O consumo de drogas acarreta uma série de problemas de saúde, sociais, de segurança pública e desestrutura famílias ao redor do mundo. De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2017, lançado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, cerca de 250 milhões de pessoas usavam drogas em 2015. Dessas, aproximadamente 29,5 milhões de pessoas apresentaram transtornos relacionados ao consumo de entorpecentes, incluindo a dependência. Além de uma série de tratamentos, quem busca ajuda para parar de usar drogas pode contar com programas de auxílio. Entre eles, está o Narcóticos Anônimos (NA).
Desde 1953, o programa atua em diversas partes do mundo na recuperação dos adictos, que são homens e mulheres cuja vida é controlada pelas drogas, uma doença progressiva que termina sempre da mesma maneira: prisões, internações em instituições ou até mesmo a morte.
Um dos fundadores do primeiro grupo de Narcóticos Anônimos de Jaraguá do Sul há 11 anos, João H. destaca que o programa é uma irmandade ou sociedade sem fins lucrativos de pessoas para quem as drogas se tornaram um problema maior. “Somos adictos em recuperação, que nos reunimos regularmente para ajudarmos uns aos outros a nos mantermos limpos (sem usar drogas). Este é um programa de total abstinência de todas as drogas e há somente um requisito para ser membro: o desejo de parar de usar”, explica João, que está “limpo” há 12 anos e nove meses.
O programa, de acordo com ele, é um conjunto de princípios escritos de maneira simples, que podem ser seguidos na vida diária. Além disso, é independente de qualquer tratamento que a pessoa esteja fazendo. Para o membro do Grupo de NA Guerreiros da Luz, o mais importante é que esses princípios realmente funcionam. “Nós não somos filiados a nenhuma outra organização, não temos matrícula nem taxas, não há compromissos escritos, nem promessas a fazer a ninguém. Não estamos ligados a nenhum grupo político, religioso ou policial e, em nenhum momento, estamos sob vigilância”, ressalta, acrescentando que qualquer pessoa pode se juntar aos grupos, independentemente de idade, raça, identidade sexual, crença, religião ou ausência de religião. O programa é totalmente gratuito.
Marcos J., que há mais de cinco anos conhece o programa, diz que em Jaraguá do Sul existem três grupos com encontros semanais e um grupo em Guaramirim. As reuniões, que ocorrem de terça a sábado, em horários variados, são abertas e acontecem regularmente, independente de feriados. “É possível, por exemplo, que um familiar ou amigo do adicto possa participar e conhecer o programa. Todos os grupos estão alocados em igrejas, mas não há vínculos com essas instituições religiosas. Esses espaços apenas servem para facilitar o acesso de quem busca ajuda”, explica.
HISTÓRIAS QUE AJUDAM A VENCER O VÍCIO
Durante os encontros, há um coordenador que orienta o trabalho, é feita a leitura da literatura de NA e ocorrem partilhas de membros da irmandade, com troca de experiências. É o momento em que revelam como estão conseguindo se manter sem usar drogas de qualquer tipo, inclusive álcool. São princípios do programa a honestidade, a mente aberta, a boa vontade, humildade, aceitação, entre outros.
“Os membros vão à reunião após um dia difícil e encontram histórias de superação. A gente nunca sai mal de lá. Geralmente conseguimos o alívio que estávamos precisando para aquele dia. No NA a gente usa a empatia. Partilhamos a fé, força e esperança”, enfatiza João.
Atualmente, a média de pessoas que frequentam as reuniões é de 15 a 20 pessoas por encontro, assiduamente. Os grupos da microrregião são considerados estáveis. “Com a frequência regular às reuniões e a ajuda de um adicto ao outro, nosso programa tem se mostrado eficiente. O NA derivou do programa de Alcoólicos Anônimos, mas se tornou totalmente independente. Tem suas próprias publicações e comitês de serviços e é autossustentável”, pondera. Os serviços são prestados por membros, de forma voluntária, para doar aquilo que receberam quando chegaram ao programa.
Os membros destacam que as pessoas que buscam esse auxílio não serão julgadas: o propósito é levar uma mensagem de recuperação. “Para o Narcóticos Anônimos não interessa o que ou por quanto tempo a pessoa usou, quais eram os contatos dela ou o que fez no passado. O importante é o que o adicto quer fazer a respeito do seu problema e como podemos ajudar”, esclarece João. No caso dele, o que mais o atrai ao programa até hoje é a liberdade. “Não sou obrigado a ir, mas sei que é importante para a minha recuperação e para desfrutar de tudo o que conquistei em 12 anos”, conclui.
PEÇA AJUDA
• A linha de ajuda pode ser acessada através do telefone/Whatsapp (47) 99157-7916
• Informações pelo site www.na.org.br
GRUPOS NA REGIÃO
Jaraguá do Sul
• Guerreiros da Luz: Salão Paroquial da Igreja Matriz São Sebastião (Centro) — encontros às quartas-feiras, às 19h, e às sextas-feiras, às 20h
• Caminhando na Luz: Rua Anacleto Garcia, s/n (bairro Três Rios do Norte) — encontros às quintas-feiras, às 20h
• Juntos Podemos: Rua Manoel Francisco da Costa, 4420 (bairro João Pessoa), anexo à Comunidade São José — encontros às terças-feiras, às 20h
Guaramirim
• Nova Esperança — Rua 28 de Agosto, s/n (Centro), próximo ao Corpo de Bombeiros — encontros aos sábados, às 16h30