Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Conheça a história da casa enxaimel mais antiga de Jaraguá do Sul

Foto: Fábio Junkes/OCP News | Casa fica localizada no bairro Rio Cerro II.

Por: Milena Natali

29/03/2025 - 07:03 - Atualizada em: 29/03/2025 - 14:19

Em uma votação realizada no dia 19 de março, o Comphaan (Comitê do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Natural do Município) aprovou, por unanimidade, o tombamento da Casa Selk. Localizada no bairro Rio Cerro II, próximo ao portal da cidade, essa edificação é considerada a primeira construção no estilo enxaimel de Jaraguá do Sul, erguida em 1885, completando 140 anos.

O tombamento da casa garante sua preservação como um patrimônio cultural inestimável. No entanto, o Comphaan também autorizou a remoção da casa do terreno original, com possibilidade de realocação para um novo local, ainda a ser definido pelo comitê. Agora, o proprietário do imóvel e o Ministério Público serão informados oficialmente sobre a decisão.

Foto: Fábio Junkes/OCP News | Casa Selk vista de cima

Segundo Antônio Marcos da Silva, diretor de Cultura do município e vice-presidente do Comphaan, a Casa Selk já era reconhecida como uma construção histórica e, apesar de ainda não ter sido oficialmente tombada, sua importância já era evidente. “Foi para a plenária do Comphaan, onde o conselho, analisando esses fatores, votou pelo tombamento da edificação, dando ao proprietário a possibilidade de restauro no próprio local ou transferência de localidade”, explicou Antônio.

Com o tombamento, todas as intervenções no imóvel passarão a ser monitoradas de perto pelo setor responsável, garantindo que qualquer modificação respeite as normas de preservação do patrimônio histórico. Agora, o proprietário da residência terá um prazo para definir e executar o projeto de restauro, que pode ser realizado no próprio local ou em outra localidade, desde que aprovada pelo Conselho.

 

O que torna essa casa tão especial?

De acordo com a página de pesquisa @preservajaragua, que atua no resgate da memória e valorização da região, este é um momento essencial para reforçar a importância do patrimônio histórico.

A casa foi objeto de estudos nos anos 1980, e, anos depois, esses estudos foram desarquivados, confirmando a datação da edificação. As pesquisas foram realizadas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) no Projeto “Roteiros Nacionais da Imigração”, que mapeou os bens históricos do Rio da Luz e Rio Cerro.

Muitos se questionam como sabem a data exata em que foi construída, para o Preserva Jaraguá, nem todas as casas da época possuem registros datados em vigas ou portas, mas há provas materiais incontestáveis. “Relatos de vizinhos e dos próprios familiares são válidos, mas a questão é que, pelo nosso conhecimento, a atual localidade do Rio Cerro II nesta data de 1885 ainda não tinha demarcações de lotes. Já na localidade vizinha do Rio da Luz, somente na última década do século XIX houve as primeiras ocupações de lotes pelos imigrantes alemães de Pomerode.”

 

Foto: Fábio Junkes/OCP News | Detalhes da casa construída em 1885

A residência é no estilo enxaimel, caracterizado por sua estrutura de madeira encaixada e preenchimentos de tijolos ou barro, em Jaraguá do Sul, a influência desse estilo se espalhou por diversas comunidades, especialmente na região do Vale do Itapocu, onde as condições naturais favoreciam a utilização da madeira como principal elemento estrutural.

“A casa é de grande porte em sentido horizontal, sem varanda e feita em duas etapas. Hoje encontra-se em estado de ruinificação, estamos ansiosos com seu restauro”, afirma a página.

Veja o interior da casa:

 

Crianças, meias e piso de assoalho, a combinação perfeita!

Em 140 anos, a casa já recebeu diversas famílias, incluindo crianças que se encantaram pelo piso de assoalho, quem nunca brincou de escorregar, né? Entre as muitas memórias guardadas no local, estão as dos irmãos Bruna Neumann, 31, e Mateus Samuel, 22, que passaram a infância explorando o espaço. “Esse lugar fez parte de quem somos, cada canto tem uma história, aquela casa era muito legal”, afirmaram.

Foto: Fábio Junkes/OCP News

Os dois moraram lá até seus 15 e 8 anos, mas ainda lembram com carinho do lugar que os recebeu, agora, acompanham os próximos passos junto com o restante de Jaraguá do Sul. Segundo Antônio, o acompanhamento das ações será intensificado para que o processo ocorra dentro do determinado pelo Comphaan.

Agora, fica a pergunta: qual será o próximo capítulo da Casa Selk? Seu destino ainda está em aberto, mas uma coisa é certa, seja no mesmo terreno ou em um novo endereço, o importante é que essa relíquia continue encantando futuras gerações. E quem sabe, daqui a alguns anos, novas crianças deslizem de meias pelo assoalho.

Foto: Fábio Junkes/OCP News

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Milena Natali

Redatora de entretenimento e cotidiano.