Ele salta, é fofo, entrega ovos de chocolate e é a figura mais esperada pelas crianças na manhã de Páscoa. Mas, como um coelho, animal que nem sequer bota ovos, se transformou no grande símbolo dessa data? A resposta envolve mitologia antiga, tradições europeias, adaptações religiosas e um toque generoso de criatividade popular, vem descobrir!
Muito antes de aparecer em comerciais ou nas vitrines das lojas, o coelho já era visto como símbolo poderoso. Povos antigos, como os germânicos e celtas, associavam o animal à fertilidade, renovação e ciclo da vida. Afinal, quem já viu um coelhinho sabe: eles se “multiplicam” com uma velocidade impressionante. Na natureza, isso era sinal de abundância e recomeço, uma mensagem perfeita para a primavera, estação do florescimento e da vida nova.
Uma das lendas mais antigas ligadas ao coelho envolve a deusa Eostre, divindade anglo-saxônica da fertilidade e do amanhecer. Conta-se que ela teria transformado um pássaro ferido em coelho, mas o animal manteve a capacidade de botar ovos, que ele passou a decorar e oferecer em sua homenagem. É daí que surgiria, séculos depois, o conceito do coelho que traz ovos coloridos.
Com o avanço do cristianismo pela Europa, muitas festas pagãs foram adaptadas aos novos calendários religiosos. A celebração da primavera acabou se fundindo com a ressurreição de Cristo, formando a base do que conhecemos hoje como Páscoa.

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De olhos vermelhos, de pelos branquinhos…
A ideia do coelhinho da Páscoa como o entregador de ovos surgiu na Alemanha, no século 17. Segundo a tradição oral, havia um “Osterhase” (coelho da Páscoa) que escondia ovos coloridos para as crianças encontrarem. Quando os imigrantes alemães chegaram aos Estados Unidos, levaram o costume com eles. E como a cultura americana tem o dom de transformar tradição em entretenimento, não demorou para o coelhinho virar um sucesso no comércio.

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Logo vieram os ovos de açúcar, os de chocolate, as cestas, as caças aos ovos e tudo mais que conhecemos hoje. Inclusive, uma boa ideia para divertir as crianças é usar tinta branca lavável ou farinha de trigo para criar as clássicas pegadinhas do coelhinho pela casa.
Basta recortar um molde de patinha ou usar os próprios dedos para carimbar no chão e guiar as crianças até os ovos escondidos. A brincadeira simples vira um espetáculo de encantamento, e garante memórias doces que vão muito além do chocolate.
Hoje, o coelhinho da Páscoa não é só um personagem do folclore moderno, mas uma ponte entre o histórico e o comercial. Ele representa séculos de mudanças culturais e de criatividade popular, e segue se reinventando a cada ano, seja em forma de pelúcia, fantasia ou chocolate trufado.