A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu em 1972 a data de 05 de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente. Obviamente, o propósito foi de conscientização e alerta sobre os impactos nocivos da ação do homem sobre o meio ambiente. Referida data me soa como prova irrefutável da visão utilitarista da maioria dos terráqueos para com o meio ambiente. Significa dizer que, equivocadamente, ainda aceitamos o conceito e a condição de que o homem é o centro de tudo, e de que o meio ambiente deve lhe servir e satisfazer todas suas necessidades. Lamentavelmente, ainda sustentamos a ideia de que a preservação do meio ambiente situa-se na contra mão do processo de produção, consumo e desenvolvimento. Infelizmente, ainda não nos damos conta de que nos diferenciamos dos outros seres vivos e elementos naturais, apenas em características particulares, mas nunca em importância que justifique interferir na simbiose e ordem natural do ecossistema. Ingenuamente, ainda relacionamos meio ambiente com clima, desmatamento, poluição, efeito estufa. Não o associamos com, fome, miséria, marginalidade, preconceito e guerras.
Tragicamente, ainda somos minoria que recicla, de forma correta, o próprio lixo. Portanto, não consigo vislumbrar conservação do meio ambiente sem que haja, a priori, profunda compreensão e absorção do conceito de “sustentabilidade”. E essa dimensão de conceito envolve, essencialmente, atitude e comportamento por parte da espécie dita “sapiens-sapiens”, responsável maior pela ruptura homem/natureza. Apropriando-se do clássico escritor Victor Hugo, oportuno dizer que, “primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e os animais”. Se não promovermos uma reconexão, essa dicotomia nos levará, em tese, à possível extinção. Nessa perspectiva, não vejo outro caminho capaz de viabilizar essa reconexão, senão por meio de uma “conduta ético sustentável”. Isso pressupõe uma consciência crítica e questionadora sobre todas as nossas ações. O que estou fazendo agora, é ecologicamente correto? O que estou executando, produzindo ou adquirindo, é economicamente viável e suficiente? Minha conduta atual é socialmente coerente e justa? Os resultados de minhas ações são culturalmente aceitos? Deduzo que, se respondermos de forma crítica, constante e definitiva a essas indagações, fatalmente esqueceremos o 5 de junho e estaremos incorporando e construindo um novo padrão de “ethos” (morada humana, em grego) capaz de acolher em harmonia todos os seres vivos e elementos da dimensão ambiental, assegurando-nos a sensação digna de “nos sentirmos em casa”.