No fim de uma pequena rua sem saída, está localizada a escola municipal Loteamento Amizade. Entre outras estruturas grandiosas e com alto número de alunos em Jaraguá do Sul, esta instituição se destaca por ser detentora do maior Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) da microrregião nos anos iniciais do ensino fundamental público.
Baseados em um tripé que junta equipe pedagógica, alunos e família, a escola conquistou a média de 8.1 nos anos iniciais e 6.3 nos anos finais do fundamental. Dentro de uma rede municipal alinhada com os mesmos métodos de ensino, surge a dúvida sobre qual é o diferencial da instituição para ter se sobressaído em relação às outras.
O questionamento foi o mesmo para a equipe da Loteamento Amizade, considerando que o conteúdo regular é padrão entre as escolas e muitos professores que trabalham ali, também lecionam em outras unidades da rede municipal. Aos poucos, as repostas ficaram mais claras para a direção.
A escola, com 27 anos de fundação, tem 226 alunos, que se dividem em turmas com uma média de 25 estudantes cada. Turmas dos primeiros anos chegam a ter apenas 18 crianças.
“Escola pequena, problemas em menores quantidades também. O número reduzido faz a diferença no trabalho do professor, que tem disponibilidade para atender separadamente”, aponta a diretora Edilaini Tatiane Leitholdt Vieira.
A participação ativa e o nível socioeconômico da família é outro fator que influencia no desempenho dos estudantes, segundo a diretora. Ela conta que quando é detectado algum problema no desenvolvimento do estudante, os professores e equipe da Secretaria de Educação entram em ação para identificar qual é a causa.
“Dependendo da situação, já conseguimos resolver. Trazer os pais para esse compromisso ajuda muito. É comprometimento”, avalia Edilaini.
Na opinião da diretora, a educação não se faz sozinha, precisa do pai e aluno em parceria com a escola. Edilaini também salienta a preocupação com o próximo Ideb para aumentar a alta média conquistada neste ano.
Esse ano foi a primeira vez que a unidade participou das provas que medem o índice. Nos outros anos, o número de crianças matriculadas era insuficiente.
Professora de português incentiva debate entre alunos
A professora de português do sexto e oitavo ano do ensino fundamental na escola Loteamento Amizade, Jace Mari Costa, explica que tenta buscar temas que interessem os alunos, como a intolerância. “Quando abordamos temas atuais, que estão sendo discutidos, eles se sentem mais motivados e querem falar sobre”, enfatiza Jace.
Ela relata que busca não trabalhar apenas o que está no livro didático e gosta dessa interação entre os alunos porque eles trazem novas visões sobre os assuntos. Para Juce, esse comportamento é reflexo de uma geração mais interativa, engajada e participativa.
“Eu digo que são eles os responsáveis por fazer diferente. Todos ficam inconformados com a injustiça e gostam de estudar sobre cidadania, além de serem muito cooperativos entre si”, avalia a professora de português.
No geral, segundo Juce, os alunos não têm muitos problemas com notas e número de faltas. Em casos de alterações muito perceptíveis nas notas ou no comportamento, existe uma investigação para descobrir o motivo que está causando isso nos alunos.
“Não adianta ter uma família estruturada e uma escola não, e vice-versa. Por isso promovemos essa conversa e parceria com eles, sempre buscando alternativas”, aponta.
Sobre o baixo número de alunos nas salas de aula, Jace acredita que quanto mais estudantes, mais difícil fica conseguir atender a todos e maior o desgaste do professor. “Em turmas muito cheias, tem trabalhos que não adianta você propor porque não vai render”, cita a professora.
Autoestima também é trabalhada
“Sou uma professora não muito convencional, não tenho apenas um método. Eu observo o desenvolvimento da criança e gosto de trabalhar com histórias, poesias, frases, diferentes níveis de leitura”, declara a professora dos anos iniciais Doraci Floriani Stringari.
É desta forma que ela identifica como cada aluno tem mais facilidade para aprender e analisa qual é a metodologia adequada para os diferentes tipos.
Neste processo de perceber quais são os pontos positivos e onde o aluno está com dificuldade, entra o trabalho de criar uma relação de autoestima e instigar a autoestima das crianças.
“Eles precisam se sentir amados e ter confiança, porque quando não conseguem algo, ficam frustrados e muitas vezes não contam para nós o que está acontecendo. Com esse medo, os alunos ficam inseguros e agressivos também”, avalia Doraci.
Os professores da escola Loteamento Amizade também desenvolvem projetos criativos com os estudantes. Um exemplo é o trabalho de formas geométricas que Doraci está aplicando nas turmas do ensino fundamental.
O projeto aborda ludicamente as formas matemáticas. “Os alunos estão associando elas às figuras animadas dos desenhos, como o Bob Esponja. Na vivência deles com a televisão, conseguem observar e aprender. A dinâmica é diferente e assim, estimulamos a construção do pensamento”, pontua a professora.
Alunos avaliam as condições da escola
A estrutura da escola Loteamento Amizade é elogiada pelos alunos, que concordam que o fato da unidade ser menor influencia fortemente no aprendizado. Milena Kviatkosky, matriculada no oitavo ano, conta que em relação às outras instituições que estudou, esta é mais calma. “Dá pra aprender mais assim, a qualidade do ensino é maior”, afirma.
Já os alunos do nono ano, Alisson Felipe Hermann e Isabela Picolotto Correia, estudam desde as primeiras séries na Loteamento Amizade. Conforme Hermann, o número menor de estudantes nas salas permite que os professores deem mais atenção para eles.
Isabela avalia que ao longo dos anos, a escola como um todo foi melhorando, incluindo a questão estrutural. Há cerca de cinco anos, o local foi ampliado.
Nicole Farias, do oitavo ano, também já estudou em outras unidades e avalia positivamente o ensino da Loteamento Amizade. Ela está participando do projeto de robótica da rede municipal e comenta que nunca imaginou ter contato com programação e robôs nesta fase. “É bem diversificado e ajuda a gente em outras disciplinas, como matemática”, completa.
De acordo com estudantes, os pais são participativos no desenvolvimento escolar e cobram o desempenho. “Isso nos estimula a querer aprender mais e ter boas notas”, frisa Isabela.
Alguns alunos da escola se classificaram para mais uma competição de robótica pela Secretaria de Educação. Segundo a diretora Edilaini, esse acesso a eventos importantes, que discutem e promovem o aprendizado, torna os alunos mais criativos e acaba proporcionando mais habilidade na hora de apresentações, por exemplo. “Eles estão dando um show de liderança e conhecimento”, finaliza a diretora.
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