A presença do chuveiro elétrico nos lares brasileiros é tão cotidiana que muitos não fazem ideia da ousadia por trás da sua invenção. Unir eletricidade, água e pessoas descalças em um mesmo ambiente não parece muito seguro, mas apesar do risco aparente, esse aparelho revolucionou o banho no Brasil e se tornou um símbolo de praticidade.
Embora dispositivos semelhantes já existissem na antiguidade, foi apenas na década de 1930 que o chuveiro elétrico, como conhecemos hoje, ganhou forma pelas mãos do brasileiro Francisco Canhos, um jovem inventor curioso natural de Jaú, interior de São Paulo. Segundo relatos da família, Canhos criou o equipamento motivado pela necessidade de proporcionar banhos quentes ao pai, que sofria de reumatismo e não podia se expor à água fria.
Com isso em mente Canhos desmontou um ferro elétrico para entender como o calor era gerado. Ele descobriu a resistência e a partir dela, desenvolveu um sistema parecido: inseriu o componente dentro de um cano, conectou à corrente elétrica e, depois de muitos testes, chegou ao modelo funcional do chuveiro elétrico.
O primeiro protótipo não era automático e exigia que o usuário acionasse um seletor após o início do fluxo de água. O grande avanço veio com a automação do sistema, patenteada por Canhos. A inovação rapidamente se popularizou em Jaú e, posteriormente, em todo o Brasil, com a produção em larga escala pela fábrica F. Canhos, localizada no bairro Jardim Santo Antônio, onde hoje é uma avenida que homenageia o inventor.
Em uma publicação nas redes sociais, um internauta relembra quando trabalhou junto com o inventor. ” Meu primeiro emprego com carteira assinada pela lei da CLT foi na empresa do saudoso Sr. Francisco Canhos na cidade de Jaú, nos meados dos anos de 1965″, declara. Já outros usuários comentam do orgulho que sentem da cidade e do inventor brasileiro. “Que orgulho ter jauense conhecido no mundo inteiro”, “banho quente é tudo de bom”, relatam.

Foto: Reprodução/Redes sociais
Chuveiro elétrico se expande no Brasil
A popularidade do chuveiro elétrico no Brasil é dada por fatores culturais, climáticos e econômicos. O clima tropical e o hábito nacional de tomar mais banhos favorecem o uso do aparelho, mais barato e eficiente do que os aquecedores centrais comuns na Europa e nos Estados Unidos. O chuveiro elétrico aquece apenas a água necessária para o banho, se tornando uma solução acessível e sustentável para a maioria da população.
O funcionamento do aparelho se baseia no Efeito Joule. A corrente elétrica atravessa uma resistência metálica, que aquece e transfere calor à água. Apesar de a resistência ficar exposta à água, um modelo proibido em países europeus, onde a legislação exige isolamento total do elemento aquecedor. O uso é seguro no Brasil desde que a instalação siga normas técnicas, incluindo o aterramento obrigatório.
Especialistas alertam para cuidados essenciais, como instalação e manutenção por profissionais qualificados, uso correto do fio terra e respeito às condições hidráulicas recomendadas. Também é importante evitar o uso do chuveiro durante tempestades, devido ao risco de descargas elétricas.
Assim, o chuveiro elétrico, fruto da engenhosidade de Francisco Canhos, permanece como um dos maiores exemplos de inovação brasileira aplicada ao cotidiano, garantindo conforto e praticidade para milhões de pessoas.
Confira algumas dicas
- Evite mudar a temperatura da água enquanto o chuveiro estiver ligado;
- Verifique a fiação: fios derretidos, choques e cheiro de queimado indicam problemas que precisam ser corrigidos;
- Contrate um profissional para instalar o aparelho.
*Com informações do Portal G1