O costume de rolar a tela do celular, assistir a vídeos curtos, trocar de conteúdo em segundos até parece só mais um hábito moderno, mas esconde um fenômeno que vem transformando o comportamento de milhões de pessoas, inclusive o seu. No centro dessa mudança está o imediatismo, um traço reforçado diariamente por redes como TikTok e Instagram.
A lógica é simples, tudo precisa ser rápido, atrativo e, de preferência, recompensador. Vídeos curtos, com poucos segundos de duração, dominam a preferência do público e moldam a forma como o cérebro reage aos estímulos. E se por fora o consumo parece inofensivo, por dentro os efeitos podem ser profundos.
Durante a pandemia da Covid-19, o TikTok disparou em popularidade, tornando-se o aplicativo mais baixado do mundo. Hoje, já são mais de 70 milhões de usuários ativos no Brasil, segundo levantamento do DataReport. A proposta da plataforma, vídeos curtos e envolventes, acabou ditando uma nova regra para o consumo de conteúdo: é preciso conquistar atenção em segundos ou ser ignorado.
Estudo
Um estudo publicado na revista científica NeuroImage revelou que esse tipo de uso aciona o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina, o chamado “hormônio do prazer”, de forma rápida e intensa. Com o tempo, o cérebro se acostuma a essa descarga instantânea, passando a rejeitar atividades mais longas e exigentes, como assistir a uma aula inteira ou ler um livro.
Para a psicopedagoga Andreza Otto Soubhia, o problema vai além da falta de paciência. “O imediatismo é a vontade de que tudo aconteça agora. Quando isso não ocorre, vem a frustração, que pode desencadear ansiedade, tristeza e até comportamentos descontrolados”, explica.
Além dos impactos emocionais, o vício por conteúdos breves e dinâmicos pode gerar uma percepção distorcida da realidade. O desejo de viver como os influenciadores, sempre sorrindo e conquistando tudo com facilidade, alimenta expectativas irreais e fragiliza o bem-estar mental.
No mundo virtual, onde um clique leva ao próximo vídeo em segundos, a paciência tem sido cada vez mais rara. Em meio ao entretenimento constante, o desafio é manter o equilíbrio, e lembrar que, fora da tela, a vida segue em outro ritmo.
E agora, como dar um tempo das telas?
Adotar estratégias para equilibrar o tempo de uso se torna essencial, por isso, as notificações de uso de tela, disponíveis em celulares Android e iOS, funcionam como alertas que mostram quanto tempo você passou diante do aparelho ao longo do dia ou da semana. Esses relatórios ajudam a criar consciência sobre os próprios hábitos digitais e são um bom ponto de partida para quem deseja reduzir o tempo nas redes.
Além disso, estabelecer limites diários de uso, desativar notificações não essenciais e reservar momentos offline, como durante as refeições ou antes de dormir, são práticas simples que ajudam a retomar o controle. Com pequenas mudanças, é possível diminuir o ritmo acelerado do consumo digital e preservar a saúde mental.