Parece que nascemos insatisfeitos, ninguém quer ser apenas o que é… Sempre queremos mais. Será que a leitora, agora, neste momento, está satisfeita com ela, como ela é, com o que ela tem? Antes de entrar no assunto, preciso lembrar de uma obviedade. A obviedade é esta: a pior mentira é a que contamos a nós mesmos. Podemos enganar a todos por aí, mas não enganamos a nós mesmos. Digo isso para comentar sobre um título que acabei de ler no site UOL, claro que não perdi meu tempo lendo e relendo. O título que servia de isca dizia assim: – “Como parecer rico”. Isso mesmo, como sair por aí enganando os desavisados, passando-lhes a ideia de que somos ricos. Curioso isso, se eu não conhecesse o cara iria dizer que ele não era mais que um velho pobretão… Falo de Warren Buffet, americano e considerado um dos quatro mais ricos do mundo. Olhando para ele não se vê nada além de um senhor de idade… Ele tem 95 anos, mora na mesma casa quase desde que nasceu, dirige um carro que deve ser dos tempos de Henry Ford e anda por aí com os amigos, toca saxofone, bebe “caipirinhas”, um “pobretão” pelos visuais… É o que parece, mas o cara é podre de rico. Vamos lá, como é que um jovem pobre ou um “velho” pobre pode parecer rico? Sendo rico na cabeça, essa é a única e redentora riqueza humana. Iluminando a cabeça a pessoa será rica, vai provocar silenciosas invejas, vai calar os prepotentes do dinheiro, vai impor-se diante dos que não têm o que dizer e vai ser reconhecido pelos “ricos” de cabeça, pelos iguais. Do que adianta a leitora casar um sujeito muito rico, rico no dinheiro, mas um miserável de cabeça? Bah, muitos casamentos assim…Rico e fidalgo, cabeça ilustrada, bons modos e simplicidade, virtudes da verdadeira riqueza, onde encontrar tal pessoa? Ou você é ou você não é. Fazer “teatro”, sair de carrão por aí, endividar-se com viagens fajutas, “parecer”, enfim, e não ser é endividamento com a vida e perda do sono à noite. Podemos enganar os outros por algumas horas, jamais a nós mesmos por alguns minutos. Quero ficar rico, decidi. Vou à livraria… O banco de todas as ideias e riquezas.
RIQUEZA
Falei de riqueza? Assunto elástico… Muito pensam, estou entre esses, que riqueza é dispormos do que precisamos. E precisamos de muito pouco, precisamos daquele mínimo que só nas horas aflitas descobrimos. A velha história do “eu era feliz e não sabia”. Correr atrás do vento dos “mais e mais”, do ter para ser é refinada estultícia, perda de tempo e pobreza existencial. Tens o mínimo de que precisas? És feliz, mas é preciso ter consciência disso.
VIAGENS
Acabei de ler uma tolice, esta: – “Viajar é o melhor remédio para quem está cansado de si mesmo”. O conselho estava num portal de jornalismo. Baita besteira. Se você está arriado com sua vida, consigo mesmo, de nada vai adiantar sair por aí. Levamos junto conosco nosso “eu” aborrecido. O mais será uma porta empurrada com o pé. Ou saímos em paz ou melhor é ficar em casa.
FALTA DIZER
Nossas únicas perdas na vida que não têm reparação são as perdas humanas, o mais é tudo possível de substituição. Há perdas que descobrimos mais tarde foram na verdade ganhos… É pôr isso na cabeça e não chorar por leite derramado, leite que mais das vezes era leite com muita água…