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De coelhinhos saltitantes a ovos de chocolate: os símbolos que adoçam a Páscoa

Foto: Vergani_Fotografia/istockphoto

Por: Milena Natali

20/04/2025 - 07:04

Ele salta, é simpático, encanta crianças e é o personagem mais esperado da manhã de Páscoa. Mas, convenhamos: o coelhinho, fofo do jeito que é, não bota ovos. Ainda assim, tornou-se o símbolo oficial dessa celebração, trazendo ovos de chocolate, pegadas misteriosas pela casa e muita alegria. Já parou para pensar como essa história começou? Afinal, o que coelho tem a ver com ovo? E como o chocolate entrou na brincadeira? A resposta mistura mitologia, religião, comércio e uma boa dose de afeto.

Muito antes de estampar embalagens coloridas ou estrelar comerciais açucarados, o coelho já era reverenciado por antigos povos germânicos, celtas e egípcios. Sua incrível capacidade de reprodução o transformou em símbolo de fertilidade e renovação, especialmente associado à primavera, a estação que marca o florescimento e o renascimento da natureza.

Entre as lendas mais antigas, uma das favoritas envolve a deusa anglo-saxônica Eostre, ligada à fertilidade e ao amanhecer. Diz a história que Eostre encontrou um pássaro ferido e, para salvá-lo, transformou-o em um coelho. O curioso é que o coelho manteve a habilidade de botar ovos, que passou a decorar e oferecer como presente à deusa. Um enredo que parece ter inspirado o imaginário do coelhinho que conhecemos hoje.

Foto: Sabine Kroschel/Pixabay

Com o avanço do cristianismo pela Europa, muitas tradições pagãs foram adaptadas às novas crenças. As festividades da primavera, cheias de símbolos de vida nova, fundiram-se à celebração da ressurreição de Cristo. E o ovo, já visto como emblema de nascimento e esperança, ganhou nova interpretação: passou a representar o túmulo vazio de Jesus e a promessa de uma nova vida.

Inicialmente, eram ovos de galinha cozidos e pintados à mão que circulavam entre amigos e familiares como presentes de Páscoa. Coloridos e artesanais, eles carregavam significado e afeto, ainda sem nenhum sinal de chocolate.

Quando a tradição virou festa

O coelhinho da Páscoa, como conhecemos, surgiu na Alemanha no século 17. O famoso “Osterhase” era descrito como um coelho que escondia ovos coloridos nos jardins, para que as crianças pudessem encontrá-los na manhã de Páscoa. A tradição atravessou o Atlântico com os imigrantes alemães e, nos Estados Unidos, encontrou terreno fértil para crescer e ganhar contornos ainda mais festivos.

Basta ver as tradicionais caças aos ovos, as cestas decoradas e a infinidade de coelhinhos de pelúcia que aparecem nessa época do ano para entender o sucesso dessa história.

A grande virada (e talvez a mais deliciosa) aconteceu no século 18, quando confeiteiros franceses e alemães resolveram inovar, trocaram os ovos verdadeiros por ovos de chocolate. O resultado? Um sucesso arrebatador, que rapidamente conquistou paladares na Europa e no mundo inteiro.

Hoje, a variedade de ovos é tão grande quanto a imaginação dos doceiros: ovo de colher, recheado, meio amargo, branco, vegano, com brinquedo, com marshmallow, com brownie, tem para todos os gostos, bolsos e restrições alimentares. E não importa o formato, eles continuam carregando história, afeto e aquela alegria irresistível.

Foto: Brian Wegman/Unsplash

Uma “dose” de histórias

O coelho da Páscoa é mais do que um personagem comercial, ele é a ligação entre o folclore e a fé, entre tradições ancestrais e a celebração cristã, entre a infância e a imaginação. As pegadas espalhadas pela casa, as pistas para encontrar ovos escondidos e a expectativa da manhã de Páscoa criam memórias doces que atravessam gerações.

Aliás, uma dica simples para tornar a data ainda mais mágica: que tal espalhar pegadas de farinha de trigo pela casa para simular a visita do coelhinho? Um gesto fácil que transforma a brincadeira em algo ainda mais curioso.

Curiosidades que merecem um bombom

  • O maior ovo de chocolate já produzido foi feito na Itália, em 2011. Ele media 10 metros de altura e pesava 7,2 toneladas, uma verdadeira montanha de cacau.

  • A tradição de presentear com ovos é muito mais antiga que o chocolate. No Egito e na Pérsia, ovos eram símbolos de vida e esperança em boas colheitas.

  • Em algumas culturas europeias, os ovos eram enterrados na primavera como um pedido de prosperidade.

Seja de chocolate, de pelúcia ou apenas na imaginação, o coelhinho da Páscoa continua pulando de geração em geração, levando não só doces, mas também histórias de amor.

Foto: Gabe Pierce/Unsplash

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Milena Natali

Redatora de entretenimento e cotidiano.