Donini aceita missão para impulsionar São Joaquim

Por: OCP News Jaraguá do Sul

12/01/2016 - 12:01 - Atualizada em: 14/01/2016 - 13:21

 

Reconhecido pelo trabalho na indústria do vestuário, o empresário jaraguaense Vicente Donini encampa projeto ousado para dobrar em um prazo de três anos o PIB (Produto Interno Bruto) de São Joaquim. A ferramenta para desenvolver a região será o turismo. Em 2013, o índice no município resultou em R$ 476,69 milhões, segundo o IBGE.

O empresário foi escolhido pelo governador Raimundo Colombo para coordenar essa iniciativa pela sua história ligada ao empreendedorismo e por ter investido em uma fazenda para a produção de vinhos de altitude na Serra Catarinense. As baixas temperaturas, vinícolas e plantações de maçã devem ser os pontos-chave para desenvolver a cidade como polo turístico.

Com a reabilitação da SC-114, que interliga São Joaquim à divisa com o Rio Grande do Sul, uma das intenções é promover o destino ao lado de Gramado. Em entrevista ao OCP, Donini explica como o projeto está sendo desenvolvido e fala sobre os planos para a Vivalti, a marca de vinhos que está produzindo em fase experimental e que deve chegar ao mercado em 2018.

OCP: Como será esse projeto para impulsionar São Joaquim turisticamente?

Vicente Donini: Na realidade o governador [Raimundo Colombo] me instigou para que eu buscasse ajudar a comunidade local em um projeto que visasse o desenvolvimento econômico e social. O governo está fazendo investimentos em rodovias e revitalizações na região, mas é preciso que a comunidade faça parte disso. Elaboramos um esboço de um projeto porque no fundo o que mais poderá ajudar São Joaquim é o turismo. Quando se fala em frio, o primeiro nome que vem na mente em todo país é São Joaquim. E no entorno tem cidades que têm potencial para integrar uma rota interessante. Fiz o esboço desse projeto que teve apreciação das lideranças locais no ano passado. Uma ideia para que a comunidade absorvesse e adaptasse de acordo com seus princípios e valores, que não fosse de fora para dentro.

Como está a organização para essa promoção?

Temos 137 pessoas divididas em 18 grupos de trabalho, cuidando dos vários aspectos relacionados ao turismo de destino. A ideia não é que as pessoas passem por São Joaquim, mas que tenham a cidade como destino. Fiquem dois, três dias, uma semana. E para reter essas pessoas precisamos de atrativos. São Joaquim é o principal produtor de maçã. Então é possível fazer da maçã um atrativo. Tem outro grupo com eventos e temos a proposta de fazer duas festas, da floração e da colheita da fruta, por exemplo. E quando a gente fala sobre o vinho, ele só faz sentido se as pessoas forem para visitar vinícolas, fazer harmonização com comidas típicas da região, conhecer vinhedos, participar da degustação. É preciso ter nas vinícolas um atrativo. Tem grupo de hotelaria, de urbanização, de mobilidade urbana, comunicação visual, para atração de investimento. Parte do grupo está se colocando no funcionamento do aeroporto local que começou há dez anos e tem pouca coisa. É um conjunto de ações que tem ponto focal elevar em três anos o PIB do município para o dobro com um conjunto de iniciativas. Temos ideia de ter de oito a 10 eventos por ano relacionados com vinhedos, vinhos e a maçã e já tem algumas atrações que precisam ser incluídas em um calendário nacional e serem oficializadas. Tem um programa que é a cavalgada nos campos de altitude, mais de três mil cavaleiros vêm para São Joaquim. É um evento extremamente importante que pode e merece ser colocado no calendário nacional.

A questão climática também é um ponto a ser explorado?

Outro investimento que está sendo feito é a criação do Caminho da Neve. Se olharmos, São Joaquim está a 150 quilômetros em linha com Gramado. Esse caminho vai da Serra Catarinense até a fronteira com Rio Grande o Sul, a rodovia para essa ligação está quase pronta e há trabalho para incluir a continuação dessa obra como prioridade para o Rio Grande. Assim teremos uma ligação direta entre as duas cidades. São Joaquim tem características interessantes, é uma pedra preciosa bruta e precisa ser lapidada. O obtivo do projeto é fazer essa lapidação, para explorar todo o potencial.

Quais os principais desafios para alcançar esses resultados?

O maior desafio é que, para o projeto chegar a um bom termo, é preciso uma mudança cultural. Porque na medida em que a população local se compromete de fato com esse projeto, ele se torna irreversível. As pessoas de modo geral são um pouco incrédulas. As iniciativas são muitas, mas nem sempre chegam a um bom resultado. Os grandes feitos nada mais são do que a somatória de pequenos acertos. O que precisamos fazer é exatamente desenvolver pequenas coisas que em conjunto resultem em algo grandioso. O desafio é a crença e a resistência.

Por que o senhor foi escolhido para essa tarefa e por que decidiu encampar o projeto?

Eu participei ativamente de um projeto chamado Jaraguá 2010 por volta dos anos 80, um projeto que tinha como propósito repensar Jaraguá do Sul pelos próximos 30 anos. Inspirado nesse projeto que em boa parte foi implementado e dada essa experiência, alguém lembrou do meu nome, já que tenho um investimento em São Joaquim, e fui convidado a ajudar a desenvolver esse projeto. Temos esse investimento embrionário, o sucesso dele depende também do sucesso da cidade. Se me perguntar por que eu, de Jaraguá do Sul, estou interessado em ajudar São Joaquim, eu digo que tudo que a gente faz tem uma razão. Minha razão é meu investimento lá e o desejo de ver a cidade que nos acolhe tão bem se desenvolver.

Por que a decisão de investir na produção de vinhos de altitude?

Já tivemos a facilidade de fazer a sucessão da Marisol, que hoje está em cuidados do Giuliano, os outros negócios estão bem encaminhados. Essa foi a forma que encontrei para me manter em plena atividade. Então isso é algo que incluí como um plano de vida.

Como estão os investimentos e projetos na vinícola?

Hoje temos uma fazenda com 52 hectares, tem seis hectares de vinhedo e vamos dar sequência à ocupação dessa área, onde no futuro iremos construir a vinícola com uma pousada. E no futuro, quem sabe, idealizar no próprio vinhedo uma vila de amantes do vinho que queiram ter casas naquela espaço. Como uma casa de campo e ao mesmo tempo cada um terá a possibilidade para produzir o próprio vinho. Já temos nossa marca, que se chama Vivalti, nome inspirado em vinhos de altitude. Por ora nossos vinhedos são muitos jovens, a produção é insipiente e está em fase experimental. Vai estar no mercado por volta de 2018. Durante esse ano vamos nos ocupar com projetos arquitetônicos, esperamos que as construções aconteçam ao longo de 2017 e 2018.

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Publicação da Rede OCP de Comunicação