique da Silva, 13 anos, por exemplo, voltou os olhos e o interesse para essa áreas dentro de casa, por influência do pai mecânico.
“Fui tentando descobrir mais coisas sobre o assunto e quando entrei na equipe, fiquei interessado em saber como montar os robôs”, conta Silva.
Estudante da escola Jonas Alves de Souza, ele era integrante da equipe que conquistou o prêmio de melhor escola pública na olimpíada. Para ele, a experiência na competição foi ótima e o ajudou a lidar com a cooperação, conversas e divisão de tarefas.
Já Dan Felipe Duarte, com 13 anos, estava na equipe da escola Loteamento Amizade, que desenvolveu o robo mais robusto, o Robolotam.
Ele passou a gostar do projeto depois de assistir um vídeo na escola com robôs passeando em percursos. A parte preferida de Fan Felipe também é montar as peças de Lego.
“A robótica me ajudou em outras matérias, principalmente na matemática porque estamos estudando a parte dos ângulos”, explica o aluno.
Pelo segundo ano consecutivo no projeto, Emanuelle Arent Moreira, 12 anos, integrou a equipe que construiu o robô United, vencedor do prêmio de melhor design. O que ela mais gosta de fazer nas aulas de robótica é mexer com as peças e fazer a programação dos robôs.
Como a matéria preferida de Emanuelle é matemática, ela não teve muitos problemas com os cálculos, mas garante que o projeto mudou a visão dela sobre a área de robótica. “Não sabia que um robô conseguia fazer tantas coisas”, declara.
Outra questão que o projeto ajudou a aluna foi a ler, escrever e se comunicar, principalmente pelas apresentações que eles precisam fazer nas competições.
Concentrados no próximo desafio
Para o coordenador do projeto de robótica na rede municipal, Rafael Weber Martins, uma das grandes vantagens das peças Lego é questão lúdica, que chama a atenção e facilita o envolvimento dos estudantes.
Martins cita que na Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), os robôs precisavam resgatar vítimas de desastres naturais. Geralmente, a organização da disputa envia um manual com as orientações para montar as peças, mas a programação e possíveis soluções são estudadas pelos adolescentes.
Dos 18 alunos que estavam na OBR, dez serão selecionados para representar a cidade em uma das competições mais importantes de robótica escolar no mundo, a First Lego League, que acontece em Rio do Sul no dia 18 de outubro.
Nesta semana, os alunos já começaram a discutir sobre a montagem dos robôs e tema da competição, que este ano é voltada para as dificuldades físicas, mentais e sociais que os astronautas enfrentam no espaço.
Em cima do tema, eles precisam propor uma solução para determinado problema e fazer a validação do trabalho que foi desenvolvido. Entre os assuntos que podem ser abordados, estão a alimentação e saúde física dos astronautas.
A equipe também terá que resolver 15 situações que um astronauta pode encontrar no espaço, desde alinhamento de satélites até resgate de homens que se perderam durante missões.
O coordenador do projeto robótica completa que a intenção, nos próximos anos, é substituir as peças de Lego por estruturas próprias e em 3D.
Neste ano, a rede municipal ainda vai promover um torneio de robótica, envolvendo, inclusive, outras cidades.
—
Quer receber as notícias no WhatsApp?
- Região de Jaraguá do Sul – Clique aqui
- Região de Joinville – Clique aqui
- Região de Florianópolis – Clique aqui